A Saudade me fez voar…
Aproveitei a semana santa que emendou com o feriado de Tiradentes para visitar meus filhos e neto que estão no ES. Tão grande quanto a saudade era meu medo de voar. Mas, o que não se faz por um filho?!
Coloquei o medo em um bolso qualquer da bagagem e fui em frente. O primeiro embarque aconteceu na capital alencarina. Estava calma. Comentei com meus companheiros de viagem – minha sobrinha e o noivo dela, que estava ficando inquieta com esta ausência de medo. E se ele surgisse todo de uma vez? Bagagens despachadas, bilhetes apresentados – quase não encontro o meu, fomos em frente.
Sentada ao lado de desconhecidos tentei ler o semblante de cada um. Não vi medo. Hora de decolar. Disseram-me que era uma das piores. Foi tranquilo. Aproveitei para olhar a paisagem pela janela. Vi tigres. Leões. Jogadores. Um mar bravio. Ondas calmas. Ruínas da Civilização Inca. Um rio cortando o céu durante todo percurso. Ilhas. Nuvens vermelhas. O fantasminha. Gatos. Poodle de óculos. Até nuvens eu vi.
Entretida com o que via lá fora o medo, lá dentro, não de manifestou e o tempo, literalmente, voou. Preparar para aterrissar – é agora, pensei... este, segundo as informações, seria outro momento ruim. Nada aconteceu.
Entre uma conexão e outra eu ficava me perguntando onde estava o danado do medo. Não sei se o perdi em algum lugar, mas ele não se manifestou como eu esperava. Confesso que voar não é exatamente o que eu pensei – mas, como não sei dizer o que eu pensava, então fica o dito pelo não dito.
Voltarei a voar, provavelmente, e quem sabe, sem me preocupar com o que aconteceu com meu medo, eu aproveite um pouco mais a viagem, lá em cima. Eu até adormi.
Foto: Com meus filhos em Ilha de Guriri-São Mateus-ES.