Enquanto o vinil girar...
O vinil girando sem perder a cabeça na sonata, tocando uma melodia que se equivalia a dos anos 60. Ele vestido de terno com uma gravata vermelha, no tom do vestido que circundava as curvas do meu corpo, quase tão apertada como os sapatos que elevavam minha estatura, mas que permitiriam-me ficar ali eternamente, com os mesmos passos, com a mesma pessoa. Nossas faces tomavam a posição de comportamento artísticos, e minha perna cruzou a dele, fazendo as mãos mais firmes e um tanto delicada, segurar-me firme. Em passos discretos, quentes e em sintonia, criávamos nossa coreografia. Criávamos nosso momento, nossa história. Assim como a bebida preenche os espaços dentro de um copo qualquer, ele era capaz de preencher os espaços do coração, que mesmo atrás de uma lingerie apertada, que combinara com o vestido justo, pertencera a ele. Eternamente dele. E nossa vida seria levada como um baile de gala, e só acabaria quando a sonata levantasse a agulha, fazendo o vinil se calar.