O Barco e o Dente-de-leão
A cada dia, deparamos com inovações tecnológicas que se tornam novos paradigmas. Do abrir dos olhos até pousá-los “nos braços de Morfeu”, utilizamos computadores e equipamentos que facilitam e auxiliam nossas vidas. No entanto, o uso excessivo pode ser uma ameaça à harmonia nas relações humanas; um risco de nos tornar “náufragos em ilhas digitais”.
Somos lançados desde pequenos à dura missão de buscar diferenciais e posições na sociedade. Garantir o melhor lugar exige maior conhecimento – principal atributo para uma vida de sucesso, conquistas e realizações. O aprendizado é a turbina que revoluciona o desenvolvimento e é marcante em todos os campos de atuação – científico, biológico, social. O avanço tecnológico que vemos é extraordinário e tem possibilitando conforto e segurança em um “sem número” de aplicações.
É fato comum, infelizmente, que as pessoas se concentrem apenas nas próprias satisfações. Perdem o limite que separa nossa liberdade – individual e coletiva – ignorando a necessidade do próximo. A falta de compreensão nas relações interpessoais tem nos tornado seres quase desumanos, acompanhada pela carência de sentimentos tão evidente e que não é percebida. Parafraseando Platão, estamos vivendo “como marinheiros brigando uns com os outros por causa do leme, sem jamais ter aprendido a arte de navegar”.
Não estamos sós e não somos os únicos. Mas o individualismo que se vê pelos quatro cantos do mundo é crescente geração a geração. O egoísmo paira e se instala debaixo dos nossos olhos, e a ganância tem sido a “cegueira” que consome nossa visão. Ficamos caóticos no trânsito, impacientes nas filas e ausentes em nossa própria casa, como um navio que vagueia sem rumo por oceanos de “bits e bytes”. Vivemos conectados nas redes sociais, “pescando” um aparelho qualquer.
É hora de agir e recuperar a condição de verdadeiros seres humanos, pois o foco apenas na sólida formação não basta! É preciso realizar gestos simples e atos de bondade, como sorrir e respeitar o próximo e a natureza que nos cerca. Remar contra a maré deve significar a correção da rota para melhorar a sociedade. São estas ações que irão contagiar nosso ambiente e transformar o entorno num lugar melhor e mais feliz.
A tecnologia impulsiona o desenvolvimento, mas sem o calor que precisamos. A frieza das máquinas não deve congelar o mar de emoções de nossas vidas. Não podemos viver como meras engrenagens soltas num barco à deriva, reféns ou escravos das próprias ilusões. A verdadeira essência é aquela que percorre nossa alma e faz pulsar o coração, como o sol que rompe nuvens pra iluminar nosso caminho.
Assim como um dente-de-leão, que espalha suas sementes pelo sopro do vento, as boas atitudes disseminam a esperança de velejarmos num mundo melhor!