PROVÉRBIOS: SABEDORIA POPULAR
- Exposição do tema -


    Os provérbios são ditos populares. São frases e expressões moduladas pela vida prática, que surgiram e surgem por todo o mundo: de aborígenes a astronautas, de acadêmicos imortais ao mais simples roceiro sem escolaridade; essas expressões brotam tão espontâneas e significativamente, que transmitem e fixam balizas de conhecimentos comuns e de transmissão fácil e duradoura.
 
    Muitos dos provérbios acabam sendo um linguajar de família, que vem de geração em geração, meus pais sempre diziam: “Quem não pensa adiante atrás fica”; “Quem levanta cedo, acha dinheiro na rua”; “Deus ajuda quem cedo madruga”; “Quem for falar a verdade deixe um cavalo arreado”; "Barganha você perde outro ganha" e pelas raízes avoengas lá de Bagé-RS e Tatuí-SP onde nasci, (pousada de gaúchos): “Gaudério disse que gauderiasse, gastasse o teu e o meu guardasse”, "Mais magro que cusco (cachorro) teatino"; "Tá frio de fazer cusco perrengue"; "Mais enfeitado que prenda em casamento"; "Pisando mais duro que delegado novo em chineiro"; e para as filhas afastarem pretendentes indesejáveis: “Pra  “arrasta-asa”* café fervendo em canequinha de lata sem cabo”; ainda, “Mais quente que panela sem cabo”; desabafos contra oponentes: “Saiu com um quente e dois fervendo”, “Igual a funibreiro** só leva”; e por aí desfilavam diariamente um arsenal de provérbios, que só “floreavam” a prosa e conquistavam amigos.

(*fazendo a corte, à moda dos galos; **motorista de carro fúnebre)

   Prestam inestimáveis conhecimentos sobre a vida, a moral, o saber, o trabalho, a honestidade, a honra, enfim em todos os campos que abrangem a atividade humana e o uso da mente. As professoras conseguiam desenvolver nas crianças, facilidades na redação imaginativa e também a fatos reais.    “Devagar se vai ao longe” – Crianças escrevam uma história a respeito. Todos se lembravam do "Coelho e a Tartaruga", da "Dona Lesma e do Grilo" e um sem número de situações. Os pais ao dizerem: “Mais vale perder um minuto na vida do que a vida num minuto” quando pegávamos nossas bicicletas, e queríamos apostar corrida para sermos os primeiros a chegar em algum lugar. O próprio trânsito em si. A imaginação fluía a partir de uma única frase pronta.

   Pena estar-se extinguindo não só a citação dos provérbios, mas quase  todo o vocabulário. Os estudantes de hoje são limitadíssimos no se expressar e a dificuldade de construir frases é tremenda. Está havendo um visível regresso. Há bolsões de jovens e adultos - pessoas em geral - que pouco vão além do que aprenderam no ensino básico, no tocante à comunicação. Outros nem isso. Quase se limitam à mímica e algumas palavras: “Valeu”, “só” "cê vai mano?", “ligado?” “belê” "baladão meu" e não estamos falando de gírias ainda, esses grunhidos são linguajar corrente.
   
   Não há mais motivação aos professores (antes mestres, com orgulho), menos ainda dos alunos. Inverteram os papéis, hoje sofre o moderno “bullying” quem “ousa” se destacar ou estudar.
   
   Um recente ex-presidente da República, quando na ativa, em entrevista ao vivo pela televisão, estampada após em jornais e revistas, ao ganhar um livro – mimos trocados entre autoridades de Estado – declarou: “Não sou muito dado a leituras, mas agradeço...etc.”. Tal declaração ao vivo não é de forma nenhuma incentivadora à faixa estudantil, ou mesmo à população tão carente de mais cultura. Afinal, partiu de um Presidente da República. “Se ele lá está como Presidente, sem leitura, eu também não preciso disso”. - Vão pensar!

   Voltando aos provérbios, muitos deles foram criados na antiguidade, vem de antes de Cristo, antes de Moisés, nos tempos de José do Egito, antes além. Acreditamos que os provérbios surgiram com a fala humana, quando nem ainda sabiam que já estavam usando o cérebro, produziam curtos ditames que iam se repetindo como norma tribal, regra de comportamento. Como os provérbios podem ser uma verdadeira “Arca de Noé” os indígenas usavam fábulas, parábolas, similitudes entre os seres animados para ilustrarem aos mais jovens e seus liderados onde estava o perigo, a caça, as adversidades ou as bonanças.
  
    Alguns indígenas dos EUA foram pródigos em construções proverbiais usando desses meios onomatopaicos. O cacique Seattle em 1855, da tribo Suquamish do Estado de Washington, entrou no rol dos sábios ao enviar uma carta ao presidente daquele país (Francis Pierce) há mais de 150 anos, comovente e rica em metáforas proverbiais e incrivelmente atual.
   
   Há provérbios coletados entre nossos indígenas – do Brasil – de aborígenes australianos, tidos como um povo primitivo. Entre povos ágrafos, coletados por missionários na África.  Por exemplo, em um ou dois sons vocais, um componente de uma tribo (traduzindo) diz: “Ninguém testa a profundidade de um rio, com os dois pés”. Modelos de sintetização vocal encontramos também nas línguas de nossos indígenas, principalmente no Tupi-guarani.
   Minha cidade: Moji Guaçu – Mo (mó) cobra; ji (o “i” segundo a gramática do Padre Anchieta é um “j” modificado, veja-se no eslavo – Nadja (Nádia) Sonja (Sonia) etc; , o “i”= água, Guaçu= Grande (Grande Rio das Cobras) a vizinha Moji Mirim = Pequeno rio das cobras (Mirim = pequeno). O rio Moji Guaçu é um grande rio, e o rio Moji Mirim é pouco mais que um riacho, digamos, apenas um ribeirão. (Anchieta deixou assentado o “j” por razões guturais do Tupi, que não emitia um “i” aberto mas fechado vindo da garganta, como algo existente entre o Mó e o “i”, portanto “ji”)

   Indo para o Antigo Testamento, a língua hebraica favorecia ser comum a literatura construída sobre alicerces proverbiais. Era um estilo idiomático, que ao estudarmos o Livro de Provérbios de Salomão, sabemos que em vários livros em hebreu, latim e grego os provérbios eram fartamente usados em sua literatura.
Tal estilo foi como disse, usado por Salomão, ao transmitir a sabedoria, que era seu forte (havia pedido a Deus não outra coisa que não fosse Sabedoria) foi atendido por Deus e tornou-se o mais sábio dos reis já conhecidos na história bíblica, e, optou por transmitir sua grande sabedoria em forma de provérbios.
    Por essa razão estão relacionados a aspectos universais da vida, sendo utilizados até os dias atuais. É muito comum ouvirmos provérbios em situações do cotidiano. Quem nunca ouviu, ao fazer algo rapidamente, que “a pressa é a inimiga da perfeição” ou “Devagar se vai ao longe” ainda parafraseando e metaforizando a fábula do “Coelho e a Tartaruga” ou vice-versa.      Os provérbios fazem sucesso, pois possuem um sentido lógico, direto e imediato. Além de sonoros, muitos são satíricos e a maioria muito divertidos, mandam um recado por vezes indireto, mas que atinge o alvo na mosca.
   A grande maioria é de criação anônima. O provérbio é fácil de decorar e transmitir, em função de seu formato simples, curto e sem rebuscamentos. Falam sobre diversos assuntos e fazem parte da cultura popular da humanidade desde tempos imemoriais como foi dito, passando pelos menestreis, grandes dissiminadores da cultura oral, cantos, odes, poemas, máximas.    Deles e dos cultuadores das Línguas e da Moral se falam em: cultura proverbial.  Encontramos provérbios para praticamente todas as situações da vida.

   A seguir é pretensão, se Deus o permitir, publicar uma série de provérbios (amostras) coletados dos povos do mundo. Até mais!
Mauro Martins Santos
Enviado por Mauro Martins Santos em 25/02/2014
Reeditado em 22/03/2014
Código do texto: T4706188
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