Papai...
 Já faz algum tempo que o senhor nos deixou. Durante este tempo tenho tentado me acostumar com sua ausência. Há dias que parece que consegui, mas de repente a dor volta, a saudade bate mais forte e não consigo controlar as lágrimas.
 
Nestes últimos dias tenho pensado muito no senhor. Talvez por que eu esteja precisando, desesperadamente, de alguém que me acolha com seu olhar de cumplicidade, com seu silêncio confortador. Que ouça, sem julgamento, o que me angustia e ao final diga, mansamente: você não merecia passar por isto.
 
Não pai, não estou sentindo pena de mim mesma, não estou me acovardando diante de um problema, mas ele não é só meu e não posso resolver de meu jeito, aquele que o senhor tão bem conhece, falar tudo que estou sentindo para a pessoa que jogou por terra todo carinho, confiança e amizade que nela depositei.
 
Tá difícil pai. Tem horas que penso que vou desmoronar, mas Deus tem segurado minha mão e a angústia de estar sendo vítima de uma injustiça, embora doa muito, é bem melhor que a possibilidade de ter sido eu a causadora de tal situação.
 
Não tenho conseguido dormir direito. Tenho procurado relaxar, levar a vida de forma natural, mas tá difícil pai. Não está sendo fácil conviver com esta espada colocada sobre minha cabeça. Sei que no final vai ficar tudo bem, pois continuo acreditando que a justiça será feita, mas até lá sei que me sentirei assim – impotente.
 
Como queria ter o senhor aqui comigo!
 
 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 09/02/2014
Código do texto: T4684613
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.