[Suave Ilusão]
Tempo de ponderar... Ao modo de rochas disparadas contra o meu peito, as coisas alheias à minha vontade vêm pela estrada do meu norte... Com certeza, eu serei esmagado! Mas ainda assim, tenho uma suave ilusão de que “só o intervalo que ainda as separa de mim as faz parecer evitáveis”. Em calma, sem desespero, eu apenas espero.
A única defesa? Devo imaginar suavidade nessas coisas assim, fatais.
E Proust diz: “... Mas quando essas angústias estavam em sossego, eu já não as compreendia; e depois a noite seguinte era coisa muito remota; dizia comigo que teria tempo para ponderar, embora esse tempo não me acrescentasse nenhum poder, que se tratava de coisas independentes de minha vontade e que só o intervalo que ainda as separava de mim as fazia parecer mais evitáveis.”
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[Desterro, 16 de janeiro de 2014]