Intertextualidade:Diálogos possíveis:
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
Chico Buarque
Ler muito e sempre nos faz dialogar com o que lemos. Isso é muito bom porque todo esse conhecimento torna-se referência para o que pensamos e para o que escrevemos. Nosso pensamento e, consequentemente, nossos escritos, vem das nossas referências culturais, da nossa história de vida, das nossas tradições, portanto nada é exclusivamente nosso. É muito comum encontrar nos bons textos de premiados autores, diálogos com outros textos que estes admiram, seja numa simples alusão ou na forma de citação, epígrafe ou paráfrase.
Sou fã incondicional de escritos que contenham esse olhar para o mundo cultural seja ele da Literatura, do Teatro, do Cinema, da Música ou da Imagem, entretanto, aqui, ali e alhures já tropecei em textos com trechos inteiros de outro autor (e autor conhecido!) e nada de referências!
Comentei alguns e, claro, mencionei a lembrança do texto original...Em alguns casos a pessoa me agradeceu o ‘toque’, a lembrança, noutros, apagou meu comentário e me excluíu da lista de “autores favoritos”, até então. Melhor assim. Não conseguiria conviver com quem é capaz de agir dessa forma.
Gostaria muito que todos fizessem uso honesto da riqueza que é o trabalho produzido por outra pessoa, que nos serviu de inspiração ou mesmo de fonte de pesquisa. Fico feliz quando reconheço referências diversas em textos que leio, pois reconheço no autor a criatividade, a habilidade de utilizar um bom recurso literário em favor de seu texto.
Transcrevo na íntegra um texto da professora Ana Lucia Santana, mestra em Teoria Literária pela USP, por sua objetividade e clareza em explicar O que é Intertextualidade.
Intertextualidade
Por Ana Lucia Santana
A Intertextualidade é uma espécie de conversa entre textos; esta interação pode aparecer explicitamente diante do leitor ou estar em uma camada subentendida, nos mais diferentes gêneros textuais. Para compreender a presença deste mecanismo em um texto, é necessário que a pessoa detenha uma experiência de mundo e um nível cultural significativos.
O intertexto só funciona quando o leitor é capaz de perceber a referência do autor a outras obras ou a fragmentos identificáveis de variados textos. Este recurso assume papéis distintos conforme a contextura na qual é inserido. A pressuposta cultura geral relacionada ao uso deste mecanismo literário deve, portanto, ser dividida entre autores e leitores.
E não há limite para as esferas do conhecimento que podem ser acessadas tanto pelo produtor do texto, quanto por seu receptor. Isto significa que o intertexto não está somente ligado ao contexto literário. Ele pode estar presente na pintura, a qual pode interagir com uma foto produzida séculos depois; na publicidade, quando, por exemplo, o ator que anuncia o Bom Bril está trajado como a Mona Lisa, criada por Leonardo Da Vinci.
No caso desta propaganda, o intérprete compara a forma como o ‘Mon Bijou” deixa a roupa bem limpa e perfumada, com a criação de uma obra-prima, alusão à criação de Da Vinci. Seu idealizador, portanto, faz uma analogia entre o produto que deseja vender e a elaboração de uma imagem pictórica, levando ao consumidor a possibilidade de se atualizar culturalmente.
Há pelo menos sete tipos de intertextualidade. A Epígrafe é um pequeno trecho de outra obra, ou mesmo um título, que apresenta outra criação, guardando com ela alguma relação mais ou menos oculta. A Citação é um fragmento transcrito de outro autor, inserido no texto entre aspas.
A Paráfrase é a réplica de um escrito alheio, posicionado em um uma obra com as palavras de seu autor. Este deve, portanto, esclarecer que o trecho reproduzido não é de sua autoria, citando a fonte bibliográfica pesquisada, a fim de não cometer plágio. A Paródia é uma distorção intencional de outro texto, com objetivos críticos ou irônicos.
O Pastiche é a imitação rude de outros criadores – escritores, pintores, entre outros – com intenção pejorativa, ou uma modalidade de colagens e montagens de vários textos ou gêneros, compondo uma espécie de colcha de retalhos textual. A tradução se insere na esfera da intertextualidade porque o tradutor recria o texto original.
A Referência é o ato de se mencionar determinadas obras, de forma direta ou indireta. A Alusão é uma figura de linguagem que se vale da referência ou da citação de um evento ou de uma pessoa, concreta ou integrante do universo da ficção, denominada interlocutor. Ela é igualmente conhecida como ‘intertextualidade’ ou ‘ polifonia’.
O intertexto, portanto, não se refere apenas a textos literários, mas também a músicas, imagens – vídeos, filmes, todos os recursos visuais. Assim, em uma composição musical, no lançamento cinematográfico, na animação que se assiste em casa, na publicidade, nas pinturas e outras artes plásticas, enfim, em todas as linguagens artísticas, está presente a intertextualidade.
Fonte:
Infoescola.com
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
Chico Buarque
Ler muito e sempre nos faz dialogar com o que lemos. Isso é muito bom porque todo esse conhecimento torna-se referência para o que pensamos e para o que escrevemos. Nosso pensamento e, consequentemente, nossos escritos, vem das nossas referências culturais, da nossa história de vida, das nossas tradições, portanto nada é exclusivamente nosso. É muito comum encontrar nos bons textos de premiados autores, diálogos com outros textos que estes admiram, seja numa simples alusão ou na forma de citação, epígrafe ou paráfrase.
Sou fã incondicional de escritos que contenham esse olhar para o mundo cultural seja ele da Literatura, do Teatro, do Cinema, da Música ou da Imagem, entretanto, aqui, ali e alhures já tropecei em textos com trechos inteiros de outro autor (e autor conhecido!) e nada de referências!
Comentei alguns e, claro, mencionei a lembrança do texto original...Em alguns casos a pessoa me agradeceu o ‘toque’, a lembrança, noutros, apagou meu comentário e me excluíu da lista de “autores favoritos”, até então. Melhor assim. Não conseguiria conviver com quem é capaz de agir dessa forma.
Gostaria muito que todos fizessem uso honesto da riqueza que é o trabalho produzido por outra pessoa, que nos serviu de inspiração ou mesmo de fonte de pesquisa. Fico feliz quando reconheço referências diversas em textos que leio, pois reconheço no autor a criatividade, a habilidade de utilizar um bom recurso literário em favor de seu texto.
Transcrevo na íntegra um texto da professora Ana Lucia Santana, mestra em Teoria Literária pela USP, por sua objetividade e clareza em explicar O que é Intertextualidade.
Intertextualidade
Por Ana Lucia Santana
A Intertextualidade é uma espécie de conversa entre textos; esta interação pode aparecer explicitamente diante do leitor ou estar em uma camada subentendida, nos mais diferentes gêneros textuais. Para compreender a presença deste mecanismo em um texto, é necessário que a pessoa detenha uma experiência de mundo e um nível cultural significativos.
O intertexto só funciona quando o leitor é capaz de perceber a referência do autor a outras obras ou a fragmentos identificáveis de variados textos. Este recurso assume papéis distintos conforme a contextura na qual é inserido. A pressuposta cultura geral relacionada ao uso deste mecanismo literário deve, portanto, ser dividida entre autores e leitores.
E não há limite para as esferas do conhecimento que podem ser acessadas tanto pelo produtor do texto, quanto por seu receptor. Isto significa que o intertexto não está somente ligado ao contexto literário. Ele pode estar presente na pintura, a qual pode interagir com uma foto produzida séculos depois; na publicidade, quando, por exemplo, o ator que anuncia o Bom Bril está trajado como a Mona Lisa, criada por Leonardo Da Vinci.
No caso desta propaganda, o intérprete compara a forma como o ‘Mon Bijou” deixa a roupa bem limpa e perfumada, com a criação de uma obra-prima, alusão à criação de Da Vinci. Seu idealizador, portanto, faz uma analogia entre o produto que deseja vender e a elaboração de uma imagem pictórica, levando ao consumidor a possibilidade de se atualizar culturalmente.
Há pelo menos sete tipos de intertextualidade. A Epígrafe é um pequeno trecho de outra obra, ou mesmo um título, que apresenta outra criação, guardando com ela alguma relação mais ou menos oculta. A Citação é um fragmento transcrito de outro autor, inserido no texto entre aspas.
A Paráfrase é a réplica de um escrito alheio, posicionado em um uma obra com as palavras de seu autor. Este deve, portanto, esclarecer que o trecho reproduzido não é de sua autoria, citando a fonte bibliográfica pesquisada, a fim de não cometer plágio. A Paródia é uma distorção intencional de outro texto, com objetivos críticos ou irônicos.
O Pastiche é a imitação rude de outros criadores – escritores, pintores, entre outros – com intenção pejorativa, ou uma modalidade de colagens e montagens de vários textos ou gêneros, compondo uma espécie de colcha de retalhos textual. A tradução se insere na esfera da intertextualidade porque o tradutor recria o texto original.
A Referência é o ato de se mencionar determinadas obras, de forma direta ou indireta. A Alusão é uma figura de linguagem que se vale da referência ou da citação de um evento ou de uma pessoa, concreta ou integrante do universo da ficção, denominada interlocutor. Ela é igualmente conhecida como ‘intertextualidade’ ou ‘ polifonia’.
O intertexto, portanto, não se refere apenas a textos literários, mas também a músicas, imagens – vídeos, filmes, todos os recursos visuais. Assim, em uma composição musical, no lançamento cinematográfico, na animação que se assiste em casa, na publicidade, nas pinturas e outras artes plásticas, enfim, em todas as linguagens artísticas, está presente a intertextualidade.
Fonte:
Infoescola.com