Diga, Parte 2
— Então ele pede para que ela tire a maquiagem, tire a máscara que envolve o seu rosto, mostre seu verdadeiro eu, e desista de se esconder. Já que enfim puderam estar a sós, não era necessário forjar ser outra pessoa. Porém, não quer que ela diga nada, apenas deixe a sua alma refletir no seu olhar. Quer saber quem era aquela mulher, e o que ele fez pra torna-la tão diferente. Ainda consegue lembrar-se dos lábios tremendo ao dizer : “ Eu não vivo sem você ” .
— Logo um sentimento diferente o possui, como numa viagem rumo ao seu passado em que ambos eram felizes. E uma declaração vem a sua mente, onde ele simplesmente pede para que ela não a deixe, que em meio a tantas coisas relate que o amor ainda está vivo.
— Em seguida ele volta a si, e em um tom meio irônico diz pra ela tirar a roupa, pois quem sabe abaixo dela não a armas tentando se esconder. Percebe que o mal pode estar próximo, é algo suave, sorrateiro e impenetrável. Ele afasta os seus longos cabelos que cobrem sua face, pergunta se ao menos uma vez ela realmente quis vê-lo feliz. Pensa que novamente pode ser o seu destino tentando lhe ensinar algo.
— Embora tenha dito tantas coisas bonitas, e se doado para alguém que hoje demonstrava não ser mais a mesma, a lembrança de como os seus punhos estavam inquietos ao dizer : “ Eu não amo mais você ”, se enaltece.
— Um sentimento de revolta o apodera, então ele grita para que ela nunca mais retorne a sua vida, conforme diz que suas estradas tomaram rumos diferentes, e que enfim ela esqueça o dia em que o conheceu. Também diz que não há dinheiro que o faça aceitá-la de volta, que nada trará de novo aquele sentimento tão puro de alguém que um dia a pertenceu.
— Com os nervos a flor da pele, ele abandona sua casa deixando-a ficar, porém dizendo que após aquela noite, ele não quer vê-la novamente. Que ela simplesmente faça as suas malas e que nunca mais retorne aquele lugar. Jurando pela vida dos seus pais e sabendo o quão pesado é a expressão “ nunca mais ”, então diz para que ela volte a oferecer o teu corpo para aqueles que quiserem.
— Se sente insatisfeito vivendo ao lado de alguém que não consegue dizer nada, e novamente se põe a gritar para que ela confesse toda a infelicidade que teve durante a vida, com as exibições dos textos e também dos falsos sorrisos, que enganariam a todos, exceto a ele. Diz que aquela mão singela que acena ao ir embora, para tantos idiotas que a querem como pretendente, é a mesma que lhe dará adeus.
— Enquanto ela caminha ele observa os seus passos, e então logo pergunta : “ Quem tomará posse de uma mulher desprezada por todos ? ” Ele sabe que a verdade é algo que demora a chegar, porém, não pede licença para se mostrar. Com isso o travesseiro abafa um grito que seria ouvido nos quatro cantos do planeta. E no fim ele completa ao lhe dizer : “ Não tira esse rímel, pois hoje eu quero vê-lo borrar ! ”