CARTA ABERTA: conceito e estrutura

http://www.curso-objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/unicamp/2014_1fase/UNICAMP_2014_1fase.pdf

REDAÇÃO – TEXTO 2

Em virtude dos problemas de trânsito, uma associação de

moradores de uma grande cidade se mobilizou, buscou

informações em textos e documentos variados e optou por

elaborar uma carta aberta. Você, como membro da

associação, ficou responsável por redigir a carta a ser

divulgada nas redes sociais. Essa carta tem o objetivo de

reivindicar, junto às autoridades municipais, ações

consistentes para a melhoria da mobilidade urbana na

sua cidade. Para estruturar a sua argumentação, utilize

também informações apresentadas nos trechos abaixo,

que foram lidos pelos membros da associação.

Atenção: assine a carta usando apenas as iniciais do

remetente.

I

“A boa cidade, do ponto de vista da mobilidade, é a que

possui mais opções”, explica o planejador urbano Jeff

Risom, do escritório dinamarquês Gehi Architects. E

Londres está entre os melhores exemplos práticos dessa

ideia aplicada às grandes metrópoles.

A capital inglesa adotou o pedágio urbano em 2003,

diminuindo o número de automóveis em circulação e

gerando uma receita anual que passou a ser reaplicada em

melhorias no seu já consolidado sistema de transporte

público. Com menos carros e com a redução da velo -

cidade máxima permitida, as ruas tornaram-se mais

seguras para que fossem adotadas políticas que priori -

zassem a bicicleta como meio de transporte. Em 2010,

Londres importou o modelo criado em 2005 em Lyon, na

França, de bikes públicas de aluguel. Em paralelo,

começou a construir uma rede de ciclovias e determinou

que as faixas de ônibus fossem compartilhadas com

ciclistas, com um programa de educação massiva dos

motoristas de coletivos. Percorrer as ruas usando o meio

de transporte mais conveniente – e não sempre o mesmo –

ajuda a resolver o problema do trânsito e ainda contribui

com a saúde e a qualidade de vida das pessoas.

(Natália Garcia, 8 iniciativas urbanas inspiradoras, em Red Report,

fev. 2013, p. 63. Disponível em http://cidadesparapessoas.com/

2013/06/29/pedalando-por-cidades-inspiradorass/. Acessado em

06/09/2013.)

UNIICAMP — NOVEMBRO/2013

II

Mas, afinal, qual é o custo da morosidade dos

deslocamentos urbanos na região metropolitana de São

Paulo? Não é muito difícil fazer um cálculo aproximado.

Podemos aceitar como tempo normal, com muita boa

vontade, uma hora diária. Assim, o tempo médio perdido

com os congestionamentos em São Paulo é superior a

uma hora por dia. Sendo a jornada de trabalho igual a oito

horas, é fácil verificar que o tempo perdido é de cerca de

12,5% da jornada de trabalho. O valor monetário do

tempo perdido é de R$ 62,5 bilhões por ano.

Esse é o custo social anual da lentidão do trânsito em São

Paulo.

(Adaptado de André Franco Montoro Filho, O custo da (falta de)

mobilidade urbana, Folha de São Paulo, Caderno Opinião, São Paulo,

04 ago. 2013. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/

2013/08/1321280-andre-franco-montoro-filho-o-custo-da-falta-demobilidade-

urbana-shtml. Acessado em 09/09/2013.)

III

Torna-se cada vez mais evidente que não há como escapar

da progressiva limitação das viagens motorizadas, seja

aproximando os locais de moradia dos locais de trabalho ou

de acesso aos serviços essenciais, seja ampliando o modo

coletivo e os meios não motorizados de transporte.

Evidentemente que não se pode reconstruir as cidades, porém

são possíveis e necessárias a formação e a consolidação de

novas centralidades urbanas, com a descentralização de

equipamentos sociais, a informatização e descentralização de

serviços públicos e, sobretudo, com a ocupação dos vazios

urbanos, modificando-se, assim, os fatores geradores de

viagens e diminuindo-se as necessidades de deslocamentos,

principalmente motorizados.

(BRASIL. Ministério das Cidades. Caderno para a Elaboração de

Plano Diretor de Transporte e da Mobilidade. Secretaria Nacional de

Transportes e de Mobilidade Urbana [SeMob], 2007, p. 22-23.

Disponível em http://www.antp.org.br/_5dotSystem/download/dcm

Document/2013/03/21/79121770-A746-45A0-BD32-

850391F983B5.pdf. Acessado em 06/09/2013.)

Comentário à proposta de Redação

O candidato, posicionando-se como membro de uma

associação de moradores de uma grande cidade, teria

de assumir a responsabilidade de redigir uma carta

aberta, a ser divulgada nas redes sociais, objetivando

reivindicar, junto às autoridades municipais, “ações

consistentes para a melhoria da mobilidade urbana”.

Para tanto, a associação teria buscado “informações

em textos e documentos variados”, entre os quais três

textos apresentados pela Banca, que deveriam

estruturar a argumentação da carta. De tais textos

seria possível extrair informações sobre medidas que

poderiam ser adotadas para reduzir os problemas de

trânsito, entre as quais se destacariam: ampliação das

opções de mobilidade, adoção do pedágio urbano e

consequente redução dos congestionamentos, forma -

ção e consolidação de novas centralidades urbanas etc.

A carta poderia ser encabeçada pelo seguinte título:

Carta Aberta às autoridades municipais. No espaço

reservado à assinatura, deveriam constar apenas as

iniciais do remetente.

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OUTRO LINK: http://www.brasilescola.com/redacao/carta-aberta.htm

A carta aberta integra os gêneros argumentativos, e é pautada pela exposição de uma ideia cujo interesse é coletivo

A carta aberta integra os gêneros textuais norteados pelo caráter argumentativo, cuja principal característica é permitir que o emissor exponha em público suas opiniões ou reivindicações acerca de um determinado assunto. Tal gênero, por sua vez, difere-se da carta pessoal, a qual trata de assuntos que dizem respeito somente aos interlocutores nela envolvidos, ao passo que a carta aberta faz referência a assuntos cujo interesse é coletivo, normalmente se referindo a um problema de consenso geral.

Dessa forma, a carta aberta pode ser utilizada como forma de protesto contra esse problema, como alerta, e até mesmo como meio de conscientização da população ou de alguém com certa influência, como, por exemplo, um representante de uma entidade ou do governo, acerca da problemática em questão. É possível afirmar que a carta aberta, além da característica argumentativa, possui traços persuasivos, uma vez que a intenção de quem a redige é a de convencer o interlocutor acerca de suas ideias.

Quanto aos aspectos estruturais, o gênero em pauta compõe-se dos seguintes elementos:

* Título – no qual se evidencia o destinatário;

* Introdução – parte em que se situa o problema a ser resolvido;

* Desenvolvimento – Diz respeito à análise do problema, no qual há a apresentação dos argumentos, fundamentando, portanto, o ponto de vista do (s) emissor (es).

* Conclusão – elemento em que geralmente se solicita uma resolução para o assunto em pauta.

Mediante os pressupostos evidenciados, eis a seguir um exemplo representativo, tornando práticas todas as características ressaltadas. Observe:

CARTA ABERTA DE ARTISTAS BRASILEIROS SOBRE A DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA

Acabamos de comemorar o menor desmatamento da Floresta Amazônica dos últimos três anos: 17 mil quilômetros quadrados. É quase a metade da Holanda. Da área total já desmatamos 16%, o equivalente a duas vezes a Alemanha e três estados de São Paulo. Não há motivo para comemorações. A Amazônia não é o pulmão do mundo, mas presta serviços ambientais importantíssimos ao Brasil e ao Planeta. Essa vastidão verde que se estende por mais de cinco milhões de quilômetros quadrados é um lençol térmico engendrado pela natureza para que os raios solares não atinjam o solo, propiciando a vida da mais exuberante floresta da terra e auxiliando na regulação da temperatura do Planeta.

Depois de tombada na sua pujança, estuprada por madeireiros sem escrúpulos, ateiam fogo às suas vestes de esmeralda abrindo passagem aos forasteiros que a humilham ao semear capim e soja nas cinzas de castanheiras centenárias. Apesar do extraordinário esforço de implantarmos unidades de conservação como alternativas de desenvolvimento sustentável, a devastação continua. Mesmo depois do sangue de Chico Mendes ter selado o pacto de harmonia homem/natureza, entre seringueiros e indígenas, mesmo depois da aliança dos povos da floresta “pelo direito de manter nossas florestas em pé, porque delas dependemos para viver”, mesmo depois de inúmeras sagas cheias de heroísmo, morte e paixão pela Amazônia, a devastação continua.

Como no passado, enxergamos a Floresta como um obstáculo ao progresso, como área a ser vencida e conquistada. Um imenso estoque de terras a se tornarem pastos pouco produtivos, campos de soja e espécies vegetais para combustíveis alternativos ou então uma fonte inesgotável de madeira, peixe, ouro, minerais e energia elétrica. Continuamos um povo irresponsável. O desmatamento e o incêndio são o símbolo da nossa incapacidade de compreender a delicadeza e a instabilidade do ecossistema amazônico e como tratá-lo.

Um país que tem 165.000 km2 de área desflorestada, abandonada ou semiabandonada, pode dobrar a sua produção de grãos sem a necessidade de derrubar uma única árvore. É urgente que nos tornemos responsáveis pelo gerenciamento do que resta dos nossos valiosos recursos naturais.

Portanto, a nosso ver, como único procedimento cabível para desacelerar os efeitos quase irreversíveis da devastação, segundo o que determina o § 4º, do Artigo 225 da Constituição Federal, onde se lê:

"A Floresta Amazônica é patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais"

Assim, deve-se implementar em níveis Federal, Estadual e Municipal A INTERRUPÇÃO IMEDIATA DO DESMATAMENTO DA FLORESTA AMAZÔNICA. JÁ!

É hora de enxergarmos nossas árvores como monumentos de nossa cultura e história.

SOMOS UM POVO DA FLORESTA!

Disponível em: http://www.amazoniaparasempre.com.br/

Por Vânia Duarte

Graduada em Letras

Equipe Brasil Escola

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Posted on 17:01 by Kathllen

Diferente da carta pessoal, que costuma abordar um assunto de interesse individual e pessoal dos interlocutores, a carta aberta manifesta a opinião de um grupo de pessoas, entidades, sindicatos, etc. diante de uma questão de interesse coletivo.

Ela pode servir apenas para alertar, mas geralmente visa à mobilização de forma que se encontre uma solução para o problema denunciado. Dessa maneira, tem caráter argumentativo; portanto, a persuasão é um elemento usado para elaborar a carta aberta.

Sua estrutura é formada por:

• Título, em que se identifica o destinatário (a quem a carta se dirige).

• Remetente (quem a está enviando).

• Denúncia do problema e reivindicação de medidas para resolvê-lo.

• Conclusão, em que se busca persuadir o interlocutor com a sugestão de soluções. No final, antes da assinatura, pode ainda haver local e data.

O meio pelo qual a carta aberta é divulgada depende do destinatário. Por exemplo, se o remetente pretende alertar a população mundial para o buraco na camada de ozônio, pode recorrer à internet; se o objetivo é denunciar um problema na escola, é possível utilizar um mural. Independentemente do meio, a linguagem da carta aberta costuma ser formal.

Leia, a seguir, um exemplo de Carta Aberta:

CARTA ABERTA À POPULAÇÃO

Os Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação das escolas públicas de todo o Brasil recebem valores diferentes de salários, apesar de prefeitos e governantes obterem o mesmo valor por aluno matriculado.

No dia de hoje, 25 de abril, estamos em todo o País fazendo manifestações para que todos(as) saibam e nos apóiem na luta em defesa de uma Escola Pública de Qualidade.

Esta luta inclui a formação inicial e continuada; a valorização na carreira; melhores condições de trabalho; respeito profissional e uma remuneração digna àqueles que fazem a educação de todos(as) acontecer.

Por isso, estamos exigindo um Piso Salarial Profissional Nacional que garanta condições dignas de vida e exercício de nossas profissões.

Basta de piso que precise de complemento para alcançar o salário mínimo, como é a política salarial de alguns municípios e estados do País.

Exigimos o respeito às conquistas de nossos direitos pelos governantes.

Somos nós que, com nosso trabalho, educamos para a vida os filhos e filhas dos cidadãos sul-mato-grossenses e lutamos para que as promessas de todos os governantes relativas à Educação sejam cumpridas.

Por isso, temos a certeza de contar com o apoio da sociedade para fortalecer nossa luta.

25 de abril de 2007.

FETEMS e seus 69 Sindicatos Municipais afiliados.

Fonte: livro Oficina de Redação - Editora Moderna

site: http://www.cdb.br/

Postado por: José João Bosco Pereira às 10:38

http://www.curso-objetivo.br/vestibular/resolucao_comentada/unicamp/2014_1fase/UNICAMP_2014_1fase.pdf
Enviado por J B Pereira em 19/11/2013
Código do texto: T4577372
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