A LITERATURA EM PERIGO?

Afinal, em que consiste o ensino da literatura? Essa é uma pergunta que muitos se fazem e, para qual, ainda não existe uma resposta definitiva. Estuda-se literatura por vários motivos, um deles é o de aprender sobre as escolas literárias e sobre os clássicos. Clássicos esses que, apesar do tempo, permanecem como únicos na lista de livros a serem trabalhados. Isso abre espaço para outra pergunta: Qual a relevância de se estudar livros escritos no século XIX, por exemplo, no século XXI? Bom, do ponto de vista da maioria, esses livros ajudam na formação dos alunos e no seu desenvolvimento enquanto leitores. Ou seja, se um jovem não ler Machado de Assis e prefere se dedicar a leitura de livros mais condizentes com a sua idade, ele é considerado um não leitor, quase um herege. Tudo bem, talvez seja um pouco de exagero da minha parte, mas, observando aulas de literatura enquanto ainda era uma estudante do ensino médio, percebi que o foco principal dos professores era mesmo os tais clássicos. Encabeçados, é claro, por Machado de Assis e desaguando em Jorge Amado, dando uma pequena pincelada em Cecília Meireles e, muito raramente, citando Clarice Lispector. Percebam que quase todo cânone entrou nessa lista. Quase mesmo, porque nem citei Castro Alves e Joaquim Manoel de Macedo. Antes que me venham com pedras, tenho que me defender. Não estou aqui levantando a bandeira da “não leitura dos tais clássicos” ate porque, eu li todos eles e não me arrependo disso. O que estou tentando dizer é que não se pode excluir os novos fazeres literários. Digam-me, porque não se pode considerar um leitor de Harry Potter um leitor? Ué, ele está com um livro na mão, não está? Ele está lendo, não está? Então, qual a condição sine qua non para que ele seja considerado um leitor? Para não ficar apenas em minhas palavras, vou citar o grande teórico Todorov que nos esclarecerá algumas coisas:

É por isso que devemos encorajar a leitura por todos os meios- inclusive a dos livros que o crítico profissional considera com condescendência, se não com desprezo, desde os Três Mosqueteiros até Harry Potter: não apenas esses romances populares levaram ao hábito da leitura milhões de adolescentes, mas, sobretudo, lhes possibilitaram a construção de uma primeira imagem coerente do mundo, que, podemos nos assegurar, as leituras posteriores se encarregarão de tornar mais complexas. (TODOROV, 2012)

Fazendo minhas as palavras do mestre, o que posso lhes dizer senhoras e senhores, é que, o importante não é o que se está lendo, mas que se está lendo. Claro, uma boa seleção de livros é sempre interessante, mas adaptar suas leituras ao seu gosto tornará a aventura pelo mundo dos livros bem mais deleitosa. Para resumir, a onda não é julgar o leitor pelo livro, assim como não se julga um livro pela capa.

REFERÊNCIA:

TODOROV, Tzvetan. . A literatura em perigo. 4. ed. Rio de Janeiro: DIFEL, 2012. 96 p.

Carol S Antunes
Enviado por Carol S Antunes em 12/11/2013
Código do texto: T4568408
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.