O Gato na Janela

Suas patas ágeis e habilidosas afastaram as trêmulas cortinas. Poucos ousariam imaginar o porquê da atitude. Do segundo andar num espaço de apartamento, seus olhos alargaram-se mais do que o entendível. Talvez seu instinto. Talvez sua curiosidade. Suas orelhas moveram-se demonstrando sua grande percepção.

Da janela semi aberta, ouvia-se a música cantada por diferentes cantores, que não se preocupavam com a harmonia das notas nem com o timbre vocálico, mas com a sincronia perfeita dos vôos. Os olhos passearam no infinito. Julgaria, quem o olhasse de uma ângulo transversal, que estaria prestes a cometer um suicídio. mas sob a ótica animal denunciaria um estreito anseio. Anseio de voar? Talvez. Desejaria muito sentir suas patas enroscarem-se nas asas daquelas habilidosas aves que bailavam no distante perto do horizonte e voar junto. Vôos rasante. Vôos descoordenados. Voar só por voar. Voar por sobrevivência. Suas patas agitam-se novamente. Talvez o inatingível possa ser alcançado. O vento tenta dispersar a concentração. O gato permanece absorto. A distração parece não existir. Nada pode desviar seu foco. O gato olha mais um tempo fixamente e depois retorna para a suave cama que usou como apoio da observação. Seria uma volta para a realidade? Esquecimento? Talvez seja somente uma parada para a retomada do fôlego. Do pensamento. Liberdade. Para quem? Existirá sempre os perdidos, os abandonados, os livres e os encarcerados, olhando até da mesma janela mas com pensamento e reações peculiar e particular que cada um possui. Imagine você descrever algo, quando ver da próxima vez, um gato na janela.

Claudemar Moraes
Enviado por Claudemar Moraes em 19/10/2013
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