Alcancei para ela ...

Alcancei para ela sem nada dizer um pedaço de papel, uma citação a um mor ilusionista transcendental futurista padecendo pelo vírus mortal, sem cura do apedeutismo primitivista, com certeza morreria após a extrema-unção da pedagoga, mas como num último alento de lucidez o pedaço de papel voa-lhe das mãos saindo pela janela aberta da sala, e como num silêncio fúnebre acompanhamos a folha no seu ritual de liberdade .

Não havia mais tempo, não havia mais prazo, não havia mais nada, somente um vazio eterno tingindo as paredes brancas, goticulando do teto o sangue verde do renascentismo ...

Não eram necessário palavras, e a ambidestra com a caneta rasgava o solo branco da página, semeando a nota final do meu ano letivo .

Volto a peregrinar pelos corredores já não tão estreitos, já não tão longos, e cruzo por uma conhecida vestida de Gioconda, e um outro como o homem com luva de Ticiano, citações do livro Terra de Stefano Benni, num cartaz de procurado, encontra-se a fotografia computadorizada de Nicolo Cossa pai do Papa João XXIII que fugira do livro Terremoto em Roma de Richard Condom, teriam outros também fugidos ?

Ou libertos pela imaginação vândala dos símios temporais da nossa época ?

Ao sair, sinto o Sol espremendo a minha face, arrancando de minha testa o suco de meu corpo, a cada passo escorre inaproveitável para a minha sede, metamorfoseio-me de pedra e fico horas estagnado embaixo de uma árvore e antes mesmo de servir de assento para uma jovem cansada, fui escalado por formigas guerreiras, e senti a leveza de uma borboleta que pousara descansadamente batendo suas asas três vezes antes do próximo voou .

Há fome...Bendita ou maldita, primeiro tempestuoso a calmaria do meu ser abordando a minha mente não fazendo sobreviventes, lançando pela prancha como um amotinado ao mar da minha realidade, levanto-me e as primeiras minhocas arrumavam seus móveis e uma ou duas formigas são tiradas com carinho de minha calça .

O Sol atira uma pedra na vidraça empoeirada do dia, deixando entrar um rastilho da negritude e a Lua tentava abraçar o Sol que mesmo solitário afasta-se cada vez mais na eterna distância de um amor impossível .

Suacrem
Enviado por Suacrem em 16/09/2013
Código do texto: T4483575
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