MEU XODÓ

É apenas uma máquina.Uma máquina aparentemente simples como todas de seu gênero.Tem uma geometria quadrada que esconde uma fortaleza ambulante que não escolhe caminhos, e que fiel a minha vontade, segue comigo o destino seja por onde for.Sua cor agora é cinza, amadurecida de um verde grisalhado pelo tempo ao longo de meio século de convivência.

Sua diferença, entre as demais, é que ela tem alma, uma alma nascida de meu amor infantil por ela, no início da década de 50.

Companheira inseparável é sensível aos meus sentimentos, é cúmplice de meus atos, testemunha de minha vida.

Esta máquina é um Jeep, o meu Jeep Willis 1951.

Nasceu em Ohio e veio para o Brasil a serviço da agricultura.

Trabalhou na fazenda do meu pai até eu entrar para a universidade.Simpático aos meus amigos, nos embalos das caronas, foi apelidado de Jeep do Zé, e por causa do Jeep do Zé, tornei-me o Zé do Jeep.

Hoje, 30 anos passados, quando vêm as recordações num bate papo entre amigos, ninguém se lembra do Zé, mas não esquecem do Zé do Jeep.

E se me perguntassem, lá no final dos meus dias, o que eu levaria da terra, daria como resposta um nada, mas iria de Jeep para o Céu.

José Mattos

ZEMATTOS
Enviado por ZEMATTOS em 31/08/2013
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