Acordo entre nós
O Nerinho é um viralata todo branquinho que eu adotei ele qdo tinha só uns 45 dias em uma madrugada mto gelada. Peguei ele, coloquei no bolso da jaqueta e trouxe para casa. Alimentei com mingau de maizena porque ainda não tinha dentes,mas logo surgiu a primeira dentição, cortei seu primeiro bifinho..Tá aqui, ao meu lado, tem tapete cativo ao lado do computador e da cama da mãe.
Ai mudamos de apartamento, não batia luz do lado do meu ap.;..Para as plantas não morrerem, tive que arrumar quem adotasse..O amor falou mais alto que o egoísmo de ve-las ao meu lado...minguando...De vez em quando, a gente faz isto -sem querer-com quem amamos...e lá se foi a Sabrina...uma palmeira linda que trouxe em dia de chuva e levei bronca da síndica porque ela veio pingando barro deixando rastro de uma vida pra trás,reinício...Foi também a Maria sem vergonha...uma trepadeira que subia pelas janelas do meu antigo ap, minha pimenteira, entre outras.
Qdo mudei para esta casa, viemos "pelados", só o Nero não caiu da mudança rs
Sem planta sem nada....triste...Até que fui ao mercado e vi a Betânia (sim, todas minhas plantas tem nome e são chamadas por ele! rs), uma samambaia linda de viver, me falaram: é brega ter samambaia, mas foi amor a primeira vista, e o que é brego aos olhos do coração?
Ela chegou apresentei a casa toda...coloquei um cantinho, ela foi murchando, não gostou..e fomos trocando de lugares, até descobrir o que ela gosta mesmo é de ficar na cozinha, de fofoca fresquinha, de cheiro de feijão...Aí depois veio a Luiza (de luz) porque é como se fosse uma Ikebana (arte oriental floral), chegou toda poderosa em um vasinho montado....Se sentindo já dona da casa....E ontem veio uma flor branca, desconhecida que eu e o Nero saimos para passear, encontramos ela e o Nero pediu para presentear a tia-minha irmã- que aceitou com carinho, mas depois displicentemente esqueceu ela em cima de um móvel, e ali ficou a noite toda, quietinha...quando acordei pela manhã, vi....Fui, plantei....Que judiação! Voce, claro, por manter-se viva ao relento, sobre todas as sombras do descaso humano, seu nome será Vitória.
E então estamos eu, o Nero, a Luiza e a Vitória na cozinha, fazendo almoço de domingo, dei água para todos, conversei um pouquinho com cada um, coloquei a Betãnia em frente a janela para ela ver um pouco a rua e tomar um ar e disse a Luiza...cuida da Vitória, porque voce é a mais velha...Elas dividem o mesmo vaso, leia-se mesmo quarto.
Na rádio uma canção do Roberto Carlos.
Em comum acordo todos fizemos um trato:Ninguém precisa dizer eu te amo, so precisamos amar..
Porque as coisas boas, de verdade, as que trazem felicidade,
nem sempre precisa se falar....