MANIFESTO
...Nem todo liquido escuro dentro de uma garrafa pode ser considerado refrigerante...
Talvez seja uma comparação comum. Mas, nessa manha foi à frase que me veio à mente quando deparo com a situação atual de nosso País e as noticias que desqualificam a manifestação nacional.
Atravessei o movimento “novembrada” – nome pelo qual foi conhecida a grande manifestação popular contra o Regime Militar implantado em 1964 no Brasil, ocorrida no movimentado centro de Florianópolis em 30 de novembro de 1979 no governo de Figueiredo.
A partir deste evento histórico, tivemos grandes avanços - e não podemos retomar ao passado com manobras militares, com tropas de choques, cães farejadores, spray de pimentas, mascaras na cara, como se o povo fosse bandido e as manifestações banidas. Essas manobras precisam estar no lugar de proteção, e não coação.
O manifesto é valido e faz parte de um Estado com direito de expressão. Porem há de se ter maturidade para que não nos apaguem esse direito de ir e vir, com as manobras tendenciosas.
Os manifestos precisam ser direcionados, estruturados e claros, de forma a entender que não se trata de estar contra ESSE ou AQUELE POLÍTICO, ou contra ESSE ou AQUELE PARTIDO, contra ESSE ou AQUELE SISTEMA.
A questão é bem mais ampla. O que se reivindica é uma administração política, digna de um povo - feliz, que luta, trabalha, brinca se diverte. Um povo que tem em sua alma o futebol, o carnaval, a alegria de viver, teve e tem seus grandes lideres políticos, seus ídolos, povo amistoso, um país que tem tudo para dar certo, porem administrativamente vem se tornando alvo de insatisfação social. Aonde o descaso, a arrogância e a prepotência chegam a ser absurdamente debochadas.
O sistema político é a administração do país - e não pode estar diretamente relacionado a corrupção, a dinheiro fácil. E manifestos, não podem estar relacionados ao vandalismo. E a inteligência do povo possa ser subestimada.
NECESSITAMOS DOS DIREITOS HUMANOS nas ESCOLAS, clamando por um ensino de qualidade com professores respeitáveis e bem estruturados - NECESSITAMOS DOS DIRETOS HUMANOS nas entidades HOSPITALARES clamando por atendimentos dignos de qualquer cidadão, independente de seu poder aquisitivo e com profissionais também capacitados e satisfeitos com seu oficio. NECESSITAMOS DOS DIRETOS HUMANOS em todos os SETORES DA SOCIEDADE, não somente dentro dos presídios.
Começa-se assim um trabalho preventivo, realmente social, fazendo valer a voz de um povo que clama por respeito.
Somente valorizando a educação, tanto formal quanto informal, é que poderemos combater os diversos tipos de vandalismo - sejam os sociais, sejam os políticos.
Vale refletir que, toda classe tem seu código de ética e o profissional sofre sanções caso descumpra – Qualquer cargo político é um cargo administrativo de algum setor que representa a sociedade e, portanto, é preciso fazer-se cumprir a ética, como qualquer outra profissão - caso contrario será um cabide de oportunismo.
Não podemos calar a voz do povo, mas precisamos saber o que queremos, de que ordem são nossos asseios. Só teremos escolhas consistentes se formos educados para refletir.
O vandalismo exposto nas ruas, em confronto com os manifestantes sãos reflexos da falta de qualidade de uma educação exclusivista e tendenciosa - conseqüência da má administração política social, uma vez que povo educado incomoda, passa a ter argumentos consistentes, e luta por causas claras e não apenas pessoais. Partindo desse ponto de vista, que me compete na condição de educadora, passo a refletir, na qualidade de ensino... Nas grades curriculares que, mais excluem do que incluem; nas dificuldades que a própria Psicopedagogia tem para ser reconhecida enquanto profissão mediadora dos conflitos educacionais, tanto de quem ensina quanto de quem aprende; quais requisitos básicos para se ter um cargo político; quantos profissionais desqualificados e desacreditados em tempos de modernidade, etc...
Não podemos calar a voz de uma nação – transformando os jovens em vândalos – invertendo os papeis - muito menos os colocando como trincheiras humanas, confrontando com a tao sofrida classe dos policias que com seus parcos salários e sem preparos são obrigados agir, arriscando a própria vida por uma causa que é publica e notória de jogo de interesses das classes dominantes.
E preciso que haja uma organização para que as manifestações não sejam desqualificadas por infiltrados tendenciosos, desocupados e despreocupados com o bem estar social.
Caso contrário, estaremos voltando ao regime militar, disfarçado em segurança publica, combatendo os atos de vandalismos e apagando a voz do povo que clama por uma administração política descente.
Albertina Chraim