Análise do livro Madame Bovary
Madame Bovary
O livro começa narrando a infância de Charles Bovary, somente a partir do segundo capitulo é que Emma começa a ganhar espaço na trama.
Charles já fora casado e perdera sua mulher a senhora Dubuc que morrera logo no inicio do livro. Não muito tempo depois ainda no período de luto, ele decide pedir Emma em casamento, o que para ela veio em perfeito momento já que estava aflita para sair da monotonia onde se encontrava na casa de seus pais. Emma aprendera desde menina a apreciar os bons livros, lera romances que lhe inspiravam o desejo pelo amor, pela paixão, ela criou dentro de si uma grande expectativa sobre o amor e não via a hora de experimenta-lo, vivia em um mundo só dela no seu interior que estava em constante inquietação. Aprendera nos livros que lia sobre o amor, a apreciar um amor envolvente, um amor capaz de levar a loucura até o mais distinto homem, um amor verdadeiramente belo.
"Antes de casar, ela julgava ter amor; mas como a felicidade que deveria ter resultado daquele amor não viera, ela deveria ter-se enganado, pensava. E Emma procurava saber o que se entendia exatamente, na vida, pelas palavras felicidade, paixão, embriagues, que lhe haviam parecido tão belas nos livros." P. 44
Portanto já nos primeiros dias de casamento Emma já começava a sentir-se infeliz, culpava-se por ter casado cedo, sentia-se enganada, não sabia porque esperar por Charles que era óbvio que não ia conseguir satisfazer seu desejo de amor.
Emma lera Paul et Verginie um romance de Bernadim de Sant- Pierre (1737-1814) publicado em 1787. É a historia de amor de dois jovens dentro da natureza tropical. Emma criou dentro de si um desejo intenso por viver a vida com sensações maravilhosas ao ponto que devorava ferozmente seus livros de amor.
" Precisava retirar das coisas uma espécie de vantagem pessoal; e rejeitava como inútil tudo o que não contribuísse ao consumo imediato de seu coração, pois seu temperamento era mais sentimental do que artista e ela procurava emoções e não paisagens." P. 46
Charles era pacato, não podia dar a Emma a realização de amor platônico que ela sonhava.
O autor Gustave Flaubert descreveu Charles como um personagem monótono, chato, submisso e sem interesses ou ambições.
Emma se questionava sobre seu casamento frequentemente.
" Um homem, pelo contrario ( aqui ela está querendo dizer ao contrario de Charles) não deveria conhecer tudo, ser exímio em múltiplas atividades, iniciar uma mulher nas energias da paixão, nos refinamentos da vida, em todos os mistérios? Mas ele nada ensinava, nada sabia, nada desejava. Julgava-se feliz e ela tinha-lhe raiva por aquela calma tão bem assentada, por aquele peso sereno, pela própria felicidade que ela lhe dava." P. 50
Neste trecho Emma retrata bem seus sentimentos perante o marido, mostra a personalidade fraca e tediosa que ele possui, e como tudo aquilo a estava frustrando.
A Sr Bovary lia Balzac e Geroge Sand procurando em suas obras satisfações imaginárias para seus desejos pessoais.
Depois que a Madame Bovary foi a um baile no castelo em Vaubyessard suas inquietações ficaram ainda mais fortes, Emma sonhava em viver uma vida repleta de emoções e não tirava da cabeça Visconde um jovem que a convidara a dançar valsa no baile, todo aquele luxo a fascinará.
No capitulo XV Emma entra em uma profunda depressão, deseja está morta fadigada com a vida que tem, não come mais, não está satisfeita com seu corpo e começa a beber vinagre para emagrecer, adoece e com medo de Emma acabar morta Charles resolve mudar-se já que acredita que o motivo da doença de Emma ser o lugar onde vivem em Tostes já que a senhora Bovary repele e crítica ferozmente o lugar. Quando partem de Tostes para morar em Yonville Emma já está gravida.
Chegando em Yonville Emma conhece Léon que revela ter a mesma paixão pelos romances e pela literatura assim como Emma, toda a conversa entre os dois revela em ambos os gostos em comum pelo mais exacerbado romantismo, já ridicularizado antes do aparecimento do romance de Flaubert.
Emma tem uma menina que a chama de Berthe. Léon e Emma sempre dividindo o mesmo pensamento romântico criam uma grande afeição Léon fica completamente apaixonado por Emma, que resiste fortemente as tentações.
Léon é um escrivão que trabalha para o farmacêutico senhor Homais.
" ... O amor, devia chegar de repente com grande estrondo e fulgurações- furacão dos céus que vai sobre a vida, transtorna-a arranca as vontades como as folhas e arrasta para o abismo o coração inteiro." P. 100
No trecho a seguir Flaubert descreve o pavilhão sofrido de emoções da Sra. Bovary.
" ... A mediocridade domestica empurrava-a para a fantasias luxuosas, a ternura matrimonial a desejos adúlteros. Teria desejado que Charles lhe batesse, para poder detesta-lo com maior razão, vingar-se dele. Espantava-se ás vezes com as conjecturas atroses que lhe vinham á cabeça; e seria preciso continuar a sorrir, ouvir repetir que era feliz, fingir sê-lo e deixar que acreditassem..." P.107
O tempo passava e Emma tornava-se cada vez mais adversa ao mundo, nem mesmo sua filha a pequena Berthe conseguiu fazer sua vida um pouco mais significativa. A Sra. Bobary demonstrava friamente que não nascera para ser mãe.
Desejava fugir com Léon mais ainda não tinha coragem, temia que ele não a amasse e assim perderia tudo.
Como não conseguiu concretizar o amor por Léon que fora embora morar em Rouen em Paris,
Emma entrava mais uma vez em depressão já estava muito doente quando conheceu Rodolphe que logo que a conhecera decidira que á teria de qualquer forma, era determinado e fez de tudo pra que Emma cede-se a seu desejo. Ele foi seu primeiro amante, passou um bom tempo sentindo-se feliz e realizada, vivia uma paixão intensa com Rodolphe saia no meio da noite para encontra-lo vivia uma aventura dia após dia ardendo de amor.
Não suportava mais ficar em sua casa com seu marido Charles ela começava a falar em fugir com Rodolphe que assustou-se com a loucura e falta de preocupação que Emma tinha com seu marido e sua filha, ela não ligava para nada nem ninguém tudo que queria era ficar todos os dias com Rodolphe, porém ele apesar de deseja-lá ardentemente não queria ter um compromisso seria afinal ele tinha varias amantes e amava sua vida libertina. Rodolphe dispensara e abandonara Emma que entrou em colapso nervoso chegando até a convulsionar de tanto que sofrera.
Charles fracassara em uma cirurgia quando tentara romper um tendão em Hippolyte que era manco e acabou perdendo a perna que infeccionara e tornara-se uma trombose. Decepcionada com o marido que nem como medico era bem sucedido Emma sucumbia.
No livro o personagem Homais que é um filosofo e critico a religião ( o farmacêutico de Yonville) faz criticas nervosas a igreja e aos hábitos do padre.
Gustave Flaubert descreve a igreja como ambiciosa e interesseira, onde os padres fazem tudo por dinheiro e com hipocrisia criticam e julgam a todos mesmo todos sabendo dos atos pecaminosos que eles têm.
Emma encontrara novamente Léon e agora a paixão de ambos se concretizara e ela torna-se sua amante, novamente volta a sentir o ardor da paixão e a felicidade, cada vez mais impulsiva Emma abusa da luxuria, a rotina lhe incomodava muito e todas as suas inquietações voltava a lhe perturbar agora com mais frequência, ela começara a mentir cuidadosamente para Charles, fingia que tomava aulas de pianos, enquanto na verdade usava todo dinheiro que tinha e que não tinha para satisfazer sua luxuria com Léon.
“todavia eu o amo! Dizia a si mesma. Não importa! Ela não era feliz, nunca o fora. De onde vinha então aquela influencia da vida, aquela repentina podridão instantânea das coisas em que se apoiava?” P. 246
As coisas pioraram muito quando Emma com seu jeito materialista esbanjava de riqueza e acabara por arruinar toda sua fortuna, devia tanto dinheiro que foi intimada pelo governo a penhorar todos seus pertences para quitar a divida. Emma desesperada implorara ajuda a todos que lhe viam a mente, decepcionara-se com Léon que não tinha dinheiro para emprestar-lhe e acabara indo até a casa de Rodolphe também lhe pedir dinheiro, ele também lho negou e ela enlouqueceu, passou na casa do farmacêutico Homais escondida invadiu a farmácia e roubou Arsênio que bebeu rapidamente na intenção de se envenenar, sempre fora infeliz a vida lhe era tediosa, não tinha mais motivos para viver já que se decepcionara com seu marido e com seus amantes. Depois de um longo tempo agonizando e morrendo aos poucos enquanto Charles sofrera tentando curá-lá, ela finalmente vem a falecer, Charles sofrera muito com sua perda, pouco tempo depois ele encontra todas as cartas de seus amantes Rodolphe e Léon que Emma guardava no fundo de uma gaveta, ficara desesperado, nunca havia desconfiado de nada, sentia-se agora impotente, sofrera tanto que acabou morrendo.
A pequena Berthe encontra seu pai Charles com a cabeça encostada na parede e achando que ele estava brincando empurra ele que cai no chão morto, ela vai morar com sua avó a Senhora Bovary mãe que morre no mesmo ano e a pequenina é mandada a viver com uma tia, e acaba sendo obrigada a trabalhar numa fabrica de fiação.
Conclusão
Gustave Flaubert foi processado após ter publicado esse romance, para a sociedade da época o romance induzia o adultério, a mentira, a libertinagem entre outras coisas Flaubert respondera as acusações e ainda afirma que ele é Emma Bovary.
Emma é uma personagem forte uma mulher que luta pelo que deseja não se detém as regras da sociedade em que vivera onde a mulher era vista apenas como modelo a ser admirado nada podia dizer e nada podia fazer, Emma sofrera de depressão e baixa estima, ela sonhava com amores irreais, e fazia de tudo para sentir aquele tipo de emoção, Emma vivia o romantismo, desejava ser feliz, não aceitava ficar restrita as imposições da sociedade, porque ela não podia ser feliz? questionava-se.
Flaubert levou cinco anos para escrever este romance, ficara três meses apenas escrevendo uma única cena, o que demonstra a riqueza dos detalhes abordadas no livro, o autor descreve minuciosamente todas as cenas, fazendo com que o leitor possa mergulhar de cabeça na historia.
Um livro bom para ser avaliado em diversos aspectos Madame Bovary é uma marco do movimento realista da França, Quando foi publicado em folhetim em 1º de outubro de 1856, provocou um impacto transformador na sociedade e literatura francesa. Ao falar abertamente sobre temas como: Sexo, Adultério, Mentira, Cobiça, Falta de conduta moral entre outros, o romance tocou profundamente a moral burguesa, que vislumbrou em sua obra-prima somente a ruína de todas as convenções padrões da época, o povo já via as mudanças acontecerem.
Uma mulher como Emma provocara um turbilhão de sensações nas condessas e duquesas da época, que começariam por questionar suas vidas amorosas e suas inquietações pessoais.
by: Lola Gillian