Arte para todos ou nada feito

Quando me dispus a tornar-me artista e escritor, em tempo integral, tive como meta, alcançar um ideal. Um ideal de que todas as pessoas, independente de seus arcabouços literários e experiências estéticas anteriores, pudessem apreciar arte e literatura como qualquer literato ou teórico da arte. Isto posto, eu me coloquei no lugar do leigo e pude ver que o caminho a ser trilhado por mim, até pela minha formação, passava pelo design gráfico e pela ilustração, consideradas artes menores ou artes utilitárias. Hoje gozam de relativa independência, fruto de uma pós-modernidade multi-facetada e cheia de meandros no imaginário do cidadão médio.

As obras apresentadas no Gaya´s Gallery são de minha produção de 2012 e 2013. Portanto, bastante recentes. Representam meu esforço criativo para apresentar um expressionismo abstrato que alcancei a duras penas com as Séries Materialidades e Vermelho Célere. Nessas duas séries, de 2008 e 2009, procurei utilizar materiais alternativos como lixo e restos de usados, juntamente com fotografia, reprografia (Xerox) e arte digital. Aprendi muito com essas experimentações. Reuni todas elas em um livro: Anti-arte . experimentos em artes visuais e poesia conspiracional.

Após toda essa aventura estética, voltei-me para o veículo pictórico propriamente dito, as pinturas e com o abstrato com novo fôlego. Tendo como norte, a citação de Tólstoi de que “as grandes obras de arte só são grandes porque são acessíveis a todos”, busco sempre uma síntese, uma simplicidade em minhas peças de arte. Sem deixar de colocar nessas mesmas peças, portas, janelas para o labirinto do meu universo, o meu imaginário. Cabe ao espectador debruçar-se à janela ou abrir as portas e vislumbrar o resultado da minha luta com as tintas, os pincéis e os pseudo-carimbos de madeira e pedra, utilizados por mim, para “carimbar” tinta diretamente na tela ou no papel.

Venho, nessa exposição, deixar uma pequena mensagem para os que se interessam por arte, poesia e literatura. É importante estudar as técnicas, ler sobre os movimentos, conhecer todos os nomes importantes. Tudo isso é muito válido e necessário. Mas o mais importante é cultivar uma personalidade interessante, uma personalidade que valha a pena ser visitada, ser olhada, ser desvendada. Porque hoje o sistema quer nos deixar de mãos atadas, quer nos ver como “pastéis de vento” como foi dito tão bem por um amigo nosso facebookiano que não me recordo o nome. Hoje o sistema quer nos ver desfigurados de nossas idiossincrasias e prontos para aceitar tudo que “eles“ tem como verdade única. Porque afinal de contas, quando lemos, quando observamos arte, quando assistimos filmes, quando nos emocionamos, é a nossa personalidade que está sendo expressa. E essa ninguém pode tirar de nós.

(Texto escrito por ocasião da exposição virtual individual de Mauricio Duarte no grupo do facebook Gaya´s Gallery).

Página de artes visuais de Mauricio Duarte no catálogo da NG Arte Galeria: http://www.ngarteprodutoracultural.com.br/galeria/artistas/mauricio_duarte.html

Mauricio Duarte (Divyam Anuragi)
Enviado por Mauricio Duarte (Divyam Anuragi) em 25/05/2013
Código do texto: T4309009
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