LEMBRANÇAS DA MINHA TERRA...

Tenho guardado no peito,uma saudade meio sem jeito dos ares do sertão...

Por lá nasci...Por aqui me criei...

Por lá duas voltei...e me encantei...

Minha cidade é pequenina...construida em cima de lajes...enormes pedras a perder de vista...

Onde há terra...a terra é seca...muito seca...

Terra amada,quase sem nada onde seus filhos querem voltar...

Voltam nem que seja pra sentir o cheiro do sol quente,sol ardente...

Até hoje sinto o perfume dos cajueiros,dos mandacarús,dos embuzeiros,das belas mangueiras...

Fui apresentada a beleza rara de meia dúzia de cobras diferentes,aos camaleões e suas cores e muitas...muitas flores...

Não sei como resistem aquelas belas flores...

No rosto do sertanejo existe a cor do sol...a marca enrrugada da dor e do sofrimento pela seca...

O sofrimento do olhar de ver muitas vezes a mesa vazia...não por não ter coragem de trabalhar,mas sim por não ter o que fazer...o sol castiga...a seca perdura ...e mata...

A seca aniquila todos os sonhos do sertanejo...a chuva torna-se seu único sonho...água é vida...

Tudo...tudo depende do tempo e o tempo...Deus comanda...

Lembro bem do cheiro do gado e como é lindo vê-los indo beber água nos açudes...mais lindos ainda são os açudes...

Lembro das missas da igreja matriz,o badalar dos sinos a cada hora...coisas simples que preenchem a memória...

O coro do natal...as pastorinhas,o frevo de rua que encanta...pura magia...

Tenho lembranças de ver Chico colhendo palmas e retirando-lhes os espinhos para alimentar o gado...e como ferem os espinhos...

A ordenha é singular...o produto direto da fonte...como é engraçada a ordenha...

Depois disso...vem a fabricação de queijos,coalhadas,requeijões e doces...

A perfeita alquimia do sertanejo de transformar cheiros,texturas e sabores...

Não sei muito mais da minha terra...o que sei foi o que guardei em meu coração...

As ruas por onde andei,sempre tranquilas com suas casinhas coloridas e seus canteiros cheios de flores...

Lembro-me ainda de “Maria” que fabricava panelas de barro...e me deixou brincar com seu barro...

Haviam algumas senhoras que ficavam empilhadas nas janelas pra ver a paulistinha metida a besta passar...

Mal sabiam elas que aquela paulistinha era filha daquela terra...

Tenho saudades das rendeiras e seus bilros,das crocheteiras...das doceiras...

Essa paulistinha não sabe se um dia volta por lá...só sabe que da sua terra...

Ela sente muita saudade...

Rizzo
Enviado por Rizzo em 22/05/2013
Reeditado em 18/05/2014
Código do texto: T4303636
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