Ariane foi traída ou Como uma mulher aperta a mente de um homem (?)
Bem, esta é uma típica História de traição. Ou melhor, de não-traição. Ou melhor, de como as pessoas acreditam que podem controlar as outras. Ou melhor, quem quiser que conte outra.
Numa sala de bate-papo virtual, em 2005, ou seja, há exatos oito anos, um homem disfarçado de homem encontra um homem disfarçado de mulher (tudo mentalmente falando). O apelido de cada um era bem sugestivo. Um procurava e outro ofertava. Desejos se encontram assim. Daí começaram a se encontrar pessoalmente, logo após a conversa via internet. De pronto, sem muito lero lero, pois os corpos queriam sentir o que os cérebros já sentiam. Foram tantos encontros, tantos desencontros, bebidas, praias, sexo, conversas, confidências, fotos, sexo, sexo, sexo. Tem algo melhor que sexo na vida? Falar de sexo, fazer sexo, ver sexo, pegar sexo, fotografar sexo. O resto é o resto.
Falar de resto, sempre tinha alguém em casa para requentar a marmita. A merenda de primeira quem consumia era o amor da internet. A sobra sempre chegava em casa macambúzio, cansado, mas, por óbvio, para não despertar suspeitas, sempre pontual. Até que um dia... Deu duro, tomou um Dreher, mas não reanimou. O telefone tocou. Era a federal querendo saber por onde andava o fiel escudeiro. “Estou na BÊ-ERRE”. Desculpa de trânsito infernal, que chegaria logo logo e a federal esbravejando do outro lado da linha. A discussão fez com que aquele encontro não rendesse tanto quanto rendeu em outros tempos. Nada mal. Afinal, em oito anos ininterruptos nunca tinha falhado. Tudo feito às pressas, correr pra casa, para não despertar suspeitas.
E o telefone não parou de tocar. “Estou na Bonocô”, respondia, com voz melosa, tentando acalmar a fera. Nova chamada, “Agora estou perto da Rodoviária”, e ia se arrastando no meio do mar de carros. O aperto vinha de casa, na vã tentativa de dar uma dura no cabrito. O cabresto, no entanto, não estava bem amarrado. O danado ia pra onde queria, aprontava o quanto desejava e voltava feito gato manso, miando fino e disfarçando a falta de apetite, dando desculpas de um dia cansativo, muitas diligências, etc e coisa e tal. Bem, apertar a mente até que apertaram. O rapaz mudava a voz, demonstrava pressa em voltar ao lar, falava baixo, pedia desculpas, mas o bem já tinha sido feito e continuava a ser feito e seria feito por muitos e muitos anos, amém!
Numa sala de bate-papo virtual, em 2005, ou seja, há exatos oito anos, um homem disfarçado de homem encontra um homem disfarçado de mulher (tudo mentalmente falando). O apelido de cada um era bem sugestivo. Um procurava e outro ofertava. Desejos se encontram assim. Daí começaram a se encontrar pessoalmente, logo após a conversa via internet. De pronto, sem muito lero lero, pois os corpos queriam sentir o que os cérebros já sentiam. Foram tantos encontros, tantos desencontros, bebidas, praias, sexo, conversas, confidências, fotos, sexo, sexo, sexo. Tem algo melhor que sexo na vida? Falar de sexo, fazer sexo, ver sexo, pegar sexo, fotografar sexo. O resto é o resto.
Falar de resto, sempre tinha alguém em casa para requentar a marmita. A merenda de primeira quem consumia era o amor da internet. A sobra sempre chegava em casa macambúzio, cansado, mas, por óbvio, para não despertar suspeitas, sempre pontual. Até que um dia... Deu duro, tomou um Dreher, mas não reanimou. O telefone tocou. Era a federal querendo saber por onde andava o fiel escudeiro. “Estou na BÊ-ERRE”. Desculpa de trânsito infernal, que chegaria logo logo e a federal esbravejando do outro lado da linha. A discussão fez com que aquele encontro não rendesse tanto quanto rendeu em outros tempos. Nada mal. Afinal, em oito anos ininterruptos nunca tinha falhado. Tudo feito às pressas, correr pra casa, para não despertar suspeitas.
E o telefone não parou de tocar. “Estou na Bonocô”, respondia, com voz melosa, tentando acalmar a fera. Nova chamada, “Agora estou perto da Rodoviária”, e ia se arrastando no meio do mar de carros. O aperto vinha de casa, na vã tentativa de dar uma dura no cabrito. O cabresto, no entanto, não estava bem amarrado. O danado ia pra onde queria, aprontava o quanto desejava e voltava feito gato manso, miando fino e disfarçando a falta de apetite, dando desculpas de um dia cansativo, muitas diligências, etc e coisa e tal. Bem, apertar a mente até que apertaram. O rapaz mudava a voz, demonstrava pressa em voltar ao lar, falava baixo, pedia desculpas, mas o bem já tinha sido feito e continuava a ser feito e seria feito por muitos e muitos anos, amém!