HOLOCAUSTO NUNCA MAIS (PSICity) ROTEIRO DE CINEMA (3ª REDAÇÃO) 18

218. INT. DO SALÃO DE JOGOS. SALA IMPROVISADA DENTRO DO ESPAÇO DO MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA. PARQUE DO IBIRAPUERA — NOITE

(ROSSI LEE despertou disposto, revigorado, agente de forças inusitadas. Dormiu 45 minutos. Pensou ter dormido pelo menos oito horas. O salão estava cheio de gente. Desamarraram-no).

CHARLES BROWN

(em tom desconfiado e desafiador)

Conte sua história, esperto, talvez você convença alguém de nasceu mesmo no século XX (risadas debochadas acompanham a fala de CHARLES BROWN).

ROSSI LEE

(narrativo)

Vocês sabem muito bem de que a “amblose disforme” não foi o único fenômeno estranho entre os acontecimentos que despovoaram o planeta. ROSSI LEE resumiu os acontecimentos. Ao lembrar as vítimas da CHE, das viroses, ele fala do “Arquivo Jângal”. Da “TV full-time”, até a chegada na pousada em Barra do Garças.

(Ao terminar sua exposição dos eventos, ele vê a plateia mudar de atitude. Não estão, seus espectadores, tão debochados como antes dele começar a falar).

ROSSI LEE

(mostrando preocupação)

Preciso falar com ADRIANE TAUIL. Ela não sabe onde estou. Preciso procurá-la. Talvez ela tenha encontrado o SPA da filha e esteja lá.

(Muitas risadas se fazem ouvir outra vez. Sorrisos abafados transformam-se em gargalhadas).

ROSSI LEE

(com voz irada)

Que coisa eu disse pode ser tão engraçada? Não sou humorista. Vocês riem fácil demais. Parece uma gangue de bufões.

CHARLES BROWN

(complascente)

Escuta filho, pega leve! — O mundo agora está dividido entre os “hot-dogs”, que somos nós, e os “pig-spas”, nossos inimigos. A explicação vem de um idoso que parece ser o braço direito de CHARLES BROWN.

(As explicações sobre o mundo “pós-amblose-disforme” se sucedem. De repente todos querem falar. E trocar ideias com ROSSI LEE. O lugar se transforma num “mercado persa”. Todos falam simultaneamente).

PADILHA

(revelando-se excelente orador)

Uma década depois das últimas crianças terem nascido os barões do planeta investiram em pesquisa geriátrica e em rejuvenescimento. — PADILHA explica não apenas a parte política e econômica dos eventos que modificaram radicalmente o planeta, mas expõe e elucida os eventos que transformaram as relações entre ricos e pobres em conflitos violentos e radicalizados. Ao extremo.

PADILHA

(continuando a narração)

A preocupação com a vaidade tornou-se a única motivação de vida dos “pigs” que passaram a produzir produtos que apenas eles poderiam ter acesso ao consumo. Principalmente cosméticos, soros, chás, medicamentos de combate aos radicais livres. O soro hepático da longevidade, aliado à atividade física intensa nos “spas”, provoca um período de rejuvenescimento das células.

(Sucede-se à explicação uma preocupação geral em retirar ADRIANE e o índio PERIMURICÁ de dentro do “SPA TAUIL E OSTROWSKY”).

219. INT. SALA DE ESPERA. SUBNÍVEIS SUBTERRÂNEOS DO “SPA TAUIL E OSTROWSKY”. IBIRAPUERA — NOITE

(O doutor IRWIN FEIFER ao adentrar a sala de estar, faz a saudação nazista “Fervet Opus”, e convida ADRIANE a acompanhá-lo).

DR. IRWIN FEIFER

(Mostrando-se simpático e condescendente)

Entrem, por favor, faremos tudo o que estiver ao alcance para que sua estada seja a mais proveitosa possível. — O médico acredita que ADRIANE TAUIL é sócia da clínica no Brasil e veio da Romênia para fazer inspeções de rotina. Apesar da aparência dela ser bem mais jovem que a da doutora ARIADNE TAUIL, sua avó. Ele acredita que esta aparência jovial é produto do avanço nas pesquisas de rejuvenescimento da clínica TAUIL E OSTROWSKY.

ADRIANE TAUIL

(mantendo-se incógnita)

Perfeitamente, doutor FEIFER. —— Responde ADRIANE, a falar o menos possível, para não despertar qualquer suspeita de que não é a pessoa que ele pensa que ela seja.

DR. IRWIN FEIFER

(não consegue esconder seu entusiasmo)

Romenos são realmente insuperáveis em pesquisa geriátrica! Ele pega o braço de ADRIANE e começa nervosamente a apalpar sua pele, como se não acreditasse na textura da mesma. —— Como podem ter chegado a esse grau de perfeição? Um tanto afetado ele exclama: Di-vi-no, é simplesmente i-na-cre-di-tá-vel, per-fei-ta de-ma-is. Que textura! FEIFFER pronuncia as palavras como se estivesse mais que comovido, extasiado.

DR. IRWIN FEIFER

(chegando próximo à bajulação escancarada)

Santo Reich! Vocês avançaram muito. As novidades devem ser realmente fantásticas. Que inusitada qualidade epidérmica! Os avanços geriátricos da equipe Ostrowsky são realmente fantásticos. — Olhando com certo desdém para PERIMURICÁ ele exclama: “O segurança vai acompanhar a inspeção?”.

ADRIANE TAUIL

(olhar de cumplicidade para PERIMURICÁ)

Ele nunca fica distante de mim. São ordens! — ADRIANE responde com certa ironia, olhando sorrateiramente para PERI. Este, pousa a manopla no ombro de ADRIANE, numa mostra de intimidade que suscita uma expressão de incontrolável desdém do médico.

(A sala onde adentram é um laboratório de horrores. Dezenas de corpos de hot-dogs estão sendo assados vivos dentro de cápsulas rotativas nas quais vários medidores externos de temperatura e reações químicas indicam o gradativo estado comatoso das “cobaias hot-dogs”).

220. INT. NOITE. ELEVADOR E SALAS SUBTERRÂNEAS DO “SPA TAUIL & OSTROWSKY”. IBIRAPUERA

(IRWIN FEIFER continua explicando como os processos químicos agem para expelir o humor aquoso das glândulas sudoríparas através das secreções viscosas que se “exulam” das fadigas orgânicas dos “hot-dogs” em estado comatoso).

DR. IRWIN FEIFER

(didático, com ares de superioridade arrogante)

Quanto mais resinosos os líquenes, melhores os resultados dos medicamentos geriátricos.

(Os comentários explicativos de FEIFER soam aos ouvidos horrorizados de ADRIANE como se ele não fosse humano). E estivesse completamente incapaz da mínima empatia para com os “hot-dogs” presos às máquinas numa temperatura média mínima de 45°, padecendo indizíveis horrores para manter a viciosa vaidade dos “pigs”. PERIMURICÁ mantém a expressão de quem está, simultaneamente, enojado e contido.

DR. IRWIN FEIFER

(mostrando-se disciplinado e entusiasta)

Infelizmente nessa fase, eles não duram muito tempo. A extrapolação orgânica do fígado ressecado, a fibrose e formação de nódulos, semelhante ao processo de cirrose, a bílis segregada inutiliza os subprodutos químicos das secreções...

(A causa da irritação, quase insuportável, tanto de ADRIANE quanto de PERI, está na excessiva soberba com que o doutor FEIFER pronuncia as palavras. Como se afirmando a altivez para eles inexplicável, por estar partícipe dessa dominação excessivamente sádica da população de “hot-dogs” aprisionados para serem cobaias dessas pesquisas sobre o “soro da longevidade”).

221. INT. SALAS DO LABORATÓRIO EXPERIMENTAL DO “SPA TAUIL & OSTROWSKY”. IBIRAPUERA — NOITE

(ADRIANE mostra-se realmente atordoada à vista de tanto sofrimento e ao mesmo tempo da absoluta insensibilidade do médico FEIFER).

ADRIANE TAUIL

(pensando em voz alta)

Os médicos juraram cumprir o código deontológico! Infelizmente a maioria deles apenas jurou! TAUIL mencionou de si para consigo a falta de ética do doutor.

DR. IRWIN FEIFER

(absorto em pensamentos)

Como? Repita! Não ouvi direito!

ADRIANE TAUIL

(recuperando-se da indiscrição)

Ah! Não foi nada! Estava pensando em voz alta!!

PERIMURICÁ

(com acentuada advertência)

Não tarda eles vão descobrir que você não é a pessoa que pensam ser. — PERIMURICÁ, aproveitando certa distância ganha pelos passos apressados do médico, sussurrou para ADRIANE. — Aí a cobra vai fumar!

ADRIANE TAUIL

(mostrando-se muito tensionada)

Não dá para continuar por mais tempo essa impostura. —— Os olhos esbugalhados de estupefação fazem ADRIANE verter lágrimas ao passar pelas imensas galerias subterrâneas, onde contempla as imitações de seres humanos arrastando-se por detrás das grades. A pele reluzente de suor antígeno.

PERIMURICÁ

(estupefato ao ver tanto sofrimento)

Fantasmas podem sonhar? — Pergunta PERIMURICÁ olhando para os “hot-dogs” prisioneiros semimortos arrastando-se em direção às grades em câmera (passos) lenta.

ADRIANE TAUIL

(ao lembrar-se da luminosidade dos túneis sob a selva)

É a mesma luminescência. A luz azulada nos túneis de acesso aos subterrâneos do mosteiro na selva Amazônica.

DR. IRWIN FEIFER

(atendendo ao celular)

FEIFER chama ADRIANE ignorando a presença do nativo: “Venha, doutora, precisa andar mais depressa!”.

ADRIANE TAUIL

(repete baixinho de si para consigo)

“Belial empinava-se na montanha de escórias fumegantes e sulfúreas bem no centro do reino de gritos e estertores onde Éris, a Discórdia, dominava os infernos”. —— TAUIL repete as frases a partir de uma memória distante. Algum texto que um dia havia lido. Não lembra o nome do autor.

(Alguns prisioneiros “hots” ao vê-los estendem os braços lentamente em direção às enormes mãos do índio que estavam a segurar as grades de uma das celas. Da garganta de alguns “hots” prisioneiros saem sons ininteligíveis. PERI estende as mãos em direção a um deles olhando em seus olhos interrogativos, como se não compreendesse por que lhes imputavam tantos horrores).

222. INT. NOITE. CORREDORES E SALAS SUBTERRÂNEAS DO SPA

(Ruídos de tiros, disparos de metralhadoras. Muitas explosões se fazem ouvir ao longe).

PERIMURICÁ

(sorri como se estivesse a alegrar-se)

Chuva! Chuva!

ADRIANE TAUIL

(estranha a atitude do índio)

Que quer você dizer com isso? Ela interroga PERI. — O índio apenas sorrir abertamente para ela.

ADRIANE TAUIL

(afirmativa)

Não pode estar sabendo se está ou não chovendo. Estamos no sexto subsolo. ADRIANE mantém a expressão facial interrogativa.

ADRIANE TAUIL

(pergunta)

Você quer dizer chuva de balas?

DR. IRWIN FEIFER

(muito apreensivo)

Depressa! Entre no elevador. FEIFER continua ignorando PERI. Fala como se apenas ADRIANE estivesse presente.

(O elevador industrial começa a subir lentamente. CHARLES BROWN abre a portinhola superior do elevador e pula em seu interior).

CHARLES BROWN

(muito tenso)

Você deve ser ADRIANE, viemos resgatá-la. — E você PERI. Precisamos sair daqui logo. A Guarda Nacional vai estar aqui em pouco tempo. — Depressa! Temos de sair logo daqui!

DR. IRWIN FEIFER

(extremamente irado)

Esses malditos “dogs”, o SPA está sendo invadido. — FEIFFER aperta um botão de alarme ao mesmo tempo em que pega um aplicador de choque de alta-voltagem de um escaninho interno. — Esses malditos “dogs”!

(CHARLES BROWN é atingido pela extremidade do bastão de choque empunhado por FEIFER. O impacto é tão forte que o lança meio para fora do elevador industrial. Ele ainda segura na borda, mas, para não ser esmagado pelo movimento de ascendente do elevador, ele salta para o piso externo).

223. INT. DO SPA. PARTE INTERNA DO ELEVADOR — NOITE

DR. IRWIN FEIFER

(a exteriorizar ódio e preconceito)

Vê se morre sub-raça! FEIFER joga o peso do corpo sobre o tórax de PERI, pressionando com os dois braços a extremidade da arma de choque à altura do coração do índio.

PERIMURICÁ

(A absorver a intensidade do impacto. Ele abre a bocarra, mas dela não sai nenhum som. Há apenas o pressentimento de um estrondo colossal, virtual, que se lança de suas entranhas, a abranger todos os espaços subterrâneos do SPA. O nativo paralisado momentaneamente cai de joelhos. Parece estar a arregimentar forças internas inusitadas, enquanto FEIFFER vira-se em direção a ADRIANE tentando atingi-la com a ponta da arma de choque).

DR. IRWIN FEIFER

(a exteriorizar ódio e preconceito)

Piranha! Vadia! Quem é você realmente? Juro que vou comer seu fígado vivo.

ADRIANE

(reage com grande indignação)

Maldito porco nazista! — Ela segura com as duas mãos o punho do médico, impedindo, por momentos, que a arma de choque a atinja. — PERI estende o braço esquerdo em direção aos bagos do médico. Levantando-se, ele suspende a mão para trás e logo depois para frente e para cima, num movimento que alavanca o corpo de FEIFER fazendo-o virar em cambalhota, ao inverter a posição do mesmo.

(As luzes internas do SPA começam a piscar. Acendem e apagam, enquanto o elevador ora desce, ora sobe, conforme os movimentos dos membros de seus ocupantes que, involuntariamente, atingem os botões direcionais do mesmo).

DR. IRWIN FEIFER

(berra, traduzindo a intensidade da dor violenta resultante da fúria do ataque de PERI)

HUUUAAAUAUUAU! — Ele perde completamente a noção de espaço. Após a cambalhota a cabeça atinge com força o chão do elevador. A cabeça do médico vai alojar-se entre as coxas do índio que a prende ao fechar as pernas. — O ascensor firma-se em movimento descendente. Enquanto se fazem ver nos corredores e salas fora dele, bandeiras vermelhas compridas a mostrar em meio a elas o logotipo negro das indústrias de cosméticos e produtos “Tauil e Ostrovsky”: FERVET OPUS, comercializados via sites na Internet.

224. INT./EXT. ELEVADOR E SALAS SUBTERRÂNEAS DO SPA. IBIRAPUERA — NOITE

(CHARLES BRONW entra no elevador ainda em movimento, pega o bastão de choque da mão direita de FEIFER e começa a aplicar-lhe choques ininterruptos, sob os olhares nas faces ofegantes de ADRIANE e PERIMURICÁ. A jornalista, percebendo que o médico está possivelmente morto, pega no bolso de BROWN).

ADRIANE

(a segurar o pulso de CHARLES BROWN)

Basta! Ele não reage mais. Está sem vida.

CHARLES BROWN

(ironiza a situação)

Esse maldito, gente ruim como ele não morre fácil! —— BROWN leva os dedos à garganta de FEIFFER e sente que não há mais pulsação jugular. BROWN salta do elevador e sobe correndo a escada onde se encontra com ROSSI LEE.

CHARLES BROWN

(agitado, ele fala para ROSSI LEE)

Sua mulher, ela está bem. Está dentro do elevador com um índio.

ROSSI LEE

(sem esconder a estranheza, pergunta)

Por que você não os trouxe? Não é para isso que estamos aqui?

CHARLES BROWN

(muito agitado e apressado)

Não há tempo para explicações. Pegue-os e os conduza até o segundo pavimento onde há o rombo na parede. O reforço da segurança do “SPA” não tarda a chegar.

(Guiados por outros membros do grupo, ADRIANE, PERI e ROSSI LEE dirigem-se para o lugar onde uma explosão abriu uma grande fenda na parede do 2° andar do SPA que dá acesso à área externa).

225. INT. DO SPA. SALAS E CORREDORES SUBTERRÂNEOS — NOITE

PADILHA

(aponta firmemente numa certa direção)

Sigam, depressa! Encontro vocês mais tarde. Saiam daqui logo. ROSSI LEE após abraçar ADRIANE, volta-se e corre em direção ao interior do SPA. Sem treinamento no manejo de armas, mas se crê perfeitamente hábil para manejá-las.

(Após pegar a metralhadora de um “pig-spa” atingido no olho direito, ROSSI LEE dispara no colete do morto verificando que o mesmo é, realmente, à prova de balas. Veste-o. Um hot-dog, no calor do combate atira nele supondo estar atirando num “pig”. Com um gesto desculpa-se e retira de um inimigo morto o colete, protegendo-se ele também).

PADILHA

(mirando no falso “pig”)

Sou eu, ROSSI LEE. Não atire.

PADILHA

(apressando-se)

Vamos buscar CHARLES BROWN, ele não vai querer sair do SPA até matar o último “pig”. A Força Armada não tarda a chegar. É suicídio ficar mais tempo.

(A visão das enormes jaulas onde são mantidos a 45° centígrados mínimos os prisioneiros “hots” capturados nos “pogrons” de detenção dos “hot-dogs”, os odores do suor antígeno que dessas celas exalam, a aparência física ultrajada dos “dogs” em seus trajes sumários, as expressões corporais abatidas...).

CHARLES BROWN

(ele pára um momento frente à ampla sala de estar de salão de exercícios aeróbicos do “SPA”. Dezenas de “pigs” estão passivamente acovardados, olhando para fora do biombo da parede de vidro protetora baixada automaticamente para separá-los da zona de conflito).

(A revolta de BROWN transforma-se em ódio operante).

CHARLES BROWN

(apressando-se em dá ordens)

Abram as grades das enxovias! Acionem os controles. Libertem os presos! — O velho CHARLES se transformou numa máquina de matar. Qualquer residente do “SPA” que não seja um “hot” ele elimina impiedosamente. — Matem todos os malditos, berra ele. Não sejam fracos. Não tenham piedade. Deem-lhes o troco.

226. INT./EXT. DEPENDÊNCIAS SUBTERRÂNEAS DO SPA. LOCAIS DE SAÍDA DOS GUERRILHEIROS “HOTS” — NOITE

(Os “hots” que se agruparam próximos a ROSSI LEE chegam a BROWN. Apesar de ferido, ele luta com os poderes do Leão. Há estilhaços de vidraça nos ombros, no rosto, nos braços, cabeça e mãos. Meia dúzia de seguranças “pigs” entram na sala onde são recebidos com rajadas de metralhadoras à altura da parte superior do tronco, pescoço e rosto. Os corpos “pigs” são lançados bruscamente para trás. As pernas patinam no ar).

PADILHA

(berra em direção ao ouvido de BRONW)

Vamos depressa, os reforços estão chegando! Logo a Força Armada estará aqui. O apelo bramido a todo pulmão no ouvido de CHARLES BRONW acompanhado de um puxão violento no braço dele serve de alerta.

CHARLES BROWN

(recuando teimosamente em direção às jaulas de prisioneiros)

Os portões das celas estão abertos?

PADILHA

(exasperando-se mais)

Sim, mas não serve de nada. Você não compreende? Os prisioneiros estão desidratados, eles não podem mais andar, simplesmente se arrastam. Ninguém no mundo pode fazer mais nada por eles.

(Os caminhões da Força Armada começam a chegar. Oficiais e soldados vestidos de uniforme verde-oliva vieram restabelecer a lei e a ordem. Vieram defender a tirania dos ricos contra os pobres, dos poderosos contra os fracos. A ditadura da vaidade contra os sobreviventes das ruas).

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 15/05/2013
Reeditado em 21/05/2013
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