HOLOCAUSTO NUNCA MAIS (PSICity) ROTEIRO DE CINEMA (3ª REDAÇÃO) 5

62)INT. LIMUSINE. AVENIDA PAULISTA — NOITE

(Um dos oito PASSAGEIROS dos ocupantes iniciais da limusine agora em número de sete, instalado na poltrona amarela frente a um bar em madeira natural, iluminado à neon, aperta um botão e fala com o MOTORISTA, dá ordem para ele baixar um pouco o vidro da janela).

(A LOURA do lado, pernas e coxas à mostra, a calcinha vermelha esticada entre os joelhos, parece desacordada. A MORENA, ainda abalada, não se havia recuperado de todo da experiência visual traumática, ou “combustão humana espontânea” do PARCEIRO de programa).

(O MÚSICO que soprava uma gaita, como se querendo ausentar-se dos acontecimentos, sentou-se ao lado da LOURA e comenta com ela, ignorando que a mesma não pode ouvi-lo):

TOCADOR DE GAITA

(tentando ausentar-se dos acontecimentos estarrecedores)

“Essa pílula que ingeri é de urânio, mana. Tô vendo coisa que não pode está acontecendo”. — O cara está a olhar o amontoado de cinzas sobre a poltrona onde há poucos segundos estava o EXECUTIVO. Dele resta apenas as roupas e a gravata borboleta. Ele tenta fingir que está sob controle. Mas, realmente, está à beira de um colapso nervoso. Não sabe ao certo se ingeriu uma overdose de anfetaminas. Ou se cheirou demasiado — “aquela maldita coca misturada com pólvora”, balbucia.

(A LOURA enfia o dedo indicador no fundo da garganta, como se tentando provocar rapidamente o vômito, e diz: — CARA, eu também tomei uma cápsula — olhando temerosa para as vestes intactas da vítima de CHE — pensando que era “exctasy”).

63) INT./EXT. CARROS. AVENIDA PAULISTA — NOITE

(O EXECUTIVO olha para fora da limusine, pisca-pisca os olhos. Depois os esfrega de modo veemente. Torna a olhar como quem custa a acreditar no que está vendo):

(Um MOTOQUEIRO alçado por uma força estranha arremessa-se para frente e para cima, juntamente com sua moto, elevando-se e rodopiando no ar, cai em cima de uma banca de revistas. A moto projeta-se para dentro de uma janela no 2° pavimento de um prédio de escritórios).

EXECUTIVO

(Apressadamente ele ordena ao MOTORISTA, via interfone)

Cara! Não acredito!! Suspende logo esse vidro!!! Depressa! Anda!

TERCEIRA MULHER

(dirigindo-se ao EXECUTIVO com voz trêmula)

O que foi que houve? Você parece que viu um fantasma. Ou muitos.

EXECUTIVO

(apontando o dedo indicador para o vidro)

Lá fora o bicho está pegando. Tá estranho, brother... (após uma pausa, repete): soltaram todos os malucos de todos os hospícios... Com certeza.

TERCEIRA MULHER

(pegando a garrafa de champanha de um dos três recipientes porta-gelo. As mãos trêmulas denunciam certo descontrole)

Fica calmo, a fuselagem das portas desse “avião” e os vidros são a prova de bala. Até de bala de fuzil. Acho que essa coca está “pauleira” demais, não é natural é sintética.

64) EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE

(Apesar da incomum e extraordinária batalha PSI acontecendo em derredor, o cantor e apresentador JOHN GROW, ao lado de LILIAN PETECA embarcam apressados na Van de uma emissora de TV).

(Enquanto técnicos carregando equipamentos de câmara e som, se instalam nos assentos. O motorista, apressado, dá a partida no carro).

JOHN GROW

(olhando para o rosto infantil e contido do MOTORISTA, cabelos louros e grandes, que lembra a cantora mencionada, apesar da penugem da barba)

Calma “LADY GAGA”, calma, essa coisa não vai durar um século. Apesar de estar acontecendo de ponta a ponta da Paulista.

65) INT./EXT. CARRO. AVENIDA PAULISTA — NOITE

(Enquanto GROW senta-se pesadamente e sorri inquieto, LILIAN olha para os lados como quem delira. Centenas de imagens diversas passam na tela de sua mente consciente. Ela murmura de si para consigo, como se aprendendo a falar, palavras que aos poucos vão se transformando em zumbidos).

(Cada PESSOA dentro da Van da reportagem de TV está excessivamente atenta a seus próprios afazeres. Ninguém presta atenção no que está acontecendo com a repórter LILIAN).

(JOHN GROW olha para o lado de fora da Van, apontando a pressa das PESSOAS que passam pelas calçadas, como se fugindo de alguma coisa. Ele mantém uma atitude debochada com relação a elas. Ele nem nota que LILIAN está tentando dizer-lhe alguma coisa):

GROW

(surpreso por não conseguir falar)

......Qeumshaaaadayhwow... Yhnnnewwwaaaahhhhhhhhhaly...

LILIAN

(irritada)

Fala, porra! Tu tá só zumbindo.

66) INT./EXT. AVENIDA PAULISTA (BRASIL). AV. CHAMPS-ÉLYSÉES (PARIS), FIFTY AVENUE (NEW YORK), AV. CHANG YAN (CHINA), AV. OMOTESANDO-DORI (TOKYO) — NOITE

(Capôs de carros içados por força não identificada, porta-malas puxados para o alto desprendem-se de uns e outros carros. Os vidros de um ônibus estilhaçam-se em direção a viaturas da PM paradas na esquina da Alameda Campinas).

(Na Av. Champs-Élysées, Paris, PASSAGEIROS do metrô, nas proximidades das estações Concorde e Charles de Gaulle, surpreendem-se com a paisagem urbana da cidade, como se estivessem próximos às estações Trianon-Masp e Consolação. Na Avenida Paulista em São Paulo).

(PASSAGEIROS de táxi que circulavam na Fifty Avenue, próximos ao Central Park, em New York City, onde eventos semelhantes aos verificados na Avenida Paulista, nos Champs-Élysées, e em outras capitais globalizadas do planeta, sentiram-se, por momentos, segundo depoimentos nos principais jornais noturnos TVvisivos de seus países, como se estivessem em Outro lugar. Em Outro país).

(JAPONESES E CHINESES que circulavam de carros e ficaram parados no trânsito em decorrência dos estranhos eventos verificados nas Avenidas Chang Yan e Omotesando-Dori, disseram ter tido a nítida impressão de terem sido teletransportados para lugares onde haviam estado quando fizeram turismo naqueles países).

67) EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE

(A parte dianteira de um carro desloca-se para cima e logo depois desaba por sobre o porta-malas do veículo em frente. Um POLICIAL agacha-se ao vê, atônito, aproximar-se dele o capuz de um carro que se havia desligado de um veículo nas proximidades. Ele deita-se apressadamente no asfalto da rua, assim como outros POLICIAIS que estão próximos. Eles são atingidos apenas pelos estilhaços dos vidros quebrados dos carros policiais que foram impactados pelo capuz, que agora se arrasta a poucos metros, na calçada defronte, após causar estragos no teto de duas viaturas).

(Algumas luminárias que permeiam a Avenida Paulista esfacelam-se em milhares de pedaços, após explodirem, projetam seus fragmentos para todos os lados. Alarmes contra roubos aumentam muito a poluição sonora. Tornando-a insuportável nas imediações das ocorrências).

68) EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE

(As sirenes das ambulâncias fazem-se ouvir. Assim como as sirenas dos carros de bombeiros e das viaturas policiais que vão chegando ao lugar, ocupando espaços nas calçadas e nas ruas transversais. Somando-se às viaturas que nelas já estavam).

(Focos de incêndio pipocam em toda extensão da Avenida. Barricadas policiais são erguidas. Fitas de plástico amarelo foram estendidas em redor das áreas consideradas de risco).

(Cavaletes traçam os limites de circulação dos pedestres, ciclistas, motoqueiros e motoristas. Grandes áreas adjacentes, nas ruas paralelas estão sendo interditadas).

(Motores de explosão alternada explodem. Pegam fogo. Literalmente. À fumaça resultante soma-se à névoa esverdeada que permeia o lugar. O combustível e o ar dos cilindros inflamam-se. As labaredas sobem de debaixo dos capuzes que ainda permanecem parcialmente fechados. PORTEIROS, SEGURANÇAS, POLICIAIS, PROPRIETÁRIOS de veículos, tentam apagar com extintores de incêndio os focos de fogo surgidos em vários locais. Há grande azáfama nesses lugares globalizados pelo mesmo modelo de eventos coletivamente mórbidos: Brasil, Estados Unidos, China, Reino Unido, França, Roma e muitos Outros).

69) INT./EXT. FIFTY AVENUE. ESTADOS UNIDOS — NOITE

(PESSOAS que dirigiam seus carros contemplam os estragos ao redor. Algumas comentam entre si que os Estados Unidos talvez estejam novamente sob ataque terrorista. A situação semelhante à da Avenida Paulista. Focos de incêndio pipocam em toda a extensão da Fifty Avenue. Cavaletes policiais traçam os limites de circulação. Luminárias pipocam. Focos de incêndio em vários lugares. Os sinais de trânsito pendem dos gonzos e fios de sustentação. Os sinais de trânsito que permanecem no lugar piscam do vermelho para o verde e amarelo sem interrupção. Janelas de vidro dos edifícios estilhaçam-se com grande estardalhaço).

70) INT./EXT. AV. CHANG´AN. CHINA — NOITE

(PESSOAS agachadas tentam não ser atingidas por estilhaços de vidro. Muitas correm em direção a abrigos improvisados. Veículos são puxados para o alto por força ascensional inexplicável. O espetáculo aterroriza e alucina. Os celulares soam sem cessar. A sonoridade patológica da cidade está multiplicada por dez).

71) INT./EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE.

(O cenário do conflito impressiona. Os contendores parecem ser todos contra todos. Como se o ódio sempre tivesse marcado presença no psiquismo coletivo das PESSOAS e, de repente, não menos que de repente, tivesse aflorado de maneira incontrolável).

(As PESSOAS dentro dos prédios estão apavoradas. Movimentam os olhos, interrogativas querem saber o porquê de todos esses estranhamentos. Não sabem o que fazer).

(PESSOAS tentam desamarrar os cintos de segurança nos bancos dos carros e correr. Algumas conseguem, outras, logo preferem voltar para a insegurança no interior dos automóveis).

(HELIO, do banco do motorista sintoniza o rádio. Há muito estática. Ele não consegue sintonizar nenhuma emissora. Exceto de outras capitais do planeta. Quando ouve locutores falando o que presume ser japonês ou mandarim).

(CARLA permanece de olhos fechados, como se ausente, enquanto o PAI acelera suavemente o veículo, buscando sair de fininho dentre os escombros. Desviando-se das faíscas que proliferam no asfalto, provenientes dos pedaços de materiais elétricos de luminárias, sistema elétrico dos carros, fiação em curto-circuito. Ele dirige devagar temendo ser parado pelos POLICIAIS. Entre a fumaça de motores fumegantes e a névoa esverdeada misturada aos poluentes que saem dos veículos automotores, consegue sair da proximidade do local dos enigmáticos eventos).

72) INT./EXT. CARRO. AV. PAULISTA — NOITE

(HELIO consegue se afastar do cenário de sucata ao ar livre em que se transformou o asfalto, as calçadas e as imediações da Avenida Paulista. Em pânico, não consegue articular as palavras. De quando em vez olha para CARLA. E se pergunta):

HELIO

(desconfiado e interrogativo)

Ela contribuiu para que meu carro fosse poupado da violência inaudita que presenciara há pouco?.

73) EXT. AVENIDA PAULISTA — NOITE

(A suposta calmaria do cenário é perturbada por uma série de POLICIAIS que apontam para uma camioneta impulsionada em arco por uma força tipo catapulta, invisível, nas proximidades do Museu de Arte de São Paulo — MASP).

(Os POLICIAIS correm apressadamente das proximidades do evento. A caminhonete descreve uma trajetória muito alta, em meio arco de círculo, indo cair sobre duas viaturas policiais estacionadas no asfalto em frente ao prédio da Justiça Federal).

(A gasolina se espalha e uma faísca faz explodir os carros próximos à explosão do veículo catapultado na Avenida. Outros carros são igualmente impulsionados por uma violência ascensional que os impacta quando se chocam com outros carros, bancas de revistas e vitrines na Avenida, devido à velocidade de atrito. Calculada posteriormente em mais de 150 km/h).

74) INT. SALA DE APARTAMENTOS — DIA/NOITE

(As salas de jantar de alguns apartamentos são mostradas rapidamente pelas câmeras, a partir dos noticiários TVvisivos. As PESSOAS do sofá da sala de jantar assistem a tudo com perplexa aflição e ansiedade).

(Os repórteres dos jornais impressos e TVvisivos entrevistam PESSOAS envolvidas indiretamente nos eventos por terem sofrido algum tipo de ferimento ou prejuízos. CIVIS e MILITARES fornecem opiniões pessoais).

(Depoimentos de autoridades científicas de outros países são traduzidos nas reportagens dos jornais nacionais. Outros países, onde ocorrências semelhantes aconteceram simultaneamente nas principais avenidas do planeta da informação globalizada, aparecem com imagens semelhantes às captadas pelos telejornais na Av. Paulista e imediações).

75) INT. APARTAMENTO. DIA SEGUINTE — DIA

JUSSARA

(contida e compassiva atende telefonema da mãe, LIGIA, de JL. VOLTAIRE)

Não é incômodo. É um prazer.

LIGIA

(com simpatia)

VOLTAIRE tinha muito carinho por você. Ontem achei um envelope com um bilhete e um DVD para serem entregues a ti. Se algo acontecesse com ele (choramingando) — Aconteceu.

JUSSARA

(com muito jeito)

Nenhuma de nós estava preparada para isso.

LIGIA

(conformando-se)

Não percebi nenhuma apreensão especial nele. Não falava nadica de nada comigo.

JUSSARA

(explicativa)

Quem poderia se dá conta dessas coisas tão incomuns? Inesperadas! Nem as autoridades ditas competentes conseguem explicá-las.

76) INT. SALÃO DE EXPOSIÇÃO. USP. EXPOSIÇÃO DE FOTOGRAFIAS — DIA

(JUSSARA imagina imagens memoráveis do evento CHE que vitimou VOLTAIRE).

75) INT. APARTAMENTO. CONTINUAÇÃO DO DIÁLOGO — DIA

JUSSARA

(aflita, levando uma mão à cabeça)

O Jornal Nacional está se tornando mais Fantástico do que o programa Fantástico do domingo.

LIGIA

(afirmativa)

Li sobre uma teoria. A mente inconsciente, diante de tantos eventos sociais mórbidos, está provocando reações inusitadas de catarse coletiva.

JUSSARA

(de acordo)

Sei! “A Teoria Done”! A imensa energia coletiva PSI recalcada, encontra nesses eventos uma maneira de extravasar-se. Milhões de PESSOAS em todo o planeta, sentindo-se violentadas por uma realidade social superlativamente sádica, sem condições de reagir de outra forma, provocam essas mostras de violência. Inconsciente. Catarse!

LIGIA

(questionando)

Mas..., isso faz sentido? Há outras explicações. Um Portal para outra dimensão da matéria teria sido aberto por uma Experiência da Marinha dos Estados Unidos na IIª Grande Guerra.

JUSSARA

(supostamente em dúvida)

Talvez. Os desarranjos físicos e mentais de milhões de pessoas premidas por circunstâncias adversas, usadas por políticos impunes, pessoas vítimas de gerações e gerações de poder econômico abusivo, talvez estejam a encontrar, inconscientemente, uma maneira de dizer BASTA! Essas autoridades não se importariam se os corpos dessas pessoas fossem invadidos por entidades de outra dimensão, desde que elas gerassem lucros para suas empresas.

LIGIA

(conformando-se)

Muita exclusão social! Muito abuso de poder econômico e político. Muita impunidade. Muita concentração de renda. Muita corrupção. Muita mentira. Talvez essa “Teoria Done” faça mesmo sentido.

JUSSARA

(afirmativamente contida)

Todas essas coisas criam um “Horizonte de Eventos” coletivo, quando buscam uma válvula de escape que não é permitida pelos poderes corporativos.

LIGIA

(crédula)

Excesso de violência institucional gera violência real. A “lei de Jersey” ou “lei de Gerson”, dos Conselhos de “Etitica” dos políticos, suas maracutaias secretas...

JUSSARA

(enfática)

Soberba concentração de corrupção gera muita concentração de renda. E de revolta popular contida.

76. INT. PRÉDIO DE APARTAMENTOS. SALÃO DE EVENTOS. ELEVADOR. QUARTO — DIA/NOITE

BETHBRONCA

(síndica do prédio onde mora SABRINA)

Vou mostrar a esses pentelhos quem é quem aqui. Vou fechar o pátio interno no andar térreo. Eles vão ficar sem onde patinar. — Pátio fechado é uma indicação de que BETHBRONCA está mal humorada.

CRIANÇAS

(seis meninas e seis meninos “conversam” em silêncio. O uso de telepatia pelas crianças tornou-se rotineiro)

(As crianças que chegam ao salão de eventos próximo ao pátio do playground leem o aviso afixado na porta: “Hoje o pátio vai ficar fechado”. A porta do salão de festas está entreaberta. As crianças entram e ficam contemplando a reprodução da pintura de TARSILA DO AMARAL, ABAPORU).

CRIANÇAS

(pronunciam palavras entre si enquanto contemplam ABAPORU)

Granãoaoehelevhtti! (Após o zunido a tradução): Canibal... Homem...Gente...Comer...Antropofagia...Demens...Pessoas... Devorar.

(No elevador BETHBRONCA, mulher robusta, austera, com porte e sobrenome germânicos nota uma estranha coincidência: ao descer ou subir para seu apartamento no 13° andar, está sempre acompanhada por CRIANÇAS sempre a fixá-la. Em silêncio).

BETHBRONCA

(confortando-se em seus pensamentos)

“Será apenas uma coincidência? Por que me olham dessa forma ostensiva, calada, intermitente? Crianças inconvenientes, mal educadas”! — BETHBRONCA não sabe explicar porque uma certa apreensão começa a tomar conta dela quando ela percebe uma proposital intencionalidade da parte das CRIANÇAS”.

(BETHBRONCA odeia a sensação de ficar sendo observada pelos baixinhos. Aceita a companhia dos mesmos como um incômodo que precisa tolerar. As razões dessas coincidências a perturbam cada vez mais).

BETHBRONCA

(olhando-se no espelho da porta do guarda-roupa)

Ridícula! Cabeças não diminuem de tamanho. — Mas BETHBRONCA não sai mais do apartamento. Confina-se por mera vergonha de mostrar-se. Sua vaidade não permite o ridículo de se apresentar como se fosse a personagem da pintura de TARCILA DO AMARAL, ABAPORU: um corpo enorme, a cabecinha reduzida e desproporcional.

(BETHBRONCA pensa de si para consigo, lembrando-se das vezes que, por cisma, mero autoritarismo e extrapolação de sua autoridade enquanto síndica do prédio, proibiu as CRIANÇAS de usufruir do espaço reservado ao divertimento delas).

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 15/05/2013
Reeditado em 15/06/2013
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