Conspiração literária . antologia de contos neoístas
O livro é uma seleção de contos, realizada através dos critérios de conteúdo e de qualidade literária a partir da escolha e organização do próprio autor, Mauricio Duarte.
Os contos apresentados são: Trinta e dois e pleonasmo, A mortalha das sombras, Esposas, já prá coxia!, O menino xadrez, Que diabos estive fazendo nos últimos anos?, Apartamento 606 – questionamentos, Hariel, Hélida e a contenda e Joana, a filha do Universo.
No conto Apartamento 606 . questionamentos, dois casais, Yuri e Valéria, Gustavo e Andréia se envolvem sexualmente e se defrontam com suas verdades fundamentais num apartamento.
Yuri é um ateu convicto, Valéria é uma bruxa wiccana e Gustavo e Andréia são adeptos do guru OSHO. Juntos eles vão empreender uma jornada que desafiará os limites do relacionamento como conhecemos hoje.
No conto Joana, a filha do Universo, uma menina se vê diante de uma triste realidade: sua mãe está morrendo de AIDS. Ela vai enfrentar o problema com muita imaginação. A partir da ausência da mãe, que
vai para o hospital, ela passa a imaginar-se como joaninha para entrar na bolsa da mãe e ir com ela sem que ela saiba. Imagina-se como gaivota para voar até onde está a mãe. A menina tem muitos insights
durante suas brincadeiras imaginativas e, ao final, descobrirá que não temos que nos comportar como outros querem e sim como nós somos.
No conto A Mortalha das Sombras, Luciano se vê enredado pelas lembranças do seu passado, principalmente sobre um roteiro para teatro que escreveu quando ainda era estudante: Nessa história, Luciano,
um menino que adora jogar xadrez e vencer, vai encarar uma jornada mística com três animais míticos, a Coruja, o Elefante e o Lobo.
Os contos tem um fio condutor nas nossas conspirações do dia-a-dia, que são permeadas pela literariedade de certas expressões idiomáticas, expressões universais ou expressões de grupos particulares, que
são trazidos à tona pelo autor. Como quando Joana (no conto Joana, a filha do Universo) tenta ensinar o gato Rebolo a falar a palavra merda, pois ele tinha se transformado num papagaio na visão da garotinha.
ou quando Andréia (no conto Apartamento 606 . questionamentos) usa a expressão frieza cavalar ao que é interpelada por Yuri, que argumenta que cavalos não são frios, se os cavalos tornam-se frios é pelo contato com o ser humano. O animal doméstico imita o dono e assim também acontece aos cavalos.
Ou quando Luciano (no conto A Mortalha das Sombras) se refere ao passeio do Jardim Botânico como um saco. A sua mãe retruca, dizendo que ele nunca tinha ido, como poderia saber que é um saco? Ele argumenta: É um saco assim mesmo.
Em suma, os contos apresentam a marca da contemporaneidade: fragmentada e posta em em risco como sentido de ser das pessoas.
Link para leitura online e download do livro (em e-book): http://www.recantodasletras.com.br/e-livros/3634304