VIOLÊNCIA

Estamos todos saturados com a violência, com mortes estúpidas, assaltos, furtos, violência contra a mulher, contra crianças, dos ladrões pobres e ricos, homicidas pobres ou engravatados, estamos cansados e com um profundo sentimento de vulnerabilidade, estamos sós. Entendo que tal acumulo de sentimentos acaba por nos tornar pessoas assustadas, permanentemente na defensiva por um lado, e por outro, sedentos de justiça, mesmo que feita por vias transversas. Agora mesmo a Rede globo trouxe as cenas de um helicóptero abatendo a tiros um grande bandido carioca, que tentava fugir de carro pelas vielas de uma favela. O bandido morreu em conseqüências dos tiros desferidos pelo atirador de elite que se encontrava no helicóptero. O que chama atenção é a quase total aprovação da ação policial, colocando-se de um lado, os cidadãos de bens que querem justiça e do outro, pessoas ligadas aos direitos humanos (dos bandidos) segundo a maioria. É incrível como a passionalidade, o cansaço com tanta violência nos priva de um mínimo de análise racional, de bom senso. O ocorrido se deu em uma comunidade pobre, uma favela, mas será que a reação pública seria a mesma se tal situação se desse em área nobre? Na avenida atlântica em Copacabana, ou na Avenida Paulista, ou em um lugar de residências de classe média, nem precisaria ser num bairro rico não, na nossa rua, por exemplo? Acho que a polícia não deve aliviar mesmo, a coisa está feia e cada vez mais os bandidos agem de forma brutal e covarde, mas o dever de proteger pessoas inocentes é prioritário. Quem já teve um ente querido morto por engano sabe muito bem o que é uma ação precipitada, inconseqüente, irracional e sem a técnica necessária. Espero que não seja preciso acontecer para depois refletir. Ninguém quer uma caça as bruxas, ou culpar a polícia, mas uma reflexão do que queremos como ação legítima e necessária que nos proteja dos bandidos e dos tiros amigos que por ventura sejam disparados de um helicóptero caçando um bandido numa busca “matematicamente” planejada.