Deixar fluir a criação
Deixar fluir a criação, espontaneamente. Deixar que venha a inspiração plena de gozos e prazeres. É assim que entendo meu movimento em direção às artes visuais. Para mim, é necessário deixar a arte falar através da minha pessoa, através das minhas mãos. A arte é que fala, não eu.
Penso num expressionismo abstrato, montanhas de configurações nas quais me deleito ao realizar, pesquisando e investigando o meio que estou utilizando. Nanquim, guache, aquarela, pastel oleoso, canetas esferográficas e de marcador, pseudo-carimbos inventados por mim... Utilizo-me desses materiais no momento de criação para traçar panoramas de formas, cores e luzes. Estabeleço um diálogo com a tinta, o pincel e o papel ou a tela, que uso com parcimônia, a maioria das minhas peças artísticas é em papel.
Crio mundos de significantes abstratos em busca do significado concreto, real que é inalcançável, que está como o horizonte, sempre adiante, mas nunca palpável, fora das nossas mãos. Postulo um imaginário cheio de formas entrelaçadas pelo continuum do espaço em constante mutação, sempre novas, sempre alteradas.
Minha criação me justifica e me faz viver melhor. A partir dela, posso voar por conceitos puramente visuais ou estéticos e/ou posso mergulhar no conceito cujo significado o espectador pode auferir daquela investigação pictórica.
Como comecei nas artes visuais através da leitura de histórias-em-quadrinhos de super-heróis e das ilustrações de livros infanto-juvenis, não tenho preconceitos quanto à arte pop ou arte popular. Pelo contrário, acredito que a contribuição da arte pop para a arte erudita seja peculiar e altamente significativa. Atuei, aliás, durante oito anos, como ilustrador e designer gráfico, produzindo peças de mídia impressa na sua maior parte; portanto o universo do imaginário pop é natural para mim. Venho me dedicando, exclusivamente à arte e à literatura desde 2008.
Enfim, meu interesse é o de transgredir as normas do que seja decodificável pelo cidadão médio que não tem pretensões artísticas e nem um arcabouço estético que lhe agracie com entendimento de altas viagens em arte. Trazer o público de volta às artes plásticas para que possa apreciar obras abstratas e expressionistas tanto quanto obras figurativas e tradicionais.
Esse texto encontra-se na minha página de artes visuais no catálogo da NG Galeria de Arte. http://www.ngarteprodutoracultural.com.br/galeria/artistas/mauricio_duarte.html