Da minha janela vejo...
Ao abrir a janela do meu quarto vejo que no mundo está faltando algo. Falta justiça, falta liberdade, falta paz. Vejo povos brigando por um pedaço de terra, vejo pessoas sendo caladas pelo Estado, vejo o amor se esvaziando de muitos.
Quando abro a janela percebo que talvez tenhamos construído uma globalização utópica, uma vez que o muito e o melhor concentra-se nas mãos de poucos, que as desigualdades sociais são gritantes em nossa sociedade, que a cada 3 segundos, uma criança morre de fome na África. Já dizia Adam Smith: "todo mundo é um poço de egoísmo", uma vez que as pessoas querem mais e mais apenas possuir, sem olhar o próximo.
Ao abrir a janela do meu quarto percebo um sistema sócio-econômico totalmente desorganizado. Em que o sistema capitalista prega que o importante não é "ser" e sim "ter". Em que as pessoas se tornaram verdadeiros "outdoors" ambulantes. E o pior é que as pessoas acabam se acostumando com tal sistema e, deixam-se tornar alienadas. Então, por perderem grande parte do seu senso crítico, as pessoas acabam se tornando não mais portadores de informações, e sim, meramente ouvintes. Ouvintes conformados.
Ao abrir a janela do meu quarto vejo que ainda falta muito para que os sonhos de muitos se tornem realidade. O sonho da unificação das nações, o sonho do extermínio da fome, o sonho da casa própria, o sonho de ter um lar. O problema é que isso não depende unicamente de nós. É necessário que aqueles que estão no poder percebam no quão nível de vacuidade social eles se encontram. E isso leva tempo. Tempo, que muita das vezes, não chega.
Mas por mais paradoxal que possa transparecer tem algo que ainda da para ver o abrir a janela: a fé. E é ela que nos faz acreditar que mesmo em meio a tantos problemas sócio-econômicos, ainda sim, existe esperança. E é ela que nos impulsiona a acreditar no impossível, a buscar o inatingível, a alcançar o inalcançável. Foi ela o grande agente na vida de tantos patriarcas e profetas da bíblia na realização de milagres e maravilhas. E é essa mesma fé que nos move a querer mudar a situação em que se encontra a sociedade quando abrimos as janelas dos nossos quartos.