VIDA SUGESTIVA
Estava ali quieto, parado na inconstância das ideias, e assim como em um costumeiro dia no despontar da existência, com a mão, ou melhor os dedos entrelaçados à caneta, de cor absolutamente preta, meu dia se iniciava tendo como única o sol poente.
E sendo de uma inocência comparável a de uma criança, questionava os por quês? para o mundo, e na pureza de um anjo, realmente espreitava a sincera resposta, a qual nunca chegarei.
Aquelas palavras singelamente sublinhadas pela tinta negra, e compostas sobre uma folha de brancura imensurável era escrita à desventura de mais um orador mudo, que não nascera assim, sem poder "vocal", mas num "acidente" isso lhe foi tirado, provocando a clausura do homem.
Nessa mesma situação se encontrara um velho que aparentava cerca de 500 anos, que mais parecia um garoto levado no brasidão de sua juventude; Era o dono do cortiço onde o pobre mudo mora, dessa maneira de vez em vez se encontravam; Segundo as palavras do orador, o velho que poucas experiências possuía já estava saturado de tantas interrogações e exclamações esquecidas, mas mesmo assim, contava com certo apresso suas historinhas de tempos passados, as quais serviam de conselho para o jovem e também de consolo para o desventurado...
O menino de promissor orador se tornou um mudo, que por um acidente coercivo da vida, não pode contemplar a dádiva recebida por Deus... Se tornou pedra, objeto, com medo abstinou-se do desejo, do direito que um pouco amontoado de lixo lhe tirou.