Saudades do Vale do Paraíba.

Lá na Serra,naquelas tardes serenas,quando a névoa brincava de lençol e se amoldava aos contornos,o menino subia à procura de pinhão.Era quase inverno,era quase satisfação.Os monturos de cupim salpicavam por entre os caminhos.Quando o tempo estava seco,quente,com Lua quase crescente saíam as siriluias aos montões.Bom prá pescar lambari.Êta Serra incruada,teimosa no seu lugar.Ciriemas de penacho para trás faziam algazarra no capim ralo. O menino subia.Serra deleitosa,Serra formosa do sobe-e-desce. Uma bola de fogo,lá no começo da Mantiqueira,espreitava o Vale,brilhava no rio,esquentava um tiquinho antes de deitar. Serra amiga de frutos fartos e ribeirões mil.Um puçá,uma passada por baixo do capim da margem e lá vinham pitus e carangueijos.Não era pescar,era brincar.Um foguinho de gravetos secos,uma lata,um pouco de cinza junto e estava feito o banquete.Com as vespas,muito cuidado! Cada pisar era olhado,senão,pernas para correr e caras e braços inchados.Serra da linda Infância.Serra da altivez.Serra do olhar contido.Serra do sem-horizontes.Serra da timidez. Mesmo quando se volta da distância urdida pelo tempo,não se vê mais oi cenário indescritível,gravado na memória de um menino.Quem mudou? A Serra ou o Menino.O Tempo é inexorável.Leva a todos num turbilhão de encontros e desencontros.Serra Amiga.Serra Mulher com seus contornos voluptuosos e sedutores.Serra de mil histórias.de muitas memórias gravadas no seu chão,nos seus caminhos.Choro a Dor de um ausente,dor pungente,dor de não se realizar o sonho de viver nas suas encostas,um sítio simples,para ver o Sol morrer.

Chico Chicão
Enviado por Chico Chicão em 09/02/2013
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