HOLOCAUSTO NUNCA MAIS (PSI CITY) 2ª REDAÇÃO V

207) INT./EXT. ELEVADOR E SALAS SUBTERRÂNEAS DO SPA. IBIRAPUERA — NOITE.

(CHARLES BRONW entra no elevador ainda em movimento, pega o bastão de choque da mão direita de FEIFFER e começa a aplicar-lhe choques ininterruptos, sob os olhares nas faces ofegantes de ADRIANE e PERIMURICÁ. A jornalista, percebendo que o médico está possivelmente morto, pega no pulso de BROWN).

— Basta! Ele está sem vida.

— Esse maldito nasceu morto — BROWN leva os dedos à garganta de FEIFFER e sente que não há mais pulsação jugular. BROWN salta e sobe correndo a escada onde se encontra com ROSSI LEE.

— Ela está bem. Está no elevador com um índio.

— Por que você não os trouxe? Não é para isso que estamos aqui?

— Não há tempo para explicações. Pegue-os e os conduza até o segundo pavimento onde há o rombo na parede. O reforço da segurança não tarda a chegar.

(Guiados por outros membros do grupo, ADRIANE, PERI e ROSSI LEE dirigem-se para o lugar onde uma explosão abriu uma grande fenda na parede do 2° andar do SPA que dá acesso à área externa).

208) INT. DO SPA. SALAS E CORREDORES SUBTERRÂNEOS — NOITE.

— Sigam, depressa! Encontro vocês mais tarde. Saiam daqui logo. ROSSI LEE após abraçar ADRIANE, volta-se e corre em direção ao interior do SPA. Mais jovem, sem treinamento no manejo de armas, ele mostra surpreendente desenvoltura e habilidade para manejá-las.

(Após pegar a metralhadora de um “pig-spa” atingido no olho direito, ROSSI LEE dispara no colete do morto verificando que o mesmo é, realmente, à prova de balas. Veste-o. Um “hot-dog”, no calor do combate atira nele supondo estar atirando num “pig”. Com um gesto desculpa-se, e retira de um inimigo morto o colete, protegendo-se ele também).

— Sou eu, ROSSI LEE. Não atire.

— Vamos buscar CHARLES BROWN, ele não vai querer sair do SPA até matar o último “pig”. A Força Armada não tarda a chegar. É suicídio ficar mais tempo.

(A visão das enormes jaulas onde são mantidos entre 45° e 50° centígrados mínimos os prisioneiros “hots” capturados nos “pogrons” de detenção dos “hot-dogs”, os odores do suor antígeno que dessas celas exalam, a aparência física ultrajada dos “dogs” em seus trajes sumários, as expressões corporais abatidas...).

— ““Esse, pensou CHARLES BROWN, é apenas uma mostra das centenas de guetos onde os “pigs” mantêm encarceradas as vítimas de suas experiências genéticas criminosas das quais derivam os chás, as bebidas fermentadas à base de cevada, lúpulo e demais cereais, produtos cosméticos e serviços dos “spas” em redor do mundo”.”

(A revolta de BROWN transforma-se em ódio operante).

— Abram as grades das enxovias! Acionem os controles. Libertem os presos! O velho CHARLES se transformou numa máquina de matar. Qualquer residente do “SPA” que não seja um “hot” ele elimina impiedosamente. — Matem todos os malditos, berra ele. Não sejam fracos. Não tenham piedade. Deem-lhes o troco.

209) INT./EXT. DEPENDÊNCIAS SUBTERRÂNEAS DO SPA. LOCAIS DE SAÍDA DOS GUERRILHEIROS “HOTS” — NOITE.

(Os “hots” que fazem parte do grupo de ROSSI LEE chegam a BROWN. Apesar de ferido, ele luta com os poderes do Leão. Há estilhaços de vidraça nos ombros, no rosto, nos braços, cabeça e mãos. Meia dúzia de seguranças “pigs” entram na sala onde são recebidos com rajadas de metralhadoras à altura da parte superior do tronco, pescoço e rosto. Os corpos “pigs” são lançados bruscamente para trás. As pernas patinam no ar a certa altura do solo).

— Vamos depressa, os reforços estão chegando! Logo a Força Armada estará aqui. O apelo de um “dog” no ouvido de BROWN acompanhado de um puxão no braço serve de alerta.

— Os portões das celas estão abertos?

— Sim, mas não serve de nada. Os prisioneiros estão desidratados, eles não podem mais andar, simplesmente se arrastam. Não há tempo para esperar.

(Os caminhões da Força Armada começam a chegar. Oficiais e soldados vestidos de uniforme verde-oliva vieram restabelecer a lei e a ordem. Vieram defender a tirania dos ricos contra os pobres, dos poderosos contra os fracos. A ditadura da vaidade contra os sobreviventes das ruas).

210) INT. DO ABRIGO “HOT”. MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA. IBIRAPUERA — NOITE.

(ADRIANE e ROSSI LEE foram resgatados. Os “hots” feridos e exaustos, os que saíram com vida da invasão do SPA, trocam impressões).

— Vocês puderam ver: idosos ainda dão no coro. Estamos, os que sobramos, vivos para contar a história. ZECA ZUMBI está sendo atendido por estar ferido de bala na perna. O colete havia salvo sua vida. Há marcas de tiro no tórax e na parte posterior do tronco.

— Como acreditar que aquela casa dos horrores, aquela Ilha do dr. Moreau, esse campo de concentração ser obra de minha filha... Ou neta? Como pode ela prestar-se a essa empresa macabra? ADRIANE está inconsolável.

— Fica calma, estamos bem! Estamos aqui (ROSSI LEE fala olhando em volta) eles foram mesmo impressionantes. Muita coragem, arriscar dessa forma suas vidas por pessoas que conheceram apenas há poucas horas.

— Chá muito ruim aquele. Sabor infernal! PERIMURICÁ faz uma careta. Depois sopra um pouco de fumaça, aliviando-se. ADRIANE sorrir e pergunta:

— Como você conseguiu retê-la tanto tempo nos pulmões? Eles devem ter cozinhado mesmo (risos gerais) — A câmara afasta-se do grupo. Os que ficaram cuidam dos feridos.

211) INT. ESTÁDIO OLÍMPICO MONUMENTAL. PORTO ALEGRE — DIA.

(Atletas da Força Armada participam das competições das Olimpíadas entre os membros dos vários templos da Igreja do Salvador dos Últimos Dias, à qual pertencia, antigamente, o Pastor MCKENZIE. As arquibancadas estavam cheias de idosos sarados de todos os cantos do país. Afinal, aquele era um evento ao qual não podiam faltar. Os principais espécimes dos SPAS exibindo-se e competindo mutuamente. Logo estariam definidas quais as práticas de nutrição mais avançadas nas pesquisas genéticas de rejuvenescimento).

(Os atletas que ganharam os melhores lugares nas mais diversificadas formas de competição foram focalizados recebendo seus prêmios, suas medalhas de ouro, prata e bronze, pela TV-Ghost. Todos eles foram intensamente treinados nos quartéis e Centros de Treinamento da Força Armada, antiga Polícia Militar. Na capa da minuta dos jogos vê-se o desenho de um atleta com o número 111 estampado na camiseta estilo regata-fashion. Os “pig-spas” aproveitavam o evento esportivo para comemorar o assassinato covarde de 111 “hot-dogs” pegos fora das grades das enxovias durante a invasão do “SPA TAUIL & OSTROWSKY” pelos "hots").

(As autoridades máximas do país estavam presentes nos camarotes especiais, ingerindo os mais destacados produtos dos “spas”: bebidas com maltes envelhecidos em tonéis contendo a “dosagem certa de plasma antígeno que acelera a produção de anticorpos específicos ou de linfócitos sensibilizados”. Através de toda a área das arquibancadas do Estádio Monumental estavam à vista bandeiras enormes, no formato das exibidas nos eventos esportivos e políticos nos tempos do III Reich. Compridas e vermelhas, tendo no centro o logotipo em preto: FERVET OPUS).

212) EXT. ESTRADAS. PAISAGENS. PRAIA PARTICULAR DE HOTEL. SALVADOR. BAHIA — DIA.

(ADRIANE e ROSSI LEE hospedam-se num hotel de turismo na Bahia que possui uma praia particular. São poucos os hóspedes. Mas quando a notícia corre de que estão hospedados, o hotel começa a se encher de hóspedes curiosos. Resta-lhes, quando isto acontece, sair do lugar e ficar viajando. O casal esquiva-se ao trato e à convivência com os remanescentes da raça Homo sapiens/demens e de seu triste e lamentável passado).

— O “full-time-movie” mostra a maior tragédia ecológica nacional: o governo do PT e as obras políticas da primeira presidente da República mulher. — Você não quer ver? A pergunta de ADRIANE, suscita a resposta irônica de ROSSI LEE:

— “Recordar é morrer”, como dizia o provérbio popular pós-governos do PT.

(O filme mostra que a Usina de Belo Monte de Merda, construída para o enriquecimento ilícito de empreiteiras e políticos corruptos, resultou em irreversíveis impasses socioeconômicos e ambientais. A alteração do curso do rio Xingu para alimentar as barragens, gerou o apodrecimento das raízes de milhares de árvores que serviam de diques de alimentação para diversas espécies de peixes ao longo dos municípios de Vitória do Xingu, Brasil Novo e Altamira. Ao final da obra concluiu-se que seria preciso outro rio Xingu para garantir a vazão da represa e a geração de energia elétrica para os 365 dias do ano. 30 terras indígenas e 15 unidades de conservação foram atingidas. Populações nativas tiveram de migrar de seus ambientes originais).

(O filme do dia da TV-Ghost, ou Canal 10, mostra cenas da cidade de Altamira transformada numa grande favela. As obras da usina Belo Monte de Merda, mais que duplicou seus habitantes. E o “território mais indígena do país” foi invadido por todo tipo de interesses econômicos criminosos. Muitos líderes de grupos ecológicos foram assassinados. Os crimes continuaram depois de 2001 quando o coordenador do Movimento pela Transamazônica e do Xingu, Ademir Federicci morto covardemente com um tiro na boca quando dormia ao lado da esposa e do filho caçula, após sua participação em debate de resistência contra a construção da Usina de Belo Monte de Merda).

(A TV-Virtual mostrou no filme do dia, cenas do passado, ocorridas na 1ª década do século XXI, quando a coordenadora do movimento Mulheres do Campo da Cidade do Pará, e do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Antônia de Melo, após ameaças e tentativas de assassinato não saiu mais às ruas. Segundo ela, “essa Usina foi um crime contra a humanidade perpetrado contra nove povos ribeirinhos e trabalhadores da agricultura familiar que foram simplesmente expulsos da região”. Cenas de mobilizações populares e de ambientalistas que há décadas realizavam ações de resistência contra a usina com repercussão internacional).

(A TV-Ghost exibe cenas do passado. Do passado anterior à construção da Usina Belo Monte de Merda, em doze de abril de 2010 o diretor de cinema James Cameron, a atriz Sigourney Weaver e Joel David Moore participaram de ato público contra a obra. O GREENPEACE, em 20/04/2010, protestou contra a Agência Nacional de Energia Elétrica em Brasília, despejando três toneladas de esterco na porta de entrada da ANEEL. As faixas do protesto diziam: “O Brasil precisa de energia, não da usina Belo Monte de Merda").

— Se é que um monte de merda poderia ser Belo, comentou ROSSI LEE. Com fontes de energia solar e eólica disponíveis em todo o país, as empreiteiras e os políticos corruptos fizeram uma festas ao assaltar os cofres públicos com as autoridades sempre coniventes entre si e os três poderes garantindo-se mutuamente a impunidade.

— Um modelo de desenvolvimento para encher os bolsos dos amigos da corrupção institucionalizada. Dos amigos do peito do ex-presidente Analfabeto. Corrupção conta a qual os parlamentares desse partido havia sido votados. E eleitos.

(O filme documentário do dia da TV-Virtual mostrou a transamazônica das centenas de comunidades ribeirinhas, os atos públicos manifestaram, no começo do século XXI, a indignação e o repúdio a mais essa “obra do PT” construída a partir do Sítio Pimental. O Canal 10 exibiu cenas do livro do Cacique Raoni, “Memórias de Um Chefe Indígena”, lançado no longínquo ano de 2010, prefaciado por Jacques Chirac. Recebido por Nicolas Sarkozy, Raoni, em entrevista À RFI, disse que os índios reagiriam com “guerra de guerrilha” àqueles que estivessem construindo a barragem, durante todo o período de construção da usina Belo Monte: Belo Monte de Merda).

(O “Canal-Ghost” mostrou também o recrudescimento das queimadas e da devastação da floresta pelo desmatamento, por aqueles trabalhadores que, após a construção da Usina, ficaram sem trabalho. Os slogans pós-Usina diziam: “Após O governo Do PT Sobrou Para Você A Amazônia Ainda Mais Devastada”).

213) EXT. HOTEL 5 ESTRELAS. PRAIA DE BOA VIAGEM. RECIFE. PERNAMBUCO — NOITE.

— Venha ver! — (ROSSI LEE aproxima-se de ADRIANE) — Advinha quem está no “full-time-movies” de hoje?

(Sentado numa poltrona frente à praia, ele atende ao chamado de ADRIANE. Chega-se ao lado dela e visualiza a TV-Ghost. Um monge está ao lado de NORTON junto a uma esfinge num enorme salão onde se veem estátuas gigantes dos “Guardiões Silenciosos”). O Monge fala a NORTON:

— Por favor, senhor NORTON, venha ao stand seguinte. Acredite! A Esfinge costuma devorar os que dela se aproximam. Literalmente, às vezes. O senhor pode não ser uma exceção.

— Há tempo decifrei, eu mesmo, meu enigma, responde NORTON. ÉDIPO decifrou a trindade do tempo do homem. Haverá algo mais obscuro e difícil?

— Para cada ser o imprevisível começa no momento em que é gerado. Apenas um embrião, e já está a vivenciar seu enigma. Quanto mais cedo compreender isso, mais chance terá de decifrá-lo. As palavras do Monge soam a NORTON como um desafio.

— “O estar preparado é tudo”. Ele cita a frase de HAMLET em resposta ao Anacoreta. Ele nem desconfiava de que o cristal “high-tech” de que é feita a Esfinge já o havia devorado mil vezes mil vezes. E rastreado seu código genético de trás para frente, de frente para trás, por milhares de gerações passadas, desde o momento em que ele não passava de um aminoácido perdido numa cadeia genética elementar.

— NORTON parece confiante demais, pondera ROSSI LEE. ADRIANE oscilando a cabeça de cima para baixo e de debaixo para cima, mostra que está em plena concordância com ele.

— “Não percebeu que nessa guerra nada é previsível”. Ela ouve ROSSI LEE dizer, num murmúrio, como se falasse para si mesmo. Os grandes olhos de ADRIANE estão temerosos e atentos.

214) INT. SUBTERRÂNEO DO MONASTÉRIO AMAZÔNICO — DIA/NOITE.

(NORTON está extasiado com as maravilhas arqueológicas do museu “underground” do Mosteiro amazônico: ídolos esculpidos em pedra. Estátuas muito antigas esculpidas em metais, ouro, cobre. Imagens do nascimento de deuses. Peças e utensílios do período minóico. Desenhos em relevo de teogonias, cerâmicas de Cnossos e cretense).

— A pérola lendária, o olho mitológico dos incas. Está aqui! (ele estende a mão destra para pegá-la e ao crânio de cristal com olhos de jade). — Suas propriedades mediúnicas e premonitórias! Exclama NORTON extasiado.

(A mão agora se estende em direção a uma adaga de lâmina sutil com dois gumes superpostos).

— Alguns antigos a chamavam “adaga de cristal”, diz o monge. Algumas dessas preciosidades têm suas origens no limiar do tempo, em civilizações há muito extintas.

NORTON (murmura de si para consigo) — “Você está sozinho nesse lugar. Se houver mais alguém estará tão longe que nem preciso me preocupar. Quem poderia socorrê-lo de um ataque traiçoeiro? Ora, traição é minha rotina”.

(NORTON apunhala o monge com a “adaga de cristal”. Quer vê-lo morto, sair desse lugar levando consigo a maior quantidade possível dessas riquezas arqueológicas impressionantes).

— É hora de decisão, meu caro. Ele afirma com olhar alucinado, enquanto esfaqueia compulsivamente o monge repetidas vezes. Ele vagueia horas em busca de uma saída do labirinto subterrâneo, caminhando inutilmente entre câmaras, túneis, passagens, salas, corredores, frinchas. Agacha-se para descansar e beber um gole de água do cantil, quando vê, ao lado, as sandálias do “homem da solidão”. Identifica-o pelos pés e a aba da batina. Levantando-se, ameaçador, pergunta:

— Quem é você, maldito? Que faz aqui? Volte para o inferno. NORTON atinge o monge com vários tiros de pistola. Ele permanece impassível.

— Nem todos os caminhos que guiam para baixo conduzem igualmente para cima, senhor NORTON. Ele puxa lentamente para trás, com ambas as mãos, o capuz que lhe cobria as faces. O rosto cor da pele mostra-se liso, assustador. As faces vão ganhando as formas do rosto de NORTON. Isto o tranquiliza, afinal, nunca faria mal a si mesmo.

(O “olhar de penitência” do Anacoreta fixo em seus olhos, começa a aterrorizá-lo. Sua memória traz ao nível consciente matanças indiscriminadas. O prazer cromagnon dos combates. O sangue dos adversários respinga em seu rosto exultante. A adrenalina das batalhas, o transe maligno que o subordinada aos senhores do poder político das trevas. Aos quais serviu servilmente. Os senhores da morte, da guerra, da estupidez, da mentira, da ignorância. Da violência armada. Uma série de fotocópias de sangue das vidas que ele tirou nos conflitos armados dos quais participou sucedem-se diante de seus olhos. Os fantasmas dos mortos por ele nas mais variadas missões de guerra e guerrilha, passam a atormentá-lo. O amontoado de dor, sangue, medo, ansiedade, violência, horror se torna totalmente insuportável).

(Uma grande quantidade de situações “horribile dictu” se fazem presentes. Situações manifestas de covardia, agressão, taras, traições, ódios, crimes, causam-lhe um padecimento atroz. Um horror inominável dele se apodera. Como se estivesse somando às suas dores, o desespero e a dor de seus adversários. Somam-se nele, atraídas por uma irresistível gravidade pessoal, milhares de “faíscas quânticas”. Nele se alojam como se fossem milhares de marimbondos de fogo. Transformam seus ossos, plasma, pelos, pele e músculos, em poucos segundos, num amontoado de cinzas que logo são levadas por um pé de vento. Misturando-se à areia pardacenta do chão Mosteiro, o poderoso NORTON não é mais que cinzas).

215) EXT. SALA DE JANTAR DA HOSPEDARIA À BEIRA DA PRAIA — DIA.

(ADRIANE sente a presença do índio PERIMURICÁ na sala. Não pode vê-lo, mas, de alguma forma, ela sabe que ele está ali, perto dela, participando desse momento).

— “Custa acreditar que o corpo, a mente, a memória do chefão da Expedição NORTON tivesse realmente virado pó”.

— PERI está aqui! Você não sente? (ROSSI LEE faz que não ouve).

216) EXT. HOSPEDARIA FRENTE AO CALÇADÃO DA PRAIA DE PONTA NEGRA. LITORAL SUL DE NATAL — DIA.

(O filme do dia, nos dias que não se contam mais, narra a história de três grandes mistérios. Mistérios sobre os quais haviam especulado centenas de cientistas no segundo quartel do século XXI: os chamados “casos abessivos” por exprimirem a noção de “perto de”, “de fora”, mas não explicavam senão parcialmente, as aberrações tipo Combustão Humana Espontânea, a TV-Ghost e a Lua eletromagnética, corpo celeste tipo “Drácula Virtual”, de posicionamento simétrico à lua natural do outro lado da Terra. Essa lua, satélite artificial invisível da Terra, lugar de aprisionamento de bilhões de “faíscas quânticas”).

— A faísca quântica NORTON...

— Sua alma.

— Como a chamavam antigamente... Em poucos minutos transformara-se em mais uma dentre as bilhões de outras faíscas aprisionadas (escravas) na Lua de Tecnologia Virtual.

— Transformou-se, simultaneamente, em ondas VHF/UHF da TV-Virtual. A faísca quântica NORTON virtualizada no universo paralelo simulado, criado pela tecnologia ET, havia partido da estação orbital invisível, datada de um espectrômetro de referência de elétrons, plugado a um altímetro e a outro espectrômetro, este último de florescência de raios-X. Tecnologia da “sintonia quântica” via satélite.

— A TV magnetofenomênicaosmótica. Para NORTON fora preciso morrer para saber como a coisa toda funciona.

— As faíscas quânticas (almas) são similares aos hádrons monitorados por um modelo sensorial, um organizador biosensor. Elas se mantêm coesas e estáveis por serem ligadas aos quarks. O que mantém essa coesão interna é a “interação forte”, de um modo semelhante à interação dos átomos unidos pela força eletromagnética. As partículas em seus nanonichos têm numeração quântica semelhante às do grupo de Poincaré JPC(m) J é o Spin, P a paridade C, a paridade C e “m” a massa...

A emissão da voz explica esses fenômenos científicos. Ela soa semelhante a do robô, computador sensorial Hall, (do filme de Stanley Kubrick 2001: Uma Odisseia No Espaço).

— O satélite se realimenta a partir de um mapeador espectroestereoscópico acoplado a um radiômetro térmico de infravermelho e a outro espectrômetro. Este, de raios gama, articulado a um eixo de painéis, controlado por um radiômetro de microondas antenado em faixa média “SS” de ganho médio, e em faixa “S” de baixo ganho, tencionado em fontes coletoras parabólicas de energia, calor e luz solar...

217) EXT. HOSPEDARIA FRENTE À PRAIA DE JERICOACOARA. LITORAL DO CEARÁ — DIA.

(O casal adâmico passeia pela paisagem da praia. Conversa descontraidamente.):

— As profecias se cumpriram. Aquele mundo iníquo acabou.

— Aquele mundo perverso dos gangsteres políticos, dos membros decrépitos dos assessores jurídicos, dos discursos de palanque e intermináveis promessas que adiavam sempre o amanhã para um futuro inexistente.

— Você lembra? Os parlamentares, os magistrados, os desembargadores e ministros? Olhando-nos com inveja e ira. Vaidosos, rancorosos, mentirosos, até o estertor.

— Até a última cardiopatia.

— Pareciam sombras inúteis, semoventes, a sustentar uma insustentável empáfia.

— Ao memorizá-los você não sente o odor que exalava de seus corpos?

— Sim! Ainda agora a memória auditiva, visual e olfativa os traz aqui (ela tosse e escarra como quem vai vomitar).

— A fétida memória da transpiração dos usuários dos produtos das clínicas dos “spas”: pílulas, sabonetes, desodorantes, “shampoos”, pasta de dentes, creme de barbear, loções cosméticas exalando enxofre.

— À base do suor antígeno dos “pigs”. Eles se sentiam muito “chiques” ao emanar esse odor.

— (Risos).

— (Lágrimas).

218) EXT. SOL DE OCASO. PRAIA DO COQUEIRO. LITORAL PIAUIENSE — DIA/NOITE.

(Sentados numa mesa de barraca frente ao quebra-mar, TAUIL e ROSSI LEE conversam).

— Sabes? Tenho de ficar colada em você todo tempo. Tenho a sensação de que se ficar longe de ti, se você sair de meu campo de visão, nunca mais te verei. Fico aterrorizada só de pensar ficar sozinha nesse mundo. Seria uma solidão insuportável. Um medo insuportável. Uma sensação invencível de desamparo. Abandono.

— Solidão não é estar sozinho. É estar inadequadamente acompanhado. Se estás sozinha contigo e gostas de ti e de tua companhia, então todos os seres do universo paralelo da memória te fazem companhia. Como poderias te sentir só?

— Sei, PERIMURICÁ está presente, sempre. Depois de todo esse tempo deve ter também morrido.

— Aquele CHE GUEVARA fim dos tempos (risos). Ele dizia que a vida tinha um propósito. Ele lutaria para libertar os “hots” aprisionados nas enxovias dos “pigs”. (Risos, gargalhadas).

— “A matéria é feita de sonhos”, SHAKESPEARE tinha razão.

219) INT./EXT. CHALÉ NA PRAIA DE ITATINGA. MARANHÃO — DIA.

(Ao caminhar pela praia o casal adâmico não mais se incomoda com a companhia daquelas pessoas dos séculos XVIII e XIX, transeuntes fantasmais aleatórios. Por vezes são vistos rapidamente quando estão em ambientes tipos museus históricos. Esse, afinal, é também o mundo deles. De alguma forma aqueles habitantes ainda estão por lá).

220) INT./EXT. CASARÃO EM ALCÂNTARA. MARANHÃO — NOITE.

(O casal adâmico está sentado ao redor de uma mesa antiga num casarão colonial de portas e janelas azuis. Um candeeiro ilumina a sala com suas sombras de antigamente. De repente, como se vindos de um universo paralelo, estavam apreciando cenas de um casamento do século XVIII. As pessoas com seus costumes de há séculos, rodeavam-nos como se fazendo festa. A mostrar-lhes que ainda não haviam, de todo, abandonado aquele lugar fixo, quieto no tempo. Passado).

221) EXT. TERRAÇO TURÍSTICO. CRISTO REDENTOR. RIO DE JANEIRO — NOITE.

(O casal adâmico, agora idoso, mas incrivelmente energizado, olha a paisagem do alto, a se descortinar frente à estátua onde aparecem, ao longe, o Pão de Açúcar e parte da baía da Guanabara. A desolação ao redor é simplesmente irreversível. A sensação de uma solidão sobrenatural irradia-se das cenas. Uma TV insiste em transmitir, via Ghost-Canal, imagens da ascensão e queda do III Reich, entremeadas com cenas dramáticas de prisioneiros dos campos de concentração).

222) EXT. PRAIA DA TRINDADE. PORTAL DE TRINDADE. PARATY. ESTADO DO RIO — DIA.

(O casal adâmico passeia pelas areias da praia. O casal visualiza o local muito do alto, como se numa foto aérea. A visualização deles aproxima paisagem do lugar em que se encontram. Várias diferentes paisagens se agregam em sua proximidade. ADRIANE sente os dedos de ROSSI LEE a apalpar sua mão. O cabelo longo como se de um hippie. Ela veste um vestido comprido, meio transparente, com motivos florais).

— Diga o que você quer, querido, diga.

— Que você prometa uma coisa. Por favor, diga que sim!

— Sim, claro que sim. “O que ele poderá querer”? E logo protesta. — “Não, não prometo nada. Só faltava! Ser a última mulher da Terra e fazer promessas!”.

— Por quê...

— O quê? Que você disse?

— Uma única vezinha, umazinha, você não faz alguma coisa sem reclamar?

— Diga, é só dizer, eu farei tudo, qualquer coisa... Prometo!

— Mesmo? Jura?

— Garanto. Qualquer coisa. O que é?

— Nunca fale com anjos!!! Nunca mesmo!!! Não podemos nos arriscar a começar tudo de novo.

— Anjos! Ora!!! Anjos!!! Anjos de natureza vegetal? Anjo lagarto, ave, serpente? Ela, uma idosa cheia de manias, defesas e narcisismos atávicos, estranha a rabugice do companheiro.

— Jure! Por favor!!! Jure!!! — “Nos dias de seus pais costumavam dizer das mulheres que sabiam contar até seis porque não havia fogão de sete bocas”.

— E eles riam disso. Riam disso. “Riam disso”, repete ele.

— Não ouvi direito. Que você disse?

— “Se depreciavam as mulheres assim, imagina o resto do mundo”! Balbuciou ROSSI LEE.

— Você está falando sozinho outra vez!

— Nunca fale com anjos. Você promete mesmo?

— Sim! Claro!!! Prometo!!!

— Não aceite nada deles. Não faça promessas com eles!

— Nada mesmo! Nenhuma promessa!! Juro!!!

— Por Deus. Pare com isso, querido! — Anjos!!! Estás ficando bobo! Como se pudesse alguma coisa com anjos!!! — Nunca vi nenhum anjo a vida inteira.

— Eles não virão dessa vez! Os malditos ETs. “EBEs”. Seja como for que os chamavam.

— Somos o último casal da Terra. Não precisas ficar caducando! Você não tem o direito de prescrever-se. — Ou tem?

— Quê? Querida, ser o último tudo bem, mas começar tudo de novo? Nunca! Tanto horror!!!. Todo aquele horror!!! Não, não quero ser essa espécie de criminoso. Nunca mesmo!!!.

— Não haverá nada demais se aparecer um anjo. Eu descarto as pretensões dele. Acredite!!! Coisas da Bíblia. Ora essa! Quem sabe? — A mulher olha para os lados e para cima girando o corpo em volta de si mesma.

— Vocêeeeeeê hussushlksklçsjhfheum. Drysysykjshmsisdjkshosse.

O zumbido soou nítido na tradução de seu significado na mente da mulher:

(“Não quero ser nenhum instrumento biologicamente virtual de nenhum Deus ex-machina disposto a me usar para começar tudo de novo”).

223) EXT. SALÃO FECHADO DE HOTEL HÁ MUITO ABANDONADO. CIDADE DE PARINTINS. AMAZÔNIA — DIA.

(O casal adâmico, sorrir de inexplicável felicidade. Estão estranhamente contentes e se preparam para ingerir uma beberagem de vinho com uma porção de outra bebida que eles puseram nas taças. Eles ingerem o conteúdo delas, e se abraçam com uma indescritível ternura).

(Algum tempo depois eles começam a viver uma experiência fenomenal delirante. Eles sentem que se afastam da Terra a grande velocidade em direção ao horizonte. Vencendo distâncias numa rapidez impressionante. Ultrapassam terras, rios, vales, pântanos, cidades, cânions, cadeias de montanhas, paisagens desérticas e geladas... Até chegarem à linha do horizonte planetário. Numa velocidade de escape, o foco evade-se do planeta, entra na esfera do sistema solar. Passam rapidamente por planetas, luas, asteroides, em direção ao vácuo. Vencem distâncias infinitas, passando por sistemas solares de beleza inusitadas, estrelas, galáxias. Sempre em direção alhures).

224) INT./EXT. — DIA/NOITE.

(A Terra memorizada via memória visual Cenas do documentário “O Mundo Sem Ninguém” transmitidas pelos monitores ligados na “TV-Ghost”).

225) INT./EXT. NAVE — DIA/NOITE.

Starnautas caminham para fora da starnave acompanhados por centenas de milhares de exemplares da espécie Homo sapiens/demens.

Os milhares de exemplares de indivíduos da espécie Homo sapiens/demens são tangidos para fora de uma grande nave mãe em direção à superfície selvagem de um planeta desconhecido. Entre eles estão militares das três armas, representantes dos Três Poderes vestidos à caráter. Roqueiros, concertistas famosos, tenistas, atores, cantores, atrizes, diretores de cinema, atores famosos da Broadway e de Hollywood, escritores, jornalistas. Veem-se os principais atores e atrizes da série LOST, modistas, modelos, paparazzi, religiosos, homens, mulheres, crianças.

226) INT./EXT. NAVE — DIA.

Todos desembarcam como se estivessem meio que drogados, desde que nenhum deles mostra resistência. Apenas caminham passivamente em direção aos redutos de rocha maciça onde se encontram milhares de cavernas desabitadas para as quais se dirigem como se elas fossem suas únicas possibilidades de abrigo. (Em “off” ouve-se a trilha musical da canção da banda Titãs denominada “Vossa Excelência”).

227) EXT. GRANDE ÁREA DE TERRA DE CAPIM BAIXO COMO SE DESTINADA À PASTAGEM — NOITE.

Uma adolescente vestida de noiva destaca-se do grande aglomerado de pessoas. Ao se vê sozinha agacha-se em meio à vegetação para fazer necessidades fisiológicas. Enquanto seu olhar fixa uma estrela muito brilhante próxima a uma das duas luas do planeta. A estrela brilha numa constelação até então desconhecida em meio a outras constelações. Nesse lugar e nesse céu completamente estranhos.

228) INT. CAVERNAS — NOITE.

O tempo passou. As pessoas com suas vestes desgastadas pelo uso sem substituição das roupas demasiado desgastadas. Começam a disputar restos de caixas de biscoitos e sopas que aquecem primitivamente numa fogueira coletiva. Alimentos esses tirados de caixotes desembarcados com eles da nave mãe. O monte de lenha em chamas foi aceso com um isqueiro tirado do bolso de um senhor vestido à “Black-tie”. Mas o isqueiro não acende mais.

229) INT./EXT. CAVERNAS — DIA.

Um grupo de sobreviventes que regrediram à condição de hominídeos começa a grunhir em direção a outro grupo. Ambos os grupos parecem se hostilizar na disputa de um lugar próximo a uma fonte de água aonde se encontram a beber alguns animais primitivos. Eles não ousam se atacar mutuamente tementes de despertarem a atenção das feras que bebem água na lagoa pouco extensa. As pessoas agora parecem ter regredido à condição pré-histórica de habitantes de cavernas, com um nível tecnológico, social e mental próximo à condição original dos primeiros hominídeos.

230) INT./EXT. CAVERNAS — DIA/NOITE.

Um grupo familiar primitivo mostra-se muito apreensivo ao ouvir os ruídos pesados dos pés e os sons guturais de gargantas ferozes que rondam o espaço exterior da caverna.

Vestidos de tangas e precariamente encolhidos no colo de algumas mães, crianças sujas buscam se abrigar, os olhos arregalados de temor. Um homem peludo a quem outros grunhem um nome audível como algo parecido com Peluso, vai até um cantão da caverna onde começa a escavar com as mãos em busca de algo.

Ele acha uma pistola que havia trazido ao desembarcar da starnave. Ele a aponta em direção à entrada da caverna. Nela aparece a cabeça de um espécime que parece um Tiranossauro Rex. Ele aponta a arma e, assombrado com a aparição do animal, puxa o gatilho em sua direção. As poderosas mandíbulas com dentes aguçados de 18 cm numa cabeça com um metro e meio de comprimento não se abala em nada com os tiros. Estendendo o enorme pescoço a fera aproxima-se abrindo ameaçadoramente a bocarra diante do grupo indefeso de frente a essa ameaça tão poderosa. Mas a fera não tem condições de penetrar pela estreita entrada da caverna.

231) EXT. DA CAVERNA. UM SOL DIVERSO INTENSO DE TONALIDADE ALARANJADA CHAMEJA A RUTILAR NO HORIZONTE LUMINOSO E MUITO DISTANTE — DIA.

Um dos homens da caverna abre os braços e gira volteando em torno de seu próprio corpo num movimento de 360°. A luminosidade solar do lugar incendeia o écran. O homem fala para si mesmo como se falasse através dele O Espírito: shiiixzzjontyhhshszc! (E continua a repetir esses sons alveolares e fricativos).

232) EXT. DA CAVERNA. UM SOL DIVERSO DO SOL DA TERRA, INTENSO E LARANJA, CHAMEJA A RUTILAR NO HORIZONTE LUMINOSO E MUITO DISTANTE — DIA.

O hominídeo continua a girar em torno de si mesmo. A luminosidade solar do lugar incendeia o écran. O homem continua a falar para si mesmo como se falasse através dele uma entidade imaterial de ordem sobrenatural. A tradução de seus zunidos se faz presente através de legendas eletrônicas:

“Pereçam os dias com seus reis burgueses, seus conselheiros criados e cativos em demasia. Todos escravos. Todos servos fieis, raça de cães construtores de necrópoles. Eu os criei para ser homens, mas eles precisam ser escravos servis. És Espírito e estou a falar contigo. Estás aqui comigo! Agora! Sempre! Sei que a jornada será novamente longa. Este fim...Outra vez... Origem. Esta Escolha. Tua. A opção de quem não sabe o que faz. Estes, os proventos de teu livre arbítrio. Tudo presente conforme, segundo Tua Vontade”.

233) EXT./INT. CAVERNA — NOITE.

Um hominídeo seminu, esfarrapado, parado na paisagem desolada do planeta desconhecido, tendo o vento e a poeira como companhias próximas, vê um chapéu preto de abas largas, levado pela ventania. O chapéu fica preso numa espécie de cacto espinhoso, com galhos torcidos em forma de coroa de espinhos. O vento ameaça levá-lo para longe. Ele pisa depressa na aba do largo chapéu preto. Levanta-o até a altura do umbigo e olha para dentro da copa onde está presa uma das coroas de espinho do cactus.

O mesmo hominídeo em franca regressão psicossomática ajoelha-se de frente à Rocha da Caverna e parece orar. Enquanto ao redor da cabeça e em frente à testa descem, em linhas, gotas de sangue. Ele repete sons inteligíveis (enquanto balança o tronco para a frente e para trás, num gesto a demonstrar certa patologia atávica).

— Fossssisisisisilllllllshekestrynsnsnllonansn:

No écran aparecem as frases como que traduzidas dos sons fricativos do hominídeo: “Essa solidão e essa angústia de não me pertencer senão a mim. A dominação de meus desejos, enfim. Não preciso me culpar nem a ninguém por existir”. (Ele repete essas orações como se fossem as únicas que conhece).

(O personagem ajoelhado em suposta oração, o tronco deslocando-se em efêmeros movimentos para frente e para trás. O chapéu de abas largas está em frangalhos. A testa sangra quando, por vezes, roça na parede de pedra da caverna).

(O hominídeo é mostrado em distanciamento cada vez mais intenso. O espaço no interior da rocha vai ficando menor. Até que a enorme estrutura de pedra se mostra a partir do exterior. Ela se expõe como sendo um grande edifício de apartamentos em ruína).

A paisagem vai ficando menor. A distância cada vez maior permite, afinal, que se visualize esse gradativo distanciamento até à altura da estratosfera. Quando se permite visualizar a paisagem globalizada do planeta Terra.

The End

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 07/02/2013
Reeditado em 07/02/2013
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