Rir é mesmo o melhor remédio?
A sociedade está acostumada com o papel exagerado do humor. Foi-se o tempo em que Charles Chaplin resolvia o problema das pessoas com um entretenimento simples e inteligente. Hoje, tornou-se mais interessante rir da celebridade que cai num aeroporto internacional e dos pleonasmos cometidos pela presidenta Dilma Rousseff.
A sobrecarga gerada pelo trabalho excessivo deixou o humor necessário para que patrão e empregado sigam nessa “luta” cotidiana. O capitalismo estimula essa essência individualista, imediatista e consumista que, apoiado pelo marketing nacional, faz com que se vise ao poderio material primeiramente, deixando o bem estar psicológico em segundo plano. Desse modo, psicólogos enriquecem às custas de indivíduos depressivos e estressados, os quais, grande parte deles, mais precisam de um bom show de comédia que de terapias semanais.
Embora piadas propiciem ambientes mais leves para qualquer atividade, há momento para elas. Os limites do humor foram modificados; a sátira é a tendência em jornais e revistas – seja por algum comentário equivocado, seja pela aparência física – a qual prende a atenção do leitor que se diverte e humilha quem foi a razão da chacota da vez. O resultado gira em torno de polêmicas discussões, principalmente em redes sociais, até os que envolvem a justiça em longos processos por direitos morais.
Sem barreiras, o riso atinge um alvo já esperado: a política. Entretanto, é inadmissível que um cidadão ache graça das barbaridades que ocorrem em seu país. Comediantes e chargistas só cumprem sua função, ironizando a situação de problemas sociais, pois sabem do que o povo gosta, garantindo lucro. Assim sendo, o brasileiro ri como se essa condição fosse imutável e apenas restasse aceitá-la.
Novas notícias sobre as falcatruas surgem todo dia – certamente aquelas em que a mídia não se beneficia e divulga. Má distribuição de comida e medicamentos, péssimo salário destinado aos construtores de uma nação desenvolvida e progressista: os professores, seguranças públicos desqualificados e muitas vezes corruptos e, ainda, os desvios de verbas. Mesmo que seja típico do brasileiro o jeito alegre e despreocupado, fazer piada que o político não tem dinheiro do povo no bolso essa semana porque está de calça nova é provar ao mundo que não possui senso crítico e é um completo alienado.
O jeito de fazer comédia no Brasil só poderá ser modificado quando o grau de instrução da população for elevado. Enquanto o tema do humor for direcionado às obras atrasadas da Copa do Mundo de, ao médico mal remunerado e insatisfeito e a elitização do futebol com ingressos absurdos, somente quem aproveita dessa exploração econômica rirá por verdadeiros motivos e as classes baixa e média serão as cópias perfeitas de quem ri e não entende a piada.
O tema era "papel e limites do humor" - proposta do vestibular da UFRGS 2013.. não vou tê-la corrigida, pois física me impediu de alcançar o ponto de corte... Por favor, poderiam avaliá-la para mim? Um "ótimo, bom ou mais ou menos" já me deixam feliz hehe, beijocas a todos e uma excelente semana!!! :D