SER EDUCADO É SER FALSO OU SINCERIDADE É FALTA DE EDUCAÇÃO?
Para poder se iniciar esse diálogo, primeiramente tem que por em definição os sinônimos do título deste texto, começando pelo mais complicado em nossa sociedade, a educação, cujo sinônimo que abordarei é a conduta moral e a etiqueta, não usarei o sinônimo de civilidade, doutrinação e forma de ensinar.
O ato de ser educado em nossa sociedade é respeitar o ato do próximo se isentando de criticá-lo, mesmo de forma que o incomode, na espera que o outro perceba que aquilo o incomoda. Mas, como o indivíduo vai fazer uma real interpretação da situação, se todo o ambiente está impregnado de falsidade? Não caberia ao incomodado comunicar ao intempestivo a sua falta de temperança? Ao contrário, prefere que a situação acabe a mencionar o incômodo e acabar sendo taxado de deselegante.
Nisso, entramos no conceito de etiqueta, que cuida apenas de nossa aparência moral, envernizando de qualidades boas o individuo que é dócil desde que nada o ofenda, mas que morde à menor contrariedade. Isso tudo cria ambientes de falsidade, e as pessoas em maioria usam palavras de ternura quando frente-a-frente, por trás lança dardos envenenados. E o ninho de cobras continua aumentando cada dia mais, cheio de pessoas benignas onde sabe que não pode ousar, pois o colocariam em seu lugar, e tiranos onde se sentem temidos.
Etiqueta são regras de vaidade. Porém, não obstante, existem as pessoas que não se preocupam com ela e é bem vista por todos, pessoas que tem afabilidade e doçura por natureza e conseguem cativar a todos. Logo, esta passa a ser invejada pelos que não conseguem através do natural.
Em etiqueta nunca vamos encontrar a sinceridade, que é uma virtude quando se usada com prudência.
Não se pode ser sincero a toda prova. Porém, quando sentimos que nossa sinceridade irá prejudicar o ambiente, omitimos, ao invés de procurar filtrar as palavras e amenizar a situação conturbadora. A omissão é muito mais prejudicial do que a sinceridade. A omissão cria lacunas que podem ser preenchidas com más interpretações e fantasias. Com isso, surge uma bolha de orgulho que vai inflando de tensão até que a verdade a estoura, e se espalha para todo o ambiente uma sinceridade doentia que joga verdades petrificadas que sempre acertar o orgulho do outro, deixando um clima horrível e desastroso.
Orgulho? Sim. É com isso que não conseguimos lidar um com o outro, as pessoas se fecham em seu orgulho, e evitam ser discordadas ou que apontem seus erros. Como sabemos que essa bolha do orgulho é formada pela falsidade, a sinceridade pode estourá-la e causar danos. Para isso não acontecer, a sinceridade deve ser usada com parcimônia, respeitando o espaço do outro. E com esse respeito é que podemos ser visto como “bem-educado”.
Portanto, a falta de educação se mede pela compreensão das pessoas em diferentes situações, como por exemplo: homens num churrasco sem camiseta gritam e esperneiam palavrões uns com os outros em brincadeiras, zoam com seus defeitos. Para eles, a falta de educação é outra história. Outro exemplo são os deputados que, sem usar nenhum palavrão, ofendem muito mais, e se sentem educadíssimos. Então, qual a real função do termo “falta de educação”? Não se aplica em ofender ou usar palavreados? A diferença real está na etiqueta, e não na educação. É isso que está deturpado na nossa sociedade. Etiqueta não é sinônimo de Educação, é sinônimo de Protocolo, Formalidade, Solenidade etc.. Ser educado é respeitar o próximo e sinceridade é ser honesto com seus companheiros.