O Valor Da Nossa Casa
Difícil encontrar alguém nesse mundo que consiga dimensionar o prazer que é voltar à sua casa. No sentido mais sereno da palavra: sua terra, suas vistas tão corriqueiras e recorrentes dos momentos de infância, adolescência, relacionamentos com acasos, descobertas e ilusões, difícil mesmo de compactar tudo em uma caixa e abri-la quando quer se lembrar de tudo. Incríveis como segundos antes ouvidos ao passar de ponteiros num relógio se tornam tão excitantes e marcantes nas mentes padecentes de cada um. O valor parece ressurgir do magma fervoroso e sempre tão questionado por todos, de tal forma que absolutamente tudo passa por ser valioso nas mãos tão escorregadias de sempre.
Os traços, partes decisivas no rumo de uma vida, sempre são feitos por todos os que rodeiam, além do ambiente que incorpora a existência, prevalecendo primordialmente como se vê perante o comodismo causado por uma nova casa. Apenas assim, com o entrar em uma nova porta, consegue-se sentir quão fácil era aquilo de antes. Alguém que se dispõe a inovar sempre perde o brilhantismo que é o relaxamento causado apenas por uma vida comum, no entanto ganha nas descobertas casuais e, em vista disso, impressionantes aos olhos de quem ver.
Todos em algum momento da vida perguntaram-se o porquê de tudo ser tão dificultoso, principalmente quando não se tem os elementos e artifícios facilitadores da sua terra. Passa-se a notar quanto bom eram os momentos de balançar na cadeira, tomar aquela bebida gelada olhando apenas para o nada. Este, tão completo se tornara ao passo instigante da motivação nas mentes de quem lhe presta a atenção. Voltar para a linha tênue do nada, da escuridão da noite e do clarão em dia, acaba em se tornar a completude por uma mente cheia de diversão. Não se sabe descobrir tamanhas alegrias, apegos quando se é conivente com o comodismo. Saindo daqui observa-se tão claro a falta de compaixão com tudo ao seu redor, incluindo os pequenos detalhes bem trabalhados para uma nova amizade surgir, um sorriso escapar ou uma música adentrar em seus ouvidos.
O evento mais sutil e despretensioso bate bem forte em nossas cabeças, alega a importância que sempre fora e contesta a falta de valor que um dia proporcionamos para ele. A casa, a nossa casa, nunca fora tão magistral quanto agora. A vista da varanda sobre a cadeira estática nunca fora tão dinâmica, junto ao romantismo tão bem sentido por o vento que passa, a música que canta, a menina que dança e a noite que ama.