Só pra NÃO dizer NÃO falei!.
Odeio dizer Feliz Natal. È chato, cafona, pedante, irritante, simplesmente odeio. Quando tinha meus lindos 15 anos de idade, onde o mundo era flores, e tudo se transformava em flores, gostava do vermelho nas roupas, nas coisas, o tom de amor que as pessoas diziam ter, a caridade pregada pela igreja, os hinos que aprendia e repetia com uma alegria sem fim! Andava pulando como gazela e rindo a toa sob a linda luz do sol.
Ah... que inferno isso tudo. Porcarias, falo mesmo. Hoje, vejo o Natal com olhos mais neutros, com ouvidos mais atentos e com parcelas de presentes para pagar. Não gosto dessa coisa de ter que mostrar que sou Feliz só porque é final de ano. Sou forçada a abraçar muita gente que desejaria morta. Tenho que desenhar em meu rosto um sorriso as vezes que não estava a fim de dar, e tudo isso porque é Natal, ano novo, vida nova.
Vida nova onde? O Brasil não continua sendo corrupto? As pessoas não são mais egoístas? Jura que agora as pessoas não se matam e não se comem como bons humanos? Hum... pois é, porque é final de ano. E ano que vem o capeta que roubou a minha moto pra vender drogas no morro vai continuar a ter subsídios do Governo, vai botar a mão na consciência e nunca mais roubar e vai se tornar um cara de 18 anos trabalhador. Odeio ter que ficar pensando onde e com quem vou passar esses dias, tenho amigos, tenho família, mas isso me angustia. È dinheiro, é gente mais louca que eu, é gente que nunca vi ( que nem faria questão de conhecer), é muito vermelho e muito branco pra um período curto do ano. São muitos beijos e abraços dispensáveis. Muito comercio, muita futilidade em jogo. E odeio esperar meia noite. Detesto aquelas olhadelas no relógio pra ver a hora de gritar. Confesso que já chorei nesses anos. Teve um ano que me corrompi na areia e a base de vinho... Só sei que se pudesse dormir e acordar linda e bela depois dessa palhaçada toda, com certeza faria isso. Acordaria só pra ver a “ ressaqueira” do povo, a sujeira nas ruas e os novos desempregados, novos famintos de comida e poesia, roubos, as merdas novas na TV, novos políticos com novas promessas, novas falsidades salivantes nas bocas... enfim. Alguém ai quer cortar coletivamente os pulsos? Me chama ta !!