Velha infância inocente
O olhar inocente esvaía-se na imensidão do temido mundo dos grandes
onde não haviam açoites e nem xingamentos devido à tranquilidade em que eu vivia.
Brincava com coisas tão simples, mas era meu mundo.
E quando lia algumas histórias simplesmente fazia parte delas.
Criança esperta cheia de sonhos onde os super-heróis eram aqueles
de roupas velhas e surradas, chapeus marcados pela nódoa impregnada da labuta diária.
Não tinha riquezas nem uma cama só minha, mas tinha o aconchego nos braços largos da minha rainha.
Não distancie de mim menino risonho e falante, pois, só em pensar que isso possa acontecer, já bate aquela saudade.
Saudades dos cheiros, da comida caseira, das manhãs dominicais e das reuniões de família. Minha velha infância que tão rápido se foi visto ao romper do tempo, mas que viva está dentro do meu ser, fresquinha, com os mesmos sonhos e visões.
Criança que sentia e sente as coisas que não se explicam, pois, advém de Deus e agraciado nos dons.
Não parte-te de mim nem um segundo se quer, pois quero sempre continuar sentindo-te como uma chama viva para me levares ao mundo encantado que sempre sonhei.
Meu sonho era tão simples que de tão simples se concretizou
na alegria em ser o que não pude ter!
A riqueza em poder sorrir sem me questionar porque tanto sofrimento
nesse mundo dos grandes ao qual me jogastes.
Ainda bem que amparado pelo amor supremo que emana dos meus olhos
e acaba no meu sorriso que com muito orgulho tento doar.
A velha infância regada de sonhos brotou e fez de mim esse que só quem conhece é que sabe o quanto sou grato ao bê-á-bá que me ensinaram, resultando nisso.
Uma vida cheia de fulgor!