Mentes de aço

Estive pensando esses tempos como os fatos podem ganhar diferentes conotações de acordo com as situações. Hoje vou falar um pouco sobre "mentes de aço", pessoas interessantíssimas. Conheci poucas, de fato, sempre amigas e amigos próximos. Tais sempre surpreenderam-me e intrigaram-me.

Sem mais mistérios: mentes de aço são pessoas que, por possuírem personalidades fortes e bem formadas, tornam-se, em se tratando de opiniões, dogmáticas. Elas possuem um verdadeiro banco de dados de leis, ações e reações prontas para cada situação.

Uma das características mais notáveis de uma "mente de aço" é raramente se arrepender do fez, faz ou fará. Um atributo estranho. As decisões são tomadas de acordo com as palavras do antigo Monarca Henrique: palavra de Rei não volta atrás. E não voltam. Vamos pensar sobre isso. Por que não voltam atrás? Mas se for algo errado?

Aí está!

Mentes de aço não costumam fugir de seus dogmas, logo, para si, nunca estarão fazendo nada de errado, uma vez que seguem a linha do filósofo linguístico Bakhtin: "se, dentro de sua moral própria, uma ação é ética, então não há falha". E funciona dessa mesma forma. Para que voltar atrás por algo que foi feito corretamente?

A mente que pensa dessa forma torna-se fortemente armada contra qualquer tipo de filosofia contrária a sua. Mesmo que afirme ser aberta a opiniões, a mente de aço "peneira" os argumentos alheios de acordo com sua ética própria e distorce para seu convívio. Desta forma, será um serviço árduo tentar mudar a opinião de alguém com essa linha de pensamento. É algo intuitivo de si não aceitar o que é alheio a suas idéias.

Mentes assim assemelham-se às de grandes gênios que viveram em épocas passadas. Sustentam tão veemente suas idéias e ideais que são capazes de serem crucificados (Jesus cristo), queimados (Giordano Bruno) ou tomarem uma dose de Cicuta (Sócrates), porém não conseguem se imaginar traindo suas palavras.

Talvez, por julgarem importantes suas confabulações, não permitem a entrada de deturpações e enxergam tudo de uma forma própria, numa espécie de autismo. São capazes de grandes feitos, pois é de suas índoles irem até o final, até as últimas consequências, sem, como dito antes, arrependerem-se. Como Cézar, cortam a corda da ponte para que nenhum soldado volte atrás. Grita: "Alea Jacta Est" (a sorte está lançada) e avança com suas tropas para tomar Roma e depois o Mundo.

Pessoas valiosíssimas, essas, as mentes de aço. Destacam-se na multidão de mentes volúpias e vagas mutantes. Tais nasceram para deixar alguma afirmação categórica sobre algo. Algum enorme "Sim" ou um destoante "Não". Erradas ou certas, se tornarão objetos de pesquisas filosóficas sobre o pensamento humano de certa época a qual se inseriram as mentes de aço. São como a mais pura manifestação de alguma verdade, livre de influências, o sonho de qualquer estudioso de história.

No entanto (ah sim, esse é o momento do contraponto), como eu havia dito no inicio do meu texto, os fatos podem ganhar diferentes conotações de acordo com as situações. Assim, não é muito sadio se portar dessa maneira, a não ser que você já seja assim (uma vez mente de aço, sempre mente de aço) e acredite que veio ao mundo para algum tipo de missão.

Digo que não é muito sadio por que as situações ganham diferentes significados de acordo com o contexto. Nada é certo, nada é errado. Tudo é um grande DEPENDE. Se quiser cultivar verdadeiras boas relações com o mundo, não é aconselhável fechar-se em uma mente imutável. Já dizia Darwin, "Os mais bem adaptados sobreviverão". Mentes de aço são Elos da evolução, objetos interessantíssimos de estudo, como provas arqueológicas de um determinado ramo da arvore da evolução dos seres.

As espécies que (diferente das mentes de aço) se adaptaram ao novo passaram as suas características de geração em geração, sempre mudando e evoluindo de acordo com o contexto que elas estavam inseridas, numa lógica de Hegel: o eterno embate entre duas forças e a sintese das duas para um novo passo adiante. Essas "novas espécies" trazem até pedaços dos velhos Elos "imutáveis" (metáfora para mentes de aço), no entanto não são puras, não são divinamente intocáveis, mas sim maravilhosamente novas.

A perpetuação é advinda da mudança, pontuada e alternada por dogmatismo dos admiráveis "mente de aço", no entanto sempre evolutivamente... Para frente e avante! Assim o mundo deve viver: de originalidade, de criações, de imaginações, de sonhos e crescimento sem igual. Assim o mundo deve ser, um mutante eterno.

Viva a mudança!

Victor Yomika
Enviado por Victor Yomika em 13/11/2012
Reeditado em 10/12/2012
Código do texto: T3983069
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