Céu cor de Google
Globalização é a palavra chave para os dias de hoje. O grande planeta Terra agora cabe em uma máquina de apenas algumas polegadas. O mundo diminuiu, o homem cresceu... e passou a ter mais vida nas pequenas telas do que na grande Terra.
Retratemos uma casa moderna, uma família formada por um casal e seus dois filos, u m menino e uma menina.
É hora do jantar. A mãe e o pai pegam seus pratos e sentam-se diante da televisão, comendo enquanto assistem ao jornal. Não trocam uma palavra: não querem perder nenhuma informação. Pais de jovens delinquentes estão sendo entrevistados. Sentem pena desses pais. Ou não. Foram irresponsáveis, não cuidaram de seus filhos como deveriam.
A menina está jantando em seu quarto, conversando, via SMS, com seu namorado, que conheceu num "chat", mas nunca encontrou pessoalmente. É claro que seus pais não sabem. Eles estão assistindo ao jornal, por que atrapalhá-los? Além disso, eles também têm amantes virtuais...
O menino também está jantando no seu quarto, jogando "on line" com seu melhor amigo, um americano. Ele não sabe que a irmã namora. A irmã não sabe que ele tem um amigo americano. Nem os pais. Mas e daí? O importante é que ele tem seu amigo americano para jogar e conversar. Só é estranho que a mãe continue a insistir com a ideia de chamá-lo pessoalmente para fazer o pranto, em vez de enviar um e-mail avisando que o jantar está pronto...
Deixo bem claro que a crítica aqui não é direcionada aos aparelhos. Não sou conservadora. Os aparelhos são extremamente úteis, e até muito necessários. Critico aqui as pessoas. Critico aqui o ser humano, que sempre valoriza mais aquilo que não tem do que aquilo que tem.
Ter amigos e amores em todas as partes do mundo é fantástico. Só não é fantástico quando deixamos aqueles que estão à nossa volta - que nos amam, que estão prontos para nos ajudar de qualquer maneira, mesmo se tudo do que precisarmos for um abraço - somente para estar conectado com amigos virtuais. Abraços virtuais não têm o mesmo efeito.
O problema não está em ter uma vida virtual. O problema está em não ter uma vida real, em trocar a vida real pela vida virtual. O problema é saber a cor do logotipo de sua página inicial, mas não saber se o céu está azul ou cinza, escuro ou estrelado.
É ter a vida, mas rendê-la às máquinas. É perder a essência, optar por não viver...