A casa é sua! (Não erre na construção...)
Ao longo de minhas jornadas de trabalho técnico convivi com as equipes que avaliam os investimentos do Banco Mundial em países em desenvolvimento, e me lembro bem que, em se tratando de obras viárias, eles davam como prioritários três elementos: drenagem, drenagem, drenagem.
Pode parecer uma brincadeira, mas a qualidade de uma rua ou rodovia, sua durabilidade, e a validade do que foi ali gasto depende de suas bases estarem bem preservadas, e a ausência de uma boa drenagem simplesmente leva tudo, podemos assim dizer, por água abaixo.
Esse conceito é totalmente aplicável no campo da execução de edifício e, dentre as igrejas que construí, como engenheiro responsável, um único problema me deu dor de cabeça, evitar recalques diferenciais, que, a propósito, aconteceram em muitas outras que visitei, e até no prédio onde moro.
Ocorre que esse cuidado com as coisas materiais, terrenas e passageiras, deve ser levado, igualmente, ou mesmo com maior requinte, para o campo das coisas espirituais, como nos adverte Paulo:
“E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como meninos em Cristo”.
...“Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.”
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”.
“E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, de prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha.”
“A obra de cada um se manifestará: na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo a provará qual seja a obra de cada um”.
“Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão.”
“Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas será salvo, todavia como pelo fogo”... (I Cor 3: 1-23),
a) Não está Paulo tratando, aqui, com pessoas incrédulas, adversárias da mensagem de Cristo, mas com convertidos, parte de uma igreja local, que, contudo, não se firmaram na condição de “espirituais”, continuando a viver e agir como “meninos”, exatamente aqueles para os quais os interesses da carne e os objetivos imediatos da vida têm prioridade.
b)A graça de Deus nos é outorgada por Cristo, e somente por ele (Jo 14:6), de tal modo que ele é o “fundamento do edifício que Deus está construindo”, sendo impossível estabelecer outro.
c)Realizar uma obra espiritual sobre esse fundamento é uma obrigação e, ao mesmo tempo, um privilégio para o homem, uma vez que a ministração das “boas novas” é algo restrito a nós, não tendo sido aberta sequer para os anjos nela interessados (I Pe 1: 12). Cada um tem uma oportunidade diferente e dará conta dos “talentos” que forem colocados à sua disposição (Mt 25:14-30).
d)Podemos considerar, com base nas palavras de Paulo, que as realizações que tiverem lugar aqui na terra não serão aceitas em sua condição original, uma vez que passarão no “teste do fogo”, que muda completamente a forma do que é provado. Os efeitos são, contudo, diferenciados entre, por exemplo, o ouro e a palha, uma vez o primeiro pode perder sua configuração, mas continua sendo um metal precioso, enquanto a palha simplesmente vira cinzas.
e) O ponto mais importante de tal avaliação repousa no fato que o “fundamento” correto assegura a salvação daquele que edifica, embora o modo de edificar e os materiais selecionados possam influenciar o “galardão”. Precisamos lembrar que mesmo perdendo coisas que parecem importantes o real objetivo e entrar no reino, como nos adverte Jesus sobre elementos que podem “escandalizar”, como o próprio olho da pessoa (Mt 5:29-30).
Pedro, de outra parte, nos fala de Jesus, como a “pedra de esquina”, aquela que não somente sustenta o edifício, mas também que estabelece o correto alinhamento de cada parede:
...“E chegando-se a ele pedra viva reprovada na verdade, pelos homens, mas para Deus eleita e preciosa”.
“Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”.
““ Pelo que também na Escritura contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal de esquina eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido.”
“É assim para vós, os que credes, é preciosa, mas para os rebeldes, a pedra que os edificadores reprovaram essa foi a principal de esquina”. (I Pe 2: 1-10).
Este conceito de “sermos edificados”, deixando para trás os “resíduos” da mente carnal que rege o homem natural, não trata de qualquer idéia de “evolução pessoal”, aperfeiçoamento do homem em sua condição terrena, pois a participação no reino de Deus depende do “novo nascimento” (Jo 3:3), e não se aplicam remendos novos em panos velhos, sob pena de tudo se rasgar (Mt 9:16).
A edificação de que fala é aquela da “construção da Igreja de Cristo’, do “Corpo de Cristo”, segundo objetivos de Deus Pai, traçados antes da fundação do mundo (I Pe 1:13-(20)-25), o que nos remete às palavras de Paulo em sua carta à Igreja de Éfeso, uma daquelas formadas por gentios nos tempos dos Atos dos Apóstolos:
“Assim que já não sois estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos, e da família de Deus”.
“Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina;”
“No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor”.
“No qual também vos juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito”. (Ef 2: 16-22)
Pode alguém achar que o fundamento, que é Cristo, representa somente uma base geral, e, de certo modo, a maioria das pessoas respeitam tal concepção, afinal estima-se que mais de dois bilhões de habitantes do planeta são “cristãos”, mas não é bem assim, uma vez que, mesmo pequenas coisas, colocadas no fundamento fora de Jesus, podem “tirar nosso contato” com ele, e ai vem o desastre.
Em uma certa ocasião, uma obra foi devidamente planejada, os furos das fundações levados até a rocha e depois preenchidos com concreto, mas aconteceu o recalque. Por que?.
Simplesmente devido ao fato de não terem sido tampadas as bocas das perfurações no fim de semana, o que permitiu que “folhas” caíssem lá dentro. O concreto se apoio nas folhas e parou, mas, quando elas se deterioraram e viraram pó, ele desceu, e com ele a estrutura toda.
Entenda que não cabe aqui julgar a quem quer que seja, igreja “A”, igreja “B”, mas a presença do joio no meio do trigo é uma informação deixada por Jesus, e as duas plantas são tão semelhantes que certamente não é possível distinguí-las, cabendo a Deus a separação no dia final.
Jesus quando fala com seus discípulos, palavras que se aplicam a nós, não pede simplesmente que “estejam por perto”, para que se “lembrem dele nos cultos”, para que “orem nos momentos de desafio”, mas sim que “estejam nele”: Essa é uma proposta para todo o tempo e todos os lugares.
“Jesus dizia, pois aos judeus que criam nele: Se vos permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos”. (João 8:32).
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.”
“Toda a vara que em mim, não dá fruto, a tira, e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto”.
“Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado”.
“Estai em mim, e eu em vós, como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim”.
“Eu sou a videira, vós as varas, quem está em mim e eu nele, este dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”.
“Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem”.
“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”. (João 15:1-7)
Nos dias de hoje existe uma forte tendência de se avaliar a condição de uma obra pelo seu tamanha e expressão, sendo que os edifícios se tornam cada vez mais altos e sofisticados. Os aviões maiores, as empresas conglomerados gigantes, as transmissões de TV atingem o mundo e os bilionários ocupam as manchetes.
Tal realidade gera uma “frustração” em pessoas que, não podendo realizar super tarefas, consideram seu trabalho praticamente vão, afinal está atuando em uma igreja de cem pessoas, enquanto outros têm mais de dez mil membros. Não tem nada além de um microfone nas mãos, ao lado dos que monopolizam cadeias de rádio e TV.
Cumprir uma missão para Deus pode parecer algo que não nos realiza, e com isso não estamos incentivando “pensar pequeno”, mas há ocasiões e ocasiões.
Elias foi um extraordinário homem de Deus, mas logo após obter uma vitória fantástica e milagrosa contra os profetas de Baal, entrou em depressão, pois pensava que estava só no culto ao Senhor, tendo pedido a morte (I Rs 18:22-46 e 19:1-21). Sua missão estava, porém, muito bem cumprida e Deus o levou para sim deixando um sucessor à altura (II Rs 2:1-25).
João Batista, qualificado por Jesus como o “maior homem nascido de mulher” (Mt 11:11), realizou uma missão que não lhe deu popularidade, riqueza, nome, prazer terreno, simplesmente o levou a prisão e a morte, mas a preocupação que encheu seu coração não estava em seu bem estar, mas em ter, ou não, cumprido a tarefa que lhe fora confiada, razão pela qual mandou que consultassem a Jesus, que, com sua palavras, o acalmou sobre tal mister (Mt 11:1-19).
Pedro teve de Jesus uma declaração muito especial e, por que não dizer, geradora de polêmica, quando o Mestre afirmou:
...“Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou?”
“E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”
“E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem aventurado és tu Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus”.
“Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”. (Mt 16: 13-18).
O “fundamento” do aqui apresentado é, novamente, a realidade de que Jesus é o Cristo, e isso foi dito a um discípulo que recebeu a incumbência de “apascentar os cordeiros de Deus” (Jo 21:25), mas nós podemos observar dois momentos do ministério de Pedro que são bem distintos:
Momento 1: Pedro, após a descida do Espírito Santo prega uma mensagem que leva milhares para Cristo, dando início à formação da igreja (Atos 2: 1-47).
Esse evento deveria colocar na mente de Pedro que agora ele era um pregador de multidões e que não deveria “perder tempo” com pequenos trabalhos.
Momento 2: Pedro recebe de Deus a tarefa de levar a palavra para um só homem, que, inclusive, não era judeu, mas gentio, e isso o deixou confuso, mas Deus, por visão simbólica mostrou que aquela vida era muito importante, levando o “pregador de multidões” a um “evangelismo pessoal” (Atos 10:1-48).
Algo semelhante aconteceu com Filipe, que foi tirado de suas ministrações normais (seria uma perda de tempo?) para falar a um só homem, um eunuco que servia a uma rainha, mas os planos de Deus não são os nossos (Atos 8:26-40; Isa 55:8).
Pode, àquele que acessa esta meditação, parecer que estamos falando simplesmente em tese. Que as ponderações aqui exaradas se aplicam aos “outros” e não a sua vida pessoal.
Reforçamos, porém, o conceito bíblico de que Deus trata conosco de forma individual, que cada pessoa se encontra sob uma realidade própria e nem sempre um padrão “a” ou “b” irá levá-la a “ouvir” a palavra que salva, uma vez que “a fé vem pelo ouvir a Palavra” (Rm 10:13-17), mas em que circunstâncias isso irá ocorrer somente o Senhor estabelece.
Falamos, anteriormente, da existência de bilhões de pessoas se denominando “cristãos”, mas não são as organizações religiosas, nem as denominações que irão “subir com Cristo quando a trombeta soar” (I Cor 15:1-58), nem os chamados “crentes qualificados” que irão “entrar na cidade pelas portas” (Ap 22:14), mas cada um responderá por si mesmo ao Senhor, sendo que estando dois juntos “um será levado e outro deixado” (Mt 24:36-4; Rm 14:12).
Não se trata aqui “simplesmente” de se considerar a troca de Cristo pela reencarnação, por Maomé, pela meditação transcendental, por Buda, ou tantos outros nomes que se colocam na linha da religião.
Paulo nos alerta para o fato de que uma “pitada de fermento pode, e deve, levedar toda a massa” (Gal 5:9; I Cor 5:6) e o livro do profeta Daniel nos mostra um exemplo, tirado do sonho do rei, onde algo que continha preciosos materiais foi destruído até o pó, por se firmar em uma “base” mista, onde o ferro se agregava ao barro. Certamente o simbolismo é muito mais amplo, mas ilustra nosso tema:
“Tu, o rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua: esta estátua era grande e cujo esplendor era excelente, estava em pé diante de ti; e a sua vista era terrível”.
“A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços de prata; e o seu ventre e as suas coxas de cobre;”
“As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro.”
“Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou.”
“Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o cobre, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras de estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua, se fez um grande monte, e encheu a terra.” (Dn 2: 31-35).
Jesus não deixou a questão do “fundamento” como algo de importância secundária, e reforçou essa idéia, com mais referencias, como é o caso da parábola dos que edificaram suas casas na rocha e na areia:
“Por seus frutos os conhecerei. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?”
“Assim toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus”...
...“Nem todo que diz: Senhor, Senhor! entrara no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus”.
“Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? Em teu nome não fizemos muitas maravilhas?”
“Então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.”
“Todos aquele, pois que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha”.
“E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha”.
“E aquele que ouve estas minhas palavras, e as não cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia”.
“E desceu a chuva, e correram os rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.” (Mt 7:1-27).
A abordagem desse mesmo tema pelo evangelista Lucas (Lc 6:47-49) dá ênfase especial ao conceito da “existência de um alicerce” que se apóia ou na rocha ou na terra pura, que é fraca e perigosa para a edificação.
Fica claro aqui, que os atos levados a efeito em “nome de Jesus” não nos fazem pessoas fundadas sobre a “rocha”, que é o Filho de Deus, mas somente adeptos de seu nome, como são muitos nos dias de hoje. Tais pessoas podem, inclusive servir a causa de Deus, pois a palavra que se refere a Jesus tem podem em si mesma (Isa 55:1), mas a salvação pessoal não se baseia nisso.
É bastante claro que não podemos “servir a dois senhores” (Lc 16:13) e sempre levamos tal conceito para os extremos, como “vou a igreja no carnaval e não saio para pular nos clubes”, ou, “sou dizimista e não sonego o imposto de renda”.
A questão não é, contudo, tão direta e óbvia como isso, sendo que Jesus insistiu que nossas obras tinham que estar bem além daquelas dos “religiosos de plantão” (Mt 5: 37-48) de tal forma que os homens nos contemplassem e glorificassem a Deus (Mt 5:16).
Uma das avaliações mais severas da Palavra se relaciona com a forma na qual tratamos os outros, que tem fome, sede, estão enfermos, presos, uma vez que isso equivale a como trataríamos ao próprio Jesus (Mt 25:31-46).
Quantas vezes você mesmo já passou por uma experiência dura e todos ao seu redor, no máximo, ofereceram palavras de consternação que, no fundo, representavam o seguinte pensamento: “Coitado do cara, ainda bem que não é comigo”.
Será que essas últimas considerações têm consonância com a questão do afastamento do fundamente correto? Não é preciso pensar muito para entender que sim, uma vez que:
1. O mandamento maior de Jesus foi que “nos amassemos uns aos outros” (João 13:34-35 e 14:15).
2. João em suas cartas enfatiza profundamente as ordens de Jesus e deixa claro que manter-se em Cristo é amá-lo sobre todas as coisas, mas que não é possível amar a Deus a quem não se vê e não amar ao irmão a quem se vê (I João 2:10; I João 3:1; I João 4:10-21; II João 5).
Levando essa questão para o campo mais amplo do cristianismo nos dias de hoje temos que ficar alertas para as palavras de Jesus sobre o crer no tempo do fim:
...“E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?” (Veja a meditação: “A arte de esperar”).
“Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?” (Lc 18:1-8).
Nos é forçoso admitir que a tão falada “expansão do cristianismo” ocorreu não sem a formação de “parcerias duvidosas” dentre as quais podemos citar:
1.Idolatria: A igreja tradicional e histórica nada mais representa do que a evolução daquela que surgiu com tanto poder em Atos dos Apóstolos, mas sua “estabilidade política” dependeu de “associações” com ritos pagãos que incluíam a adoração de esculturas, e o culto a entidades já mortas, questões que são condenadas pela pureza da mensagem divina (Ex 34:14). Não Podemos deixar de lado o fato de que o amor para com as “coisas” terrenas representa uma forma de idolatria (Cl 3:5), da mesma forma que o “culto a pessoas”, parentes, amigos, líderes, etc.
2 Desonestidade: A reforma protestante de Martinho Lutero surgiu pelo fato da salvação estar sendo “comercializada” com a venda das “bulas papais”, que conferiam o “perdão dos pecados” e, naturalmente, a entrada no reino de Deus. Isso era uma mentira à luz da Bíblia, e um ato desonesto, buscando, tão somente, fortalecer os cofres de Roma.
Infelizmente, o surgimento de novas denominações e de igrejas chamadas evangélicas não eliminou essa veia do “lucro”, de tal forma que, a cada dia mais organizações sustentam o “ciclo vicioso” de ter mais dinheiro, para se tornar mais atrativa e, assim, conseguir mais dinheiro.
Essa questão não ficou desapercebida da orientação de Deus, que já no início da igreja registrou nas Escrituras tais adventos do futuro:
“Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo”.
“Cujo fim é a perdição, cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para a confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas”. (Fp 3:18-19).
“Também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição.”
“E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade”.
“E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormirá”.
“Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram, mas, havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias da escuridão, ficando reservados para o juízo.” (II Pedro 2: 1-4).
Este é um trecho muito sério para a meditação dos que querem efetivamente manter a harmonia com Deus, pois a palavra explica que os “falsos mestres” irão introduzir “heresias” não de forma aberta, mas de forma “velada” e sutil.
Se alguém pensa que tais profetas mentirosos serão “eliminados” imediatamente pela mão divina, deve atentar que mesmos os anjos rebeldes, que seguiram as mentiras de Lúcifer em sua rebelião contra Deus, foram contidos, mas seu julgamento irá acontecer somente no final dos tempos, com a nossa participação (I Cor 6:3; Isa 14: 13-15).
3. Soberba: Muito se fala a respeito de falhas humanas, que estão ligadas ao homem natural e que são especificadas por João em sua carta, mas é fácil esquecer que a concupiscência está associada a “soberba da vida”(I João 2: 15-17), que vem atingindo pessoas no meio religioso a cada dia. Afinal eles são autoridades eclesiásticas, presidentes da organização, bispos eméritos, respeitados na comunidade e ovacionados por seus seguidores.
Devemos lembrar que o pecado de Lúcifer foi a sua soberba, e este é o maior de todos os erros que o homem pode cometer, nos moldes daquele da Adão, que queria saber tanto quanto Deus (Isaias 14; Gn 3: 1-6).
4. Imoralidade: Vias de regra os chamados líderes fazem muita apologia de sua condição de santidade, e, a maioria deles, realmente é bem correta, mas, dia a dia, a igreja vem se tornando mais permissiva para coisas que são proibidas na Palavra, como é o caso do homossexualismo, mencionado por Paulo desde dois mil anos atrás (Rm 1: 18-32), que até tem igreja própria e a aceitação da celebração do carnaval como algo normal.
5. Poder temporal: Homens de Deus foram lideres seculares na história bíblica, mas isso somente aconteceu em ocasiões especiais, e com finalidades definidas, como foi o caso de José (Gn 41: 38-57), ou Daniel (Dn 5:29), que, não “converteram”, por isso nem o Egito e nem a Babilônia.
Criticar pastores por se elegerem em postos de governo secular não seria correto, mas fazer disso um objetivo da igreja é outra história. Paulo afirma que luz e trevas não têm identidade (II Cor 6:14). Não será o poder político que irá “converter” as vidas, as cidades, os estados e uma nação, mas sim o Espírito Santo (Jo 16:8).
Não se esqueça que todos queriam que Jesus assumisse o reino de Israel, vencesse os romanos dominadores, como Sansão venceu os filisteus, ou Gideão derrotou amalequitas, mas o Mestre foi claro que “seu reino não era deste mundo” (Jo 18:36).
A questão não se limita, todavia, ao aspecto da política, pois hoje há uma grande mistura entre empreendimentos comerciais e a igreja, de tal modo que o que é arrecadado nos templos vai para outros fins.
É tal o afã ligado à questão do “poder temporal” que os líderes se lançam contra todos que possam estar interferindo em seu comando, e sua igreja, que é uma empresa, precisa ser “herdada” por parentes próximos, afinal é uma benção da “família”. Este foi o pecado de Eli e de seus filhos, que queriam tirar proveito das ofertas a seu modo (I Samuel 2: 12-36 e 4: 1-22).
6. Perda do amor verdadeiro; A Bíblia nos fala que no início da igreja as pessoas “tinham tudo em comum e se reuniam para partir o pão com singeleza, diante de Deus” (Atos 2: 37-(46)-47).
Há quem diga que a perda do primeiro amor, reclamada no Apocalipse (Ap 2:4) é uma questão de poder espiritual, mas não, estamos falando exatamente da forma em que a igreja moderna pensa em si mesma e não se importa com os outros, disputando espaço entre denominações e competindo, como se estivessem envolvidos em uma guerra santa.
6.Misticismo; Na minha juventude conheci um trabalho realizado em tendas, em uma cidade do interior de São Paulo, que era muito abençoado.
Com o passar dos dias, entretanto, a motivação do povo diminuiu e o pastor responsável preocupado com a freqüência, começou a pregar que “anjos estavam descendo para abençoar as pessoas”, o que foi um sucesso, mas por certo tempo.
Uma inovação foi então incluída, era agora aa virgem Maria que acompanhava anjos para ministrar. Com isso já se entrava na idolatria e na mistificação.
Nos dias atuais muitos “artifícios” estão sendo usados, não para pregar Cristo e este crucificado (I Cor 1:23 e 2:2), mas para atrair pessoas para reuniões e fazer crescer a organização.
Diante deste painel de fatos é preciso admitir que você não poderia resolver, sozinho, todos os problemas, nem arrancar o joio que o inimigo semeou, mas, certamente, está em condições de zelar por sua alma, podendo dizer como Paulo, que combateu o bom combate, acabou a carreira e guardou a fé (II Tm 4:7).
Temos que considerara que a idéia trazida nas recomendações das sete igrejas que têm uma utilidade generalizada e, ao mesmo tempo, aplica-se a vida de cada um de nós.
A grande receita que nos garante proteção em relação às astutas ciladas do diabo (Ef 6:10-20), e andar segundo a Palavra de Deus, tendo os cuidados recomendados na própria Bíblia por:
Jesus: “Santifica-os (Pai) na verdade: a tua palavra é a verdade” (João 17:17)
Davi: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”. (Salmos 119:11).
Paulo: “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho”.
“O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo”.
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”.
“Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.” (Gal 1:8).