PARA VIVER UM GRANDE AMOR ( em pleno século XXI )

Viver um grande amor em pleno século XXI é possível; ainda que imperativo seja fazer alguns ajustes à mentalidade da sociedade atual, já exacerbadamente egoísta por natureza e tecnológica por imposição, é possível; ainda que a maioria das pessoas há muito estejam mal acostumadas às facilidades e mais alguns conceitos erroneamente posicionados por excessos de direitos e liberdades duvidosas que teimam em cruzar fronteiras e atravessar inadvertidamente as vias expressas dos hábitos cotidianos e invadir impiedosamente os jardins dos sentimentos e das emoções, é possível; corrigidos tais dilemas elementares, tais vícios estruturais, tais manias inconscientes, inconsistentes e inconsequentes que avassalam o ser por inteiro, o amor, sim, um grande amor, é possível.

Comecemos abolindo o uso de descartáveis, tudo que se usa e joga fora, está terminantemente proibido; também o uso de rótulos, altamente pernicioso, é abolido; prioritário então e mais que tudo, repensar o sistema de embalagens - nada de embalagens coloridas, sofisticadas e altamente atraentes, porém, de conteúdo incerto – as embalagens para este novo e especial momento da sociedade são todas transparentes; nada de produtos baratos que não valem a pena serem consertados, a meta agora é pagar caro por algo que realmente temos certeza que é bom; importantíssimo! fecham-se hoje as portas de todos os fast-foods, e na esteira desta proibição seguem todos as opções de comida congelada e pratos rápidos - tipo miojo, em três minutos está pronto - ( que horror!); também faz-se necessário banir o uso de maquiagem, máscaras, apliques, todo o excesso de enfeites que interfira com a verdade de quem os usa; saem de moda as chamadas roupas de marca, e entra em cena a originalidade que cada um tem; e finalmente e orgulhosamente, o Código de Defesa do Consumidor não será mais necessário, pois onde há respeito pelo outro, não mais é preciso que alguém o defenda .

E aí então, o amor se faz possível; livre da pressa e da ansiedade, livre da ilusão das pistas de dança e das noites mal dormidas, livre das conveniências e das conivências, sim, é possível; longe dos holofotes e das lentes rápidas das câmeras de celular, é possível; não podendo comparecer a todas as festas,o amor é possível; num canto de jardim à luz da lua, é possível; à beira da praia contemplando um pôr de sol, ou passeando de mãos dadas no calçadão, é possível; em casa trocando as fraldas do bebê, é possível; no teatro ou no cinema, tentando em vão conter as lágrimas, é possível; cantando no chuveiro, ou pondo o lixo pra fora numa noite de sábado, é possível; no trânsito, no engarrafamento, na loucura do ir e vir, na rotina esmagadora do trabalho estafante, é possível; em meio às inevitáveis discussões de opiniões divergentes, o amor é possível; voltando da faculdade em pé no ônibus lotado, sim, o amor é possível; fazendo compras no supermercado, tentando comprar um carro ou uma casa juntos, ou simplesmente tomando café no shopping e fazendo as contas do mês, mais uma vez, o amor é possível; trocando o botijão de gás, planejando os 15 anos da filha, ou o casamento do filho mais velho, o amor é possível; indo à igreja, o amor é possível; indo à Paris, o amor é possível; voltando das férias, o amor é possível; perdoando, cuidando, redescobrindo e amando de novo todos os dias, dia após dia a mesma pessoa, em pleno século XXI o amor é possível; celebrando as bodas de prata, de ouro ou de diamante, viajando juntos na primeira excursão ao planeta Marte?! - sim! eu tenho certeza que um grande amor é possível .

TEXTO INSPIRADO EM

' O AMOR ACABA' DE PAULO MENDES CAMPOS

(trabalho de Produção Textual)

Leticia Rachel Fernandes da Silva

Universidade Estácio de Sá

Licenciatura em Letras

1o. período

Miss Jade
Enviado por Miss Jade em 09/09/2012
Reeditado em 10/09/2012
Código do texto: T3873948
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