Dissertação por relação de causalidade

Uma das formas de se analisar os fatos é estabelecer entre eles uma relação de CAUSA e CONSEQUÊNCIA. A essa relação damos o nome de causalidade. Um fato pode ser em relação a outro a causa ou a consequência.

Existem temas dissertativos que possibilitam “visualizar” essa relação de causalidade, que pode ser muito bem explorada na elaboração da dissertação.
 
Uma redação com base nessa estrutura pode ser escrita em quatro parágrafos:

- no primeiro (introdução) apresenta-se um quadro geral do tema;
- no segundo, apresenta-se a(s) causa(s) principal(is);
- no terceiro, mostra-se a(s) consequência(s);
- no quarto, faz-se a conclusão.

Exemplos de temas que podem ser trabalhados com base nesta estrutura:
- êxodo rural
- desemprego
- corrupção na política
- consumo de drogas entre os jovens
- violência no trânsito e tantos outros temas.

A seguir, alguns textos elaborados por meio da relação de causalidade.

O êxodo rural no Amazonas

     A cada ano, dezenas de famílias deixam o interior e se deslocam para Manaus, alimentando o sonho de conseguir melhores condições de vida. Trata-se do êxodo rural, um fenômeno que comumente ocorre não apenas na capital amazonense, mas em praticamente todas as cidades grandes.
     No Amazonas, a causa principal desse problema é a situação de abandono em que se encontra o homem do interior. Além do isolamento provocado pelos rios e florestas, dificuldades como o desemprego, a falta de oportunidade para os jovens, o custo de vida elevado, a precariedade de atendimento médico, fazem com que famílias inteiras alimentem a ilusão de que terão melhor sorte na capital, sob as bênçãos da Zona Franca.
     Como a capital nunca esteve preparada para receber essas levas de migrantes, as conseqüências do êxodo podem ser facilmente notadas: as áreas de invasões aumentam cada vez mais, elevando também o índice de criminalidade, a submoradia, o subemprego. Pouco a pouco a ilusão se desfaz, mas as famílias não conseguem mais voltar para o interior, tendo que se submeter à subvida, sem acesso aos mínimos canais de exercício da cidadania.
     Como se percebe, o problema do êxodo rural no Amazonas ainda está longe de ser solucionado. É necessário que o governo do Estado, em conjunto com as prefeituras dos municípios do interior, crie as condições necessárias para que o homem interiorano possa viver com dignidade em sua terra, sem precisar sair de lá, e assim ele jamais se iludirá com a miragem perigosa da cidade grande.


Corrupção na política

     A população, de uma forma geral, não acredita na honestidade dos políticos, que são olhados com desconfiança e vistos atualmente como uma das classes mais corruptas do país.
     Não é necessário muito esforço mental para se detectar as causas fundamentais dessa visão extremamente negativa: são os eles que fazem as leis (Poder Legislativo) e as aplicam (Poder Executivo). Não raro, em vez de cumprirem convenientemente seu papel beneficiando a população, aproveitam-se dos cargos para satisfazer seus próprios interesses. Os que têm índole corrupta se extasiam com as facilidades que encontram, ainda mais com a certeza da impunidade, que estimula a prática do crime. Uma das faces mais sombrias dessa realidade é a promiscuidade de políticos com traficantes de droga.
     Os constantes escândalos veiculados na mídia são decorrência imediata desse estado de coisas, contribuindo decisivamente para aumentar o descrédito dos políticos, cuja imagem comumente aparece associada a desvio de dinheiro público, enquanto as causas sociais urgentes, como educação, segurança, saúde e emprego são relegadas ao abandono. E enquanto esse quadro se repetir, o Brasil não conseguirá encontrar o real caminho do desenvolvimento pleno.
     Em última análise, não é à toa que os políticos não gozam de boa reputação na opinião pública: essa classe traz sob sua pele um câncer chamado corrupção, que precisa ser extirpado. É necessário que os cidadãos sejam mais seletivos na hora do voto e intransigentes na hora de fiscalizar seus eleitos, cobrando competência e decência no trato com a coisa pública.

Empregabilidade e cidadania

     Passam os anos e as décadas, entra e sai governo, mas o desemprego no Brasil continua sendo um sério problema à espera de solução.
     Na raiz desse déficit social está a baixa escolaridade da maioria da população, aliada à falta de qualificação profissional que o mercado vem exigindo cada vez mais. Além disso, convém lembrar a situação de jovens que buscam o primeiro emprego e sentem dificuldade em conquistá-lo, uma vez que as empresas costumam exigir experiência anterior dos candidatos às vagas. E também a altíssima concorrência nos concursos públicos faz com que uma grande massa de trabalhadores seja deixada à margem da empregabilidade.
     Consequentemente, o que se vê em praticamente todas as regiões, mas principalmente no Norte e no Nordeste, são milhares de famílias vivendo abaixo da linha da pobreza: pessoas sem habitação digna, subnutridas, sem a mínima perspectiva de vida. Isso provoca o aumento da economia informal e do subemprego, bem como a elevação dos índices de criminalidade que, embora não seja necessariamente ligada à pobreza, é inegavelmente uma presença constante em áreas miseráveis.
     Como se percebe, o governo e o empresariado brasileiro têm o dever de resgatar uma dívida histórica para com os cidadãos do país. O desemprego parece ter se tornado crônico, mas a aplicação adequada das verbas destinadas à educação e ações concretas de geração de emprego já seriam um bom começo.


EXERCÍCIO:

1. Elabore um texto dissertativo/argumentativo, explorando a estrutura básica da dissertação, sobre o tema “Necessidade humana de comunicação”.

2. Elabore um texto dissertativo/argumentativo, explorando a relação de causalidade, sobre o tema “Analfabetismo no Brasil”.