O vestido
E passou de geração em geração; aquele vestido branco de pequenas florzinhas vermelhas; passou dos corpos de minhas tias para minhas primas e depois para mim e eu, como todas, passarei adiante.
Ah! Vestido, vestido meu! Por quantas coisas passaste... Clima quente e frio.
Quanta coisa já viste e passaste.
Vestido que carrega grandes memórias... Memórias de minhas tias - uma delas falecida - mas que deixou uma pequena mancha; talvez a marca para que ela desejasse que fosse e que seja sempre lembrada.
Assim, ele foi passando, de geração em geração, até chegar a mim - terceira geração, afinal tenho apenas 13 anos de idade - e sem querer, o manchei com tinta de cabelo.
Aquele era meu vestido preferido; tantos vestidos novos, mas só queria aquele: manchado e velho. Com ele brincava, dormia, mas vou continuar a tradição familiar. Minhas primas menores o terão até que ele se rasgue por inteiro e vire um pano normal.
Normal para qualquer um, menos para nós, que, por bons tempos de nossa vida, o usamos, mesmo que velho e manchado.
É apenas um vestido, mas grande memória de família... Minha família.