Educação, Mídia e Ideológica
No período histórico espetacular, estético fetichista, em que estamos vivendo as relações humanas de alteridade e altruísmo estão fortemente marcadas pela plasticidade efêmera das pessoas cada vez mais autocentradas, que buscam perenemente o gozo pessoal, único e exclusivo influenciadas em grande parte pela mídia instrumento alienante que educa determinantemente o sujeito a partir se suas ideologias.
O sujeito e suas relações com o espaço, com o mundo e com o tempo atualmente são marcadas por modificações fundamentais, com destaque a velocidade da informação e o avanço tecnológico. A comunicação desempenha um papel educativo central no movimento de globalização, realizando a disseminação da informação em redes de forma cada vez mais rápida e eficaz.
A mídia, com atuação destacada na comunicação nos dias de hoje, influência a vida política, social e as possibilidades de interferência no processo educacional de simbolização da cultura. Longe de considerar a mídia como a grande causadora de muitos dos males da humanidade e que, por isso, deve ser eliminada, defende-se a posição de que não só é impossível como até desnecessária sua eliminação. Se a mídia, por um lado, desempenha inúmeras funções, entre as quais educativa, social, de utilidade pública, entretenimento, informação, por outro lado, ela acaba navegando por outras vias, que determina fortemente a seu critério a produção de sentido e a disseminação dos imaginários cultural e social, elementos fundamentais na construção da opinião pública.
A homogeneização e a cultura de massa, conceitos que podem ser considerados ultrapassados, sob a alegação de que o espectador tem pleno direito e inúmeras opções para uma escolha que o desobrigaria a submeter-se à manipulação da produção midiática, atuam no vasto mercado de imagens que a mídia oferece, pela via da fascinação e identificação, marcando a produção de subjetividades, como as que denominam sujeito de imagem.
O sujeito, na tentativa neurótica de chegar ao sucesso, ancorada pela perspectiva do olhar do outro, atento e adestrado, usa-se das parafernálias tecnológicas para criar um estereótipo caiado, vazio e estridente, a fim de se fazer capturar e ser aprovado pelo olhar, que a partir da performance desempenhada no palco midiático determinará a possibilidade de sucesso ou a condenação ao fracasso do anonimato.
É uma constante, neste mundo pós moderno, em que a velocidade da informação tudo modifica, com altivez ditatorial o permanecer em voga, pois se não há novidade, seja qual for, será substituído, suplantado por outro, por algo novo, que seja interessante e chame a atenção. A atenção é um das virtudes humanas que passou a custar caro, paga-se por ela um alto preço. Também caiu por terra e não há mais a perspectiva de internalizar as normas de descobrir-se e dizer de si, o que diz e julga é o externo, o outro numa constante e elaborada instrumentalização alienada que educa o sujeito para a passividade e aceitação da manipulação do sistema massificador vigente.
Na realidade social capitalista alienada o espetáculo, é o auge do clímax, a catarses expurgada é saboreada até a última gota: É proibido perder, pois o que vale é o aqui e agora, que tem começo e fim, presente perpétuo. Na linguagem espetacular a imagem é alimentada e nutrida, pelo sistema e sua ideologia psicológica que ultrapassa o sujeito e o torna objeto de si mesmo, o herói torna-se vilão, o vilão é aclamado.
Na visão abolicionista do signo da diferença cria-se o fundamentalismo hiper individual, justificado pela ética utilitarista. Nesta relação predatória o outro é objeto de gozo, prazer e realização pessoal a qualquer preço, relação sem nome, sem endereço apenas mediado pelo valor comercial que compra o desejo e não educa para a liberdade e autonomia.
“Esfuma-se” a utopia, alonga-se o presente, e nega-se o passado como pressuposto não pertinente ao prazer, o que de fato importa é o presente alongado o essencial torna-se relativo, os valores tornam-se mutáveis, instrumentalizados pelo sistema pernicioso que iludibria, e deixamo-nos enganar numa relação de cumplicidade, numa compilação fatídica da história.