Calma, espera um pouco
Vejo da minha janela, homogeneidade. Pessoas uniformizadas a caminho das fábricas. Máquinas andantes. Calma, espera um pouco, máquinas? Sim, máquinas! Mas máquinas não falam, não pensam, não dormem. Sim máquinas...Os que as deixou assim? Necessidade. Viviam da subsistência, plantavam, colhiam, davam atenção à família, porém foram vítimas de um sistema. Qual? O capitalismo.
Vejo da minha janela, destruição. Inimizade entre o homem e a natureza. Rios secos, florestas mortas, espécies extintas...Respostas: furacões, alagamentos, terremotos...Vejo uma onda gigante, é um maremoto? Sim! Um maremoto do consumismo, do desperdício. Uma autodestruição.
Vejo da minha janela, miséria. Seres humanos vivendo como animais. Piores que animais domésticos. Comendo restos, dormindo nas ruas, passando frio...sem terras. Calma, espera um pouco, terras? Há muitas terras! Sim, terras. Muita terra para pouca gente. Terra, onde vale mais o que tu tens e não quem tu és.
Vejo da minha janela, luta. Um querendo estar acima do outro. Primeira Guerra, Segunda Guerra, Guerra Fria...mortos, milhares de mortos, angústia, sofrimento, dor...Cabum! Hiroshima e Nagasaki. A paz foi embora, a paz disse adeus.
Vejo da minha janela, escravos. Calma, espera um pouco, a escravidão não acabou em 1888? Sim, escravos. Precisamos de um novo Castro Alves, pois temos uma nova escravidão. Pessoas ganhando pouco, endividadas. Mentiras. Tudo pelo luxo.
Vejo da minha janela, esperança. Escondida no fundo de um ser. Mas ela existe, ela está ali. Esperança.