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O Haiti é aqui

por Zulcy Borges - jornalista e editor

Em qualquer carta geográfica o Haiti fica muito mais perto dos Estados Unidos do que do Brasil. Entretanto, pobre como é, a população haitiana nunca é recebida na Disneylândia e noutras maravilhas da terra do Tio Sam, a não ser quando acompanhada de vizinhos cubanos anticastristas. Aliás, os haitianos são indesejados desde sua independência, em todo o Caribe a começar pelos seus vizinhos de parede dominicanos. Pretendem uns, progressistas, que isto advém do caráter revolucionário do povo haitiano, o primeiro independente, de fato, das Américas. Pretendem outros, antropólogos e antropófagos, que o medo é do vodú – religião haitiana um tanto assustadora.

Vodú ou não vodú, depois de séculos de preconceito e perseguição, os haitianos descobriram o Brasil - o que não é nenhum grande feito dado o nosso tamanho e até os portugueses já o terem feito. De qualquer modo, mesmo, milhares de haitianos começaram a chegar ao país pelo Acre, de onde, ao mesmo tempo, não param de sair os brasileiros que lá ainda vivem – desde Armando Nogueira e João Donato.

No início, os haitianos foram muito bem recebidos pelos índios e onças locais, mesmo porque seus primos-irmãos na Bolívia e Peru, por onde haviam passado antes, não sabiam dos terremotos que haviam destruído a ilha dos visitantes, por mais que eles explicassem, mesmo em francês. Passado algum tempo, sabendo da questão pelo Jornal Nacional, o governo brasileiro prontamente fez uma barreira da Polícia Federal e determinou que os haitianos precisariam ter um visto emitido antes em seu próprio país.

Naturalmente não está sendo fácil para centenas de haitianos voltarem agora, de Brasiléia até Porto Príncipe, apenas para pegar um papel e assim participar do Carnaval bahiano ou carioca - o que já fez, até, eles perderem no começo do ano os dois. Ainda bem que a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, fez uma visita ao Haiti para resolver a situação como gosta de fazer. Dito e feito, feita a visita, alguns haitianos estão descendo para o Sul Maravilha, enquanto outros ficam em Brasiléia dando entrevistas ao Fantástico.

Zulcy Borges
Enviado por Zulcy Borges em 16/07/2012
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