PRESENTE (do) DESTINO

Certa vez, conversei com o Destino. Foi exatamente a 365 dias... Não que ele não tivesse me visitado outras vezes, dessa vez, porém, eu pude reconheçê-lo.

Ele veio pessoalmente executar uma tarefa que mudaria minha vida. Trajava roupas coloridas, cabelos compridos até o queixo, voz e comportamentos afeminados. Não prestei atenção no que dizia e em uma ação rápida e confusa, me apresentou uma garota simpática, de belo cabelo cacheado e blusa roxa.

A início, não soube o que fazer com ela, mais minutos depois, nossa troca de olhares já se fazia confortável. Nossas palavras fluíam em harmonia e os sorrisos eram sinceros e naturais.

Reconheci Destino, quando ele se afastou com um sorriso de ‘missão cumprida’, e desapareceu na multidão. Depois desse dia, não tornei a vê-lo... não dessa forma. Mais ele reapareceu diversas vezes. Hora em forma de vendedor de super pulseirinhas hippie, outras em forma de garçom, vendedor de loja, caixa de supermercado, dono de pousada, vendedor ambulante de bombons e amendoins, vendedor de origamis... Algumas vezes, apenas de passagem para uma breve fiscalização. Outras, se apresentou mais simpático, e aproveitou para sondar os resultados de sua ação... veio ver como tenho me portado, com o presente que ele me deu. Conferir a intensidade das nossas trocas de olhares, a forma como flui nossos sorrisos constantes, a dose de carinho que injetamos em cada palavra. E nos deixou com um sorriso que pode nitidamente, ser lido como: Está tudo indo bem.

Já tive a impressão de que por vez, até Ele se surpreendeu, com o ótimo resultado de seus feitos. Creio que já pude captar seu olhar admirado e orgulhoso com a sintonia e o amor que pode sentir no ar, quando se aproxima da menina de blusa preta e a de blusa roxa... que hoje mal consegue ver como duas pessoas. É que Ele só vê uma alma, quando olha para elas. E essa alma agradece todas as vezes que Ele reaparece.

Confesso já ter questionado seus atos diversas vezes, no silêncio do meu quarto. E sempre em tal momento, lembro de suas palavras: “... leve a pulseirinha, ela lava, passa, cozinha, serve cafezinho, faz amor, da carinho...tem tudo que você precisa”. E eu então, entendo... que mais uma vez, o tempo não é o mesmo para todos. E se para nós, as vezes, ele passa lento; para Destino, um ano é um dia...e ele já sabia, que hoje eu olharia para a menina da blusa roxa, como o maior presente que já recebi... e que em uma pulseirinha eu teria, de fato, tudo que precisava: Carinho, cumplicidade, compreensão, amizade, paixão, desejo, paz, felicidade, amor.

Axo que Destino, já deu-se por satisfeito, e confia em nós com a certeza de que podemos continuar construindo um amanhã bom e seguro... E talvez Ele ainda apareça de vez enquando para apreciar essa relação. Talvez como um consultor, ou padrinho, mecânico de bicicleta, dono de restaurante, compradores de cachorro quente, vendedor de loja de decoração, donos de pousadas... E sempre nos deixará com um ar de satisfação. E sempre nos deixará um pouco mais de Amor.

Daiane Alves
Enviado por Daiane Alves em 01/07/2012
Código do texto: T3754827
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