Da indiferença à superação J B Pereira – 30/06/12

Da indiferença à superação

J B Pereira – 30/06/12

Eles viviam no mesmo bairro e cidade, mas não se comunicavam. Olharam-se com desconfiança e nunca mais quiseram estar próximos. A situação piorou por disputa de voto na associação de bairro e frequentavam igrejas diferentes e times diferentes. Eraldo era baixo e moreno e Rodolfo era alto e branco. Tinham mais ou menos a mesma idade, suas famílias até se davam bem. Contudo, ninguém havia questionado a vida deles. Pareciam tímidos e isolados, contudo nada discrepante para os outros. E somente eles se apercebiam estranhos, sem que houvesse um motivo justificado pela tamanha sensação de estranhamento.

Depois de um ano de fugas e evitando um ao outro, no prédio da associação, Rodolfo sentiu-se mal e caiu no banheiro, não entrara ninguém lá e ficou alguns minutos ao chão. E, de repente, Eraldo foi ao sanitário e viu que Haroldo estava caído, pediu ajuda a amigos e gritou. Graças a sua presença, Haroldo se recuperou e, ainda no hospital, depois de atendido e em observação pediu para conversar com Eraldo, agradecendo-o. Deste modo, ambos começaram a conversar e viram o quanto haviam perdido por não se comunicarem. As diferenças e indiferenças se volatizaram e começaram a trabalhar unidos pelo bairro. Nunca falaram com ninguém ficou sabendo o que eles sabiam de si mesmo, mas como se tornaram mais próximos.

Há situações negativas cujos resultados são positivos. Muita gente corre o risco se alimentar sentimentos e imagens preconceituosas sobre os outros e as mantém por muito tempo, até que um dia se desmorona essa situação. E o interessante é o que se procede como novidade, o outro nunca está pronto e nós nos forjamos ao longo da vida. Grande Sertão: veredas é uma obra em que o sertanejo confidencia ao doutor que viaja sua visão de mundo. O serão virará mundo quando as fronteiras se renderem a valores maiores e o outro deixar de ser negado. Não se pode ignorar a interpelação do outro como diferente, sabendo-se que também sou diferente para o out