Últimos Devaneios

... Como cheguei aqui é o meu primeiro pensamento; o cenário não poderia ser mais funesto, luzes azuis e vermelhas girando mais à frente; eu estava encharcado pelo vermelho da ambição e enclausurado em meu próprio casulo, restando apenas os últimos devaneios.

O ponto inicial desta história começa às dezoito horas de um sábado, os momentos pregressos a este fato não importam.

Meu endereço era na Praça da Sé, número zero, logo após o banco do chafariz e nessa mesma noite ficaria conhecido como o Marco Zero.

Logo conheci o Hehl, o chamavam assim por dizer que ele parecia com um artista que havia projetado uma catedral aqui por perto, mas ainda não havia visitado ela.

Ele percebendo minha fome, ofereceu-me um pouco de tolueno que além de matar minha fome, também excitava meus devaneios. Após isso fomos fazer um passeio pela selva de pedra, onde avistávamos arvores de pedra, minhocas subterrâneas de aço e, às vezes, algumas águias de ferro que sobrevoavam nossas cabeças.

À noite, Hehl me convidou para trabalhar com ele, que trabalhava de despojador de bens.

Chegando lá, olhos atentos procurando os urubus, normalmente nesses horários não eram em grande número e não apareciam com frequência. Agora ele procurava a caça, normalmente alguém que parecia indefeso e não andava em bando; preparava sua míni lança e dava bote, sempre certeiro. Repetindo várias vezes, noite adentro, daqui a pouco é sua vez.

Chegava a hora, então começou um ritual de iniciação e nele ganhei minha lança, uma cobertura em minha cabeça que deixava apenas meus olhos à vista e um nome Marco Zero. Posicionei-me na encruzilhada de um caminho que tivesse apenas a lua iluminando. Preparei minha lança, mãos tremendo, gotas escorrendo pelo meu rosto, olhos arregalados e assustados.

De repente avistei minha primeira caça, vinha com um objeto quadrado feito de pele de jacaré e alguns números brilhantes. Dei o bote, quando ele esquivou e puxou seu arco de aço e lançou sua flecha de chumbo no meio do meu peito, daí caí no chão e perdi alguns segundos da realidade e retornei todo ofegante e como cheguei aqui é o meu primeiro pensamento....

Leandro Tenorio
Enviado por Leandro Tenorio em 15/06/2012
Reeditado em 15/06/2012
Código do texto: T3726368
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