Indo embora

Eu sei que o que vem uma hora tem que voltar, sei que o que vai também volta em um momento qualquer, costumo saber com antecedência esses momentos e tento ser muito racional numa hora dessas, mas é difícil.

Vai chegando o dia de te levar embora e te devolver pra um mundo longe do alcance da minha visão, dos meus braços e mesmo sabendo que isso é o normal nessa nossa realidade, não consigo deixar de ficar triste. A noite anterior já sou abraçado pelos braços da tristeza e beijado pela saudade.

Mas tenho que fazer, levantar e te levar até aquele lugar onde tanta gente vai na mesma situação que eu e volta na mesma situação que eu, já não é a primeira vez e esta longe de ser a ultima, mas sinto que nunca vou me acostumar verdadeiramente, o que é ótimo, porque no dia em que eu te levar pra ir embora e sentir que é normal, haverá um problema.

Meus olhos estão se tornando fortes em segurar lagrimas que vem na hora de ampliarmos a distancia que, por alguns dias, foi nenhuma. Me recuso a chorar neste momento e que você me veja chorando.

Impossível não sentir que me foi tirado um pedaço quando volto sozinho, não sei se uma parte do coração já que ele bate acelerado, talvez para suprir a parte arrancada com violência, ou talvez um dos pulmões, já que minha respiração se torna mais profunda. O que sei é que falta uma parte de mim quando cruzo a rua e volto pra casa sozinho, sabendo que enquanto você aumenta a distancia de um lado, eu aumento do outro.

Na mente, pensamentos inquietos que tentam de alguma forma por em medidas o amor que sinto, o amor molhado em lagrimas internas de uma saudade que já começa a aparecer assim que não te vejo mais, mas é um amor bom de se sentir, diferente daquele que sinto quando estamos juntos, um amor que sabe, mesmo te vendo partir, que aquela mulher incrível é minha e se dá como minha, um dia logo ela volta.

Abrir a porta de casa, a porta do quarto e encontrar você presente em tudo aqui, seu cheiro na cama, nos travesseiros, alguma coisa que você deixou fora do lugar, um presente, uma embalagem de algo seu que foi aberto aqui, me agarro a todos esses sinais de que você esteve aqui.

Mas aí você volta e não sei descrever a felicidade que sinto ao te ver vindo na minha direção, a felicidade de estar completo mais uma vez, a sensação que me arrepia todo o corpo de sentir seu cheiro, não pelo lençol da cama, mas ali, direto da fonte, na sua pele. O primeiro beijo dado, beijo que vale por todos os dias que não nos vimos, é como saudar uma divida com o tempo e fazer com que aquele beijo volte no tempo e seja dado em cada dia passado.

Sou feliz contigo, perto ou longe, a força que emana de você e me atinge o peito é energia vital e agradeço por ser alvo dela, ainda que me irrite uma vez ou outra, porque não sou perfeito e, como te disse, meu ciúme é auto-suficiente, não precisando deste ou aquele motivo para existir, vivo bem contigo e não consigo (me desculpe) vislumbrar vida sem você.

Mais tantas e tantas vezes irei te buscar e te levar para ir embora, tomara que Deus permita que o intervalo entre esses dias fique maior e que você fique mais tempo, que chegue o dia em que você vai embora, eu vou embora para irmos a um lugar novo, só nosso e não precisarmos sair de lá pra mais nada.