Estranho

Alguém com quem gostei de conversar, mas em quem não sei se devo confiar. Eu podia aproveitar a rima e construir um poema, mas há quem não os considere textos. Por isso, não quis arriscar. Em tom narrativo (ou quase) tentarei explicar o que aconteceu.

Durante a tarde de um domingo, a surpreendente capacidade de manter um diálogo tornou-se quase que apaixonante, sem exageros posso afirmar que foi cativante (pelo menos). Em algumas horas "ele", que disse apenas seu nome, sem nem mesmo perguntar o meu, penetrou em minha imaginação despertando reações inesperadas. De olhos fechados construi cenas durante um bom tempo, até que procurando as cores separei as pálpebras. Nesse instante um balde d’água foi arremessado sobre mim, as cenas borraram e se diluíram em questão de segundos. O que eu pensei ser tinta óleo, mostrou-se ser aquarela.

O que é tão estranho? A cobrança. Exige de mim confiança, credibilidade e provas de um merecimento, que afirma ter conquistado. Estranho é a irredutibilidade, o fato de não aceitar que as coisas não sejam sempre do seu modo. Estranho mesmo é o fato de eu ter continuado... Estranho eu tentar mantê-lo por perto, tentativa vã pelo que parece. A resposta ao meu esforço foi um indiferente Adeus!

Talvez esperasse que eu mentisse, mas não pude, não sou assim. Nada prometi, tampouco cobrei algo. No decorrer da conversa mostrou-se diferente do que a princípio, não mais queria que eu me expressasse preferia expressar-se por mim. Como se colocasse palavras em minha boca e julgasse que suas interpretações fossem a única possível e pautável alternativa, deixou-me de mãos atadas. Não agradei nenhum pouco, notei. Mas não me lembro de ter sido agradada também.

Por que as imagens são tão importantes? O mais intrigante, porém é: por que não são recíprocas? Não sei se posso oferecer mais do que recebo.

Sobre o tempo: quem há de entender? A saudade que sentimos de um cãozinho que cuidamos desde pequeno, é inferior àquela que se sente ao lembrar o filhote que morreu após o parto. Não gostaria que os meus sentimentos fossem afogados ainda na infância, mas se aquele cujo nome permanecerá oculto no texto, mas que compreenderá minha subjetividade o quer, eu nada poderei fazer para impedir.

Que fique a ideia de que minhas atitudes dependem de algumas reações, se elas mudaram algo mais mudou. E para que elas floresçam é preciso uma pequena rega a cada dia unida a alguns instantes sob o Sol. Por fim que não esqueci e ainda reconstruo na memória, as cenas que se diluíram.

Robroy
Enviado por Robroy em 03/06/2012
Código do texto: T3703280