Fiquei sabendo
Às vezes no meu dia a dia, deparo-me com algumas situações curiosas e tenho certeza que você também.
Acordo cedo, exatamente às cinco da manhã, preparo-me e vou para o trabalho. Chego no ponto de ônibus e lá estão todos os dias: Jean, que vai de carona com o amigo para o aeroporto, dona Cleide, dona Maria Lúcia, Lucas e um outro passageiro que ainda não sei o nome, mas faço questão de saudá-lo também. Nós usamos a linha de ônibus 5120, que é aeroporto via Pedro Leopoldo.
As senhoras entram e num tagarelar só elas contam: da noite, do sono, do frio, do gato que miava na calada da noite, do vizinho barulhento...
E nós, os homens, somente assuntos mais diretos como o jogo do dia anterior, mulheres, alguns falam de homens também, no reservado claro, e o outro pede o dinheiro da passagem emprestado e assim seguimos nosso destino.
Mais um dia de luta.
Isso é muito saudável porque por mais que a gente se encontre todos os dias, sempre há um assunto novo, uma piadinha nova, algo de diferente que aconteceu e precisa ser comentado.
E sempre após o assunto novo, alguém pergunta: quem te contou isso? O outro responde:
_ Ah, fiquei sabendo.
Morar em cidade do interior é bom por causa disso. Há uma amizade verdadeira, há um sorriso espontâneo, um abraço forte.
Nas grandes cidades já impera o medo, a falta de gentileza, o estresse e a marginalidade.
No outro dia repete-se a mesma coisa porém já se comenta o assunto mais novo, com novos detalhes. E se por ventura alguém pergunta: "quem te contou isso?" A resposta é a mesma: fiquei sabendo.
Cidade pequena é assim, tudo gira em torno do "fiquei sabendo".