Inquietas Sombras
“Ai vindes outra vez, inquietas sombras”. Antes fossem as sombras das memórias das almas penadas dos entes que já se foram, daquelas que assombravam a casa do Dr. Bento Santiago.
Beirando a loucura, esquizofrenia ou paranóia, não sei, mas parecem ter hora certa de vir me atormentar, vêm me avisar gentilmente à hora de dormir e a hora de acordar, quase que diariamente vem soprar na minha mente frases que me fazem ter duvida.
Sombra de gente que nem conheço, gente que nunca ouvi a voz, sombra de gente que deveria ser zona de conforto, mas me ameaça com suas historias mal acabadas, textos com virgulas e nenhum ponto final aparente. Gente que passou por quem passa por mim e aparece todos os dias ao nascer do sol para dizer que é melhor do que eu, mais interessante do que eu.
Onde esta a fúria, conselheira dos desesperados, que me faz fechar os olhos por um ou dois segundos e, quando abri-los novamente, encarar as sombras chamando-as para o desafio? Onde está a fúria que traz o desapego que beira a indiferença, a raiva que me faz pensar unicamente em mim e na minha satisfação? Onde está a fúria que faz de mim o vilão que, às vezes, preciso ser?
Parece que a fúria se tornou apatia, tornou-se um sentimento de medo estranho que aperta o coração, faz-se extremamente urgente recuperar a raiva e os olhos focados que tive em certas ocasiões, tomar uma atitude tola, imatura, criança de provar para os outros, para as sombras e não pra mim que sou melhor.
Gostaria de conseguir abstrair, relevar e jogar em um canto qualquer da mente a preocupação que me trazem, mas aos olhos doentes, tudo parece recado para lembrar o desafio que me submeto, constantemente duelando com eles e, na falta de um arbitro, constantemente me sentindo perdendo pra eles.
“Aí vindes outra vez, inquietas sombras” que venham, venham todas as sombras dos rivais que não conheci, que conheci, que confio. Quando chegar a hora, sobrepujarei a todos. Todos sombras de um Escobar criado por mim, cont