Casal Nardoni: Justiça ou Cliché?
Pois é pessoal, essa semana foi o dia -D da justiça brasileira, todo mundo grudado na tv esperando o veredito final do caso Isabella. Estava vendo no jornal esses dias, todo mundo na expectativa: será que o casal Nardoni vai pra o xilindró, ou vai ser que nem o título da música da banda Legião Urbana, "Mais do mesmo"?
Eu , como curioso (isso eu admito), estava lá como milhões de brasileiros, grudando os olhos na televisão pra saber o que é que ia acontecer, talvez não estivesse olhando como boa parte da massa nacional, interessado em vê-los na prisão, interessado na "justiça". Vi uma parte da notícia, desliguei a televisão e fui pensar um pouco. Em meus momentos olhando pra mim mesmo, comecei a lembrar de algumas cenas que vi na tv como, por exemplo, a difícil entrada do promotor de justiça no tribunal por causa do tumulto gerado pelos "fãs" que estavam na porta simplesmente porque não tiveram a oportunidade de alcançar a justiça num país como o Brasil.
Depois de todo esse pensamento que tive em relação aos Nardoni e toda a galera que tava lá torrando no sol o dia inteiro, comecei a rir. Ri por causa da tolice de uma nação que se levanta para protestar em frente a um fórum pela justiça alheia e não pelos próprios direitos.
Até quando o povo brasileiro vai parar de se preocupar com Isabellas, parar de se levar por sensacionalismos e começar a se antenar com os crimes que estão acontecendo na nossa (que não é mais nossa) Câmara dos Deputados, com os políticos corruptos, com a segurança brasileira?
Enquanto vejo um caso de Isabella sendo solucionado, mais de milhões de casos Isabella são ignorados na nossa cara!!
-Ahhh... é que esse caso é muito novo... ninguém mataria uma filha com 6 anos de idade.- falou um dia uma mulher com quem eu estava conversando.
Não. Esse caso não é novo, esse caso acontece em todos os dias da nossa vida. Muitas pessoas torceram por esse caso, não porque era um caso brasileiro, mas porque era de uma família de classe favorecida. Uma menina de 6 anos que morre em um bairro nobre chama muito mais a atenção da mídia do que uma criança de favela da mesma idade que leva um tiro na cabeça por bala perdida.
Isso a população alienada não percebe. Sinceramente, o povo brasileiro precisa começar a levantar a voz não pelas Isabellas da vida, mas sim por uma justiça igualitária para todos nós.
(Escrito em Abril de 2010)